Ciência

Por Redação Galileu

Ao examinar cérebros humanos junto dos de camundongos, pesquisadores da Dinamarca descobriram uma possível causa do Parkinson, condição crônica que afeta o sistema nervoso central, causando dificuldade para caminhar, tremores, déficit cognitivo, entre outras consequências.

Conforme os cientistas registraram nesta segunda-feira (2) na revista Molecular Psychiatry, a doença pode ter relação com danos nas "fábricas de energia" das células, as mitocôndrias. "Pela primeira vez, podemos mostrar que as mitocôndrias, os produtores vitais de energia dentro das células cerebrais, especialmente dos neurônios, sofrem danos, levando a interrupções no DNA mitocondrial", diz em comunicado Shohreh Issazadeh-Navikas, primeira autora do estudo, da Universidade de Copenhaguen, na Dinamarca.

O resultado, segundo a pesquisadora, é "como um incêndio florestal pelo cérebro". Ela e seus colegas observaram que a disseminação do material genético danificado, o DNA mitocondrial, causa os sintomas de Parkinson e sua progressão para demência.

Isso foi visto durante uma análise de amostras cerebrais de sete pessoas saudáveis (três mulheres e quatro homens) e sete indivíduos com Parkinson (também três mulheres e quatro homens). As coletas foram obtidas no Harvard Brain Tissue Resource Center, nos EUA; no Bispebjerg Hospital Brain Bank, na Dinamarca; e no Netherlands Brain Bank, na Holanda, com as devidas aprovações éticas.

Ao examinar os cérebros humanos junto dos de camundongos, os pesquisadores descobriram que os danos às mitocôndrias nas células cerebrais se espalham quando essas células têm defeitos nos genes de resposta antiviral.

Segundo Issazadeh-Navikas, pequenos fragmentos de DNA das mitocôndrias são liberados dentro da célula, onde se tornam tóxicos, levando as células nervosas a expelir esse material genético mitocondrial. "Esses fragmentos tóxicos de DNA se espalham para células vizinhas e distantes, semelhante a um incêndio florestal descontrolado iniciado por uma fogueira casual", ela compara.

Conforme a pesquisadora, é possível ainda que o dano ao DNA mitocondrial nas células cerebrais vaze do cérebro para o sangue. Isso significa que uma pequena amostra sanguínea de pacientes poderá ser usada para diagnóstico ou para testar tratamentos futuros.

Além disso, Issazadeh-Navikas espera que a detecção do DNA mitocondrial danificado possa servir como um biomarcador precoce para o desenvolvimento do Parkinson. O próximo passo dos cientistas será investigar como o dano a esse material genético pode marcar diferentes estágios e progressão da doença, que afeta mais de 10 milhões de pessoas no mundo.

"Estamos dedicados a explorar estratégias terapêuticas potenciais com o objetivo de restaurar a função mitocondrial normal para corrigir as disfunções mitocondriais implicadas na doença", diz a cientista.

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