Consumo global de bebidas açucaradas aumentou 16% desde 1990

Média de consumo semanal na América Latina e no Caribe foi de 7,8 porções por pessoa até 2018; tendência pode estar relacionada a marketing e acesso facilitado a bebidas, diz estudo

Por Redação Galileu


Consumo de bebidas como o refrigerante aumentou 16% em todo o mundo de 1990 a 2018 Pixabay

Muito associada a doenças cardiometabólicas, a ingestão de bebidas açucaradas tem crescido no mundo. Com base em uma análise do Global Dietary Database, um estudo publicado no último dia 3 de outubro na revista Nature Communications aponta que, em 2018, a média de consumo por pessoa foi de 2,7 porções de bebida açucarada por semana – variando de 0,7 no sul da Ásia a 7,8 na América Latina e no Caribe.

"A ingestão de bebidas adoçadas com açúcar aumentou nas últimas décadas, apesar dos esforços para diminuir seu apelo", aponta em comunicado Dariush Mozaffarian, cardiologista e professor de nutrição. "Algumas populações são especialmente vulneráveis, e nossas descobertas fornecem evidências para informar a necessidade e a criação de políticas nacionais mais direcionadas para reduzir sua ingestão em todo o mundo.”

A pesquisa, da Escola Friedman de Ciência e Política da Nutrição da Universidade Tufts, nos Estados Unidos, avaliou o consumo entre adultos em 185 países. Foram consideradas bebidas açucaradas refrigerantes, energéticos, sucos de frutas, ponche, limonada e águas saborizadas que contêm mais de 50 calorias por porção. A recomendação de muitas diretrizes nacionais é que as pessoas limitem o consumo de açúcares adicionados a no máximo 10% das calorias diárias.

Consumo mundial

No período de 28 anos analisado – de 1990 a 2018 –, o consumo das bebidas açucaradas aumentou quase 16% em todo o mundo. Apesar disso, a ingestão regional variou muito. Os países com maior ingestão de porções por semana são México (8,9), Etiópia (7,1), Estados Unidos (4,9) e Nigéria (4,9), ao passo que Índia, China e Bangladesh apresentam uma taxa de consumo de 0,2 porção por pessoa, semanalmente.

O status socioeconômico também foi levado em conta na pesquisa. Entre 1990 e 2018, o maior aumento de consumo foi observado na África Subsaariana. Em países de alta renda, a ingestão aumentou e depois diminuiu, e na América Latina e no Caribe ocorreu o movimento contrário – ambos retornando a níveis próximos de 1990 em 2018.

Com relação a gênero e idade, o consumo foi maior entre homens e pessoas mais velhas. Já em termos de escolaridade, alguns dos maiores consumos estavam entre adultos urbanos com alto grau de instrução na África Subsaariana (12,4 porções) e na América Latina e Caribe (8,5 porções por semana).

Na África Subsaariana, no Sul da Ásia e na América Latina e no Caribe, o consumo foi mais provável entre pessoas com maior grau de escolaridade, enquanto o oposto foi observado no Oriente Médio e Norte da África.

O consumo das bebidas por crianças e adolescentes não foi avaliado pelos pesquisadores, que também acreditam ser importante medir o impacto dos impostos sobre esses produtos e entender as diferenças entre as populações de cada país.

Apesar de não terem identificado o motivo das tendências, os pesquisadores acreditam que as mudanças podem ter relação com táticas de marketing, por exemplo. "Os refrigerantes podem chegar aos lugares mais distantes e, em países onde a água potável é menos acessível, essas bebidas podem ser a única coisa disponível para beber às vezes", acrescenta a autora Laura Lara-Castor no comunicado.

Os resultados da pesquisa ainda sugerem a necessidade de intervenções como regulamentação do marketing e rotulagem de alimentos para que haja uma redução do consumo em benefício da saúde.

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