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Por Por Paula Jacob (@pjaycob); Fotos Netflix/Divulgação


Todo mundo conhece a história de Rei Arthur, mas poucos sabem quem foi Nimue, a Dama do Lago, personagem da mesma saga épica que ganhou o mundo através de gerações com os romances de cavalaria. A adaptação do livro Cursed, de Tom Wheeler com ilustrações de Frank Miller, ganhou o top 10 da Netflix em poucas horas após o lançamento, no último dia 17. Não é para menos: uma jornada cheia de obstáculos, desafios, lutas e poderes sobrenaturais protagonizada por ninguém menos que a nossa amada Katherine Langford. "Representatividade é sempre importante, mas não é sobre só se reconhecer na tela, é também sobre se ver em papéis diferentes no cinema e nas séries", contou à Glamour. "As mulheres sempre foram heroínas, só nunca fomos reconhecidas por isso", completou. Depois de já termos apresentado essa protagonista #girlpower, aqui, em entrevista exclusiva realizada por telefone, a jovem atriz fala sobre desafios da produção de Cursed – A Lenda do Lago, diversidade e outras coisinhas. Vem!

As mulheres sempre foram heroínas, só não eram reconhecidas por isso, diz Katherine Langford (Foto: Netflix/Divulgação) — Foto: Glamour
As mulheres sempre foram heroínas, só não eram reconhecidas por isso, diz Katherine Langford (Foto: Netflix/Divulgação) — Foto: Glamour

Além de ser uma série de drama, Cursed – A Lenda do Lago tem muitas cenas de ação. Como você se preparou para fazer a personagem?
Foi uma experiência muito diferente de tudo o que já tinha feito, principalmente em termos físicos. Tive diversos ensaios e treinos, aspectos que estava interessada em aprofundar, considerando que fui atleta antes de ser atriz [Ela foi federada em natação na adolescência]. A sorte foi a equipe que me acompanhou nessas semanas intensas de preparação física, o que me ajudou muito na hora de exercer o papel. Durante as gravações, aos sábados, fazia treinos com o meu personal para manter o ritmo, o fôlego, a resistência, para garantir que não iria me machucar em nenhum sentido. Além disso, tive aulas de coreografia de luta e com dublês. Foi uma experiência que me trouxe bastante conhecimento sobre todas as pessoas que ficam no backstage treinando os atores para conseguir fazer o trabalho.

Para divulgar a série, a Netflix convidou artistas do universo geek para fazer as respectivas releituras de Nimue em Cursed - A Lenda do Lago. Aqui, temos a ilustração de Roberta Gomes (@roogomes): "E se a espada escolher uma Rainha? Ter a chance de ilustrar a Nimue mostrando sua força e controle foi incrível!" (Foto: Netflix/Divulgação) — Foto: Glamour
Para divulgar a série, a Netflix convidou artistas do universo geek para fazer as respectivas releituras de Nimue em Cursed - A Lenda do Lago. Aqui, temos a ilustração de Roberta Gomes (@roogomes): "E se a espada escolher uma Rainha? Ter a chance de ilustrar a Nimue mostrando sua força e controle foi incrível!" (Foto: Netflix/Divulgação) — Foto: Glamour

Como você vê essa história tão lendária voltar agora com uma protagonista mulher?
Eu cresci sendo fã de fantasia, de lendas, assim como, acredito, boa parte das pessoas. Eu cresci com alguma familiaridade nessas histórias, mas, o mais engraçado, foi perceber que as minhas referências eram justamente em relação aos personagens homens, como o próprio Arthur, o mago Merlim e os Cavaleiros da Távola Redonda. Quando o assunto eram as personagens femininas, principalmente com a Dama do Lago, vi o quão pouca informação temos registrado a respeito delas. Então, ter a oportunidade de fazer essa personagem, trazer a figura dela para a série e contar a sua história com profundidade foi uma oportunidade incrível e extremamente gratificante para mim.

Na trama, existe muito esse preconceito com a bruxa, a mulher maga. Mas, como sabemos, é uma visão para tolher a potência da mulher, né? Como foi para você interpretar a personagem dentro desse viés?
Tom Wheeler fez um trabalho excepcional ao contar essa história, não só do universo que criou, mas também da trajetória de Nimue. Essa jornada é muito especial, porque é sobre uma jovem mulher que está atravessando a sua maturidade, passando por coisas que muitas mulheres nem conversam sobre. Tudo isso tendo conhecimento de que é uma jornada para uma heroína mulher, com obstáculos específicos dos nossos corpos. Cursed não deixa nada disso de fora.

A artista Hanna Lucatelli (@hlucatelli) nos inspira com essa releitura. “Honrada em poder transportar para o meu universo uma personagem jovem que encontra sua força no misticismo e em sua conexão simbiótica com a natureza e inicia sua batalha em defesa dos povos originários. Uma metáfora sobre a luta urgente que precisamos travar neste novo mundo.” (Foto: Netflix/Divulgação) — Foto: Glamour
A artista Hanna Lucatelli (@hlucatelli) nos inspira com essa releitura. “Honrada em poder transportar para o meu universo uma personagem jovem que encontra sua força no misticismo e em sua conexão simbiótica com a natureza e inicia sua batalha em defesa dos povos originários. Uma metáfora sobre a luta urgente que precisamos travar neste novo mundo.” (Foto: Netflix/Divulgação) — Foto: Glamour

No começo da série ela é incansável e vista como uma amaldiçoada, mas ela é também muito insegura e envergonhada dessa parte da sua vida. E como muitos personagens não entendem esse poder que ela tem e a sua história, eles a temem, e é esse medo que a deixa assim, com vergonha de si mesma. Independente da idade, origem, trabalho, nós mulheres somos levadas a ter vergonha de partes de nós mesmas que ainda nem entendemos direito. A jornada da série é sobre pegar a palavra "cursed" (amaldiçoada) e transformá-la em algo importante, dominar isso de um jeito bom, abraçar o seu poder interno – tem um tom sutil feminista no roteiro.

Vale reparar nas outras personagens femininas: elas não não desejam ter poder, mas ainda assim, de algum jeito, elas recebem esses poderes e precisam aprender a usá-los. Já os personagens masculinos vão atrás desse poder e usam-o para fazer coisas ruins.

As mulheres sempre foram heroínas, só não eram reconhecidas por isso, diz Katherine Langford (Foto: Netflix/Divulgação) — Foto: Glamour
As mulheres sempre foram heroínas, só não eram reconhecidas por isso, diz Katherine Langford (Foto: Netflix/Divulgação) — Foto: Glamour

O que você espera que a série inspire nas jovens meninas?
Representatividade é sempre importante, mas não é sobre só se reconhecer na tela, é também sobre se ver em papéis diferentes no cinema e nas séries – e isso vale para mulheres, negros, LGBTQIA+, e todas as intersecções. E sendo protagonista de algo como Cursed, entendi a importância de jovens meninas se verem outras funções. As mulheres sempre foram heroínas, só nunca fomos reconhecidas por isso.

Aqui, a ilustração criada por Nathalya dos Santos (@lyanzr). “Eu queria que minha ilustração trouxesse a ideia de incorporar o poder interior, assim como Nimue incorporou o poder da espada”, define. (Foto: Netflix/Divulgação) — Foto: Glamour
Aqui, a ilustração criada por Nathalya dos Santos (@lyanzr). “Eu queria que minha ilustração trouxesse a ideia de incorporar o poder interior, assim como Nimue incorporou o poder da espada”, define. (Foto: Netflix/Divulgação) — Foto: Glamour

Qual foi a parte mais desafiadora para você de fazer a série?
Quando você atua em uma produção de cinema, é tudo sempre muito desafiador. Mas em Cursed, especificamente, o desafio estava relacionado com a magnitude da série, as cenas de luta e o esforço físico. Teve uma cena em particular que foi bastante desgastante para todos na equipe, na frente e atrás das câmeras. Em uma das batalhas épicas, o dia de gravação contava com 44 graus de temperatura, no meio do verão inglês, umidade latente, um calor – foi o dia mais quente daquele ano no Reino Unido. Eram muitas pessoas, muitos movimentos, camadas e camadas de roupas, armadura, lama no rosto de rolar no chão, objetos para segurar. Quando acabava uma cena, estávamos todos suados, cobertos de sujeira, prontos para gravar mais coisas. Foi engraçado, mas preciso lembrar aos espectadores que sempre tem alguém (ou várias pessoas) trabalhando para que tudo saia perfeito. Eu tinha uma pessoa que, a cada take, era responsável por limpar o meu figurino.

Amanda Miranda decidiu ressignificar a cena icônica da história de Cursed. “Escolhi retratar a Nimue em uma pose épica, de luta, demonstrando tanto seus poderes sobrenaturais quanto seu uso e proteção da espada Excalibur. Assistir ao processo de amadurecimento, emancipação e reivindicação de poder da personagem foi o que mais me cativou”, conta. (Foto: Netflix/Divulgação) — Foto: Glamour
Amanda Miranda decidiu ressignificar a cena icônica da história de Cursed. “Escolhi retratar a Nimue em uma pose épica, de luta, demonstrando tanto seus poderes sobrenaturais quanto seu uso e proteção da espada Excalibur. Assistir ao processo de amadurecimento, emancipação e reivindicação de poder da personagem foi o que mais me cativou”, conta. (Foto: Netflix/Divulgação) — Foto: Glamour

Você já fez 13 Reasons Why, Love, Simon, Entre Facas e Segredos e, agora, Cursed. O que você, como uma jovem atriz mulher, espera que a indústria do cinema aprenda em termos de igualdade e representatividade?
Tenho muita sorte de ter feito parte de todos os projetos que trabalhei até agora, ainda mais ser uma jovem atriz nesse momento do cinema. Eu fui sortuda também de estar no Globo de Ouro de 2017 e fazer parte do movimento Time's Up. Senti um senso de união entre as atrizes, tive conversas inspiradoras com outras artistas. A indústria estava falhando em termos de representatividade – e ainda está. Existem lacunas muito grandes a serem preenchidas, principalmente quando se fala de raça, orientação sexual e origem. As discussões estão acontecendo e elas devem continuar existindo. Precisamos criar histórias que ressoem nas pessoas, todas elas.

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