As negociações dos títulos prefixados e indexados ao IPCA encerraram a sessão desta sexta-feira (7) interrompidas depois da forte disparada hoje. Mais cedo, os negócios também ficaram indisponíveis por causa da volatilidade.
A Secretaria do Tesouro Nacional sempre toma essa decisão quando as taxas oscilam muito (ou seja, disparam ou caem muito além do normal). O mercado de títulos públicos encerrou o dia e a semana incompleto, apenas com o Tesouro Selic disponível.
Pouco antes, os papéis atrelados ao IPCA dispararam. O título com vencimento em 2029 chegou a oferecer retorno real de 6,29%, patamar visto pela última vez em fevereiro do ano passado e o maior deste ano.
Os analistas têm visto com bons olhos o investimento nos papéis atrelados à inflação de curto prazo como forma de proteção da carteira. Além disso, o patamar dos 6% é considerado excelente para quem busca entrar no mercado de títulos públicos agora.
Entre os prefixados, mais altas. O Tesouro Prefixado 2031 oferecia 12,09%, maior patamar da história do título, antes da interrupção. Ontem o papel encerrou a sessão oferecendo 11,87%.
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O que movimentou o mercado hoje foram os dados do "payroll", que mostrou o quão resiliente está o mercado de trabalho dos Estados Unidos. O dado veio bem acima do esperado, o que é boa notícia no contexto social, mas no quesito monetário afasta ainda mais a expectativa de corte dos juros por lá.
Na leitura do mercado, se emprego vai bem mesmo com juro alto, o Fed (banco central americano) não se apressa para reduzir o intervalo da taxa. Ou seja, hoje o mercado amarga mais uma frustração.
E se a maior e mais segura economia do mundo oferece juro alto por mais tempo, por que insistir em investir no Brasil, com tantos "se" no horizonte? Com o fluxo de resgate alto, as taxas sobem para tentar equilibrar a conta (e se manter atrativo).
Para completar, no fim da tarde desta sexta, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se reuniu com participantes do mercado e, na saída, falou sobre a situação fiscal do Brasil. As declarações causaram ruído entre os agentes, o que pode explicar o movimento dos títulos no fim da sessão.
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Vale lembrar que as taxas e preços dos títulos são inversamente proporcionais. O que significa dizer que, tanto nos papéis prefixados quanto naqueles indexados ao IPCA, quanto maior a taxa, menor o preço e vice e versa. Quando as taxas sobem, portanto, apesar de ser uma boa notícia para quem vai investir — já que assegura rentabilidade maior se mantiver a aplicação até o vencimento, o valor de mercado dos papéis diminui, o que implica em perda temporária para quem possui os títulos na carteira.