Os juros dos títulos públicos subiram firme nesta quarta-feira (26), reagindo às falas do presidente Lula sobre inflação, questões fiscais e, mais uma vez, sobre a atuação do Banco Central diante dos juro alto no país.
Lula afirmou que não se pode "gastar mais do que arrecada" e que essa regra vale "para todo mundo". O presidente destacou que a "inflação está controlada no país" e voltou a dizer que o Banco Central não precisa de uma lei para garantir sua autonomia.
Na semana passada, o presidente havia afirmado que não há explicação para os juros seguirem em patamares elevados.
Com as falas do presidente, os juros futuros dispararam. A leitura do mercado é que o governo aumenta incertezas sobre o descontrole das contas públicas, o que resultaria em juros altos por mais tempo do que se espera.
Hoje ainda o investidor do mercado de títulos públicos ficou atento ao IPCA-15, considerado a prévia da inflação, que desacelerou em junho. O indicador subiu 0,39% em junho ante maio, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), abaixo dos 0,44% do mês passado.
O que é uma boa notícia no geral e pode animar o Banco Central a retomar os cortes na taxa básica de juros. Na semana passada, o BC interrompeu a sequência de cortes da Selic que vinha desde agosto do ano passado. A razão para a mudança foi justamente a preocupação com a inflação.
Os papéis subiam firmes. Destaque para o Tesouro IPCA 2029, o mais curto entre os atrelados à inflação, que pagava 6,33% de retorno real. Ontem, o papel encerrou o dia pagando 6,30%.
Os prefixados também operaram em ritmo de alta nesta quarta. O papel com vencimento em 2031 pagava 12,21% ao ano, frente aos 12,16% de ontem.
Vale lembrar que as taxas e preços dos títulos são inversamente proporcionais. O que significa dizer que, tanto nos papéis prefixados quanto naqueles indexados ao IPCA, quanto maior a taxa, menor o preço e vice e versa. Quando as taxas sobem, portanto, apesar de ser uma boa notícia para quem vai investir — já que assegura rentabilidade maior se mantiver a aplicação até o vencimento, o valor de mercado dos papéis diminui, o que implica em perda temporária para quem possui os títulos na carteira.
Desempenho do Tesouro Direto nesta quarta (26)
Título | Rentabilidade anual | Investimento mínimo | Preço Unitário | Vencimento |
TESOURO PREFIXADO 2027 | 11,61% | R$ 30,36 | R$ 759,21 | 01/01/2027 |
TESOURO PREFIXADO 2031 | 12,24% | R$ 33,13 | R$ 473,40 | 01/01/2031 |
TESOURO SELIC 2027 | SELIC + 0,0807% | R$ 149,76 | R$ 14.976,59 | 01/03/2027 |
TESOURO SELIC 2029 | SELIC + 0,1569% | R$ 148,99 | R$ 14.899,81 | 01/03/2029 |
TESOURO IPCA+ 2029 | IPCA + 6,34% | R$ 31,88 | R$ 3.188,62 | 15/05/2029 |
TESOURO IPCA+ 2035 | IPCA + 6,35% | R$ 44,14 | R$ 2.207,14 | 15/05/2035 |
TESOURO IPCA+ 2045 | IPCA + 6,36% | R$ 35,82 | R$ 1.194,24 | 15/05/2045 |
TESOURO IPCA+ com juros semestrais 2035 | IPCA + 6,35% | R$ 42,23 | R$ 4.223,12 | 15/05/2035 |
TESOURO IPCA+ com juros semestrais 2040 | IPCA + 6,28% | R$ 42,83 | R$ 4.283,75 | 15/08/2040 |
TESOURO IPCA+ com juros semestrais 2055 | IPCA + 6,34% | R$ 41,52 | R$ 4.152,38 | 15/05/2055 |