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lixo eletrônico (Foto: Divulgação / UNU)

Lixo eletrônico Foto: Divulgação / UNU

Se por um lado a compra e venda desenfreadas de produtos eletrônicos fazem parte da lógica do mercado de consumo, por outro, são extremamente prejudiciais ao meio ambiente.

Esses equipamentos não são muito bem degradados pela natureza, pois são compostos por metais pesados e de terra-rara e por outros materiais perigosos para a vida. Além de tudo, são difíceis de serem descartados, já que não podem ir para aterros e lixões.Enviá-los para depósitos específicos para eletrônicos custa caro.

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Diante esse panorama, a Europa e os Estados Unidos encontraram uma solução nem um pouco ética: enviam seu lixo eletrônico ilegalmente para a Nigéria.

Ainda que a União Europeia possua diversas leis proibindo a exportação de e-lixo, a prática ainda continua – e o principal destino é a Nigéria, na África. É isso que indica recente estudo realizado pela Universidade das Nações Unidas (UNU), com coautoria do Centro de Coordenação da Convenção da Basiléia (BCCC).

De acordo com o estudo, cerca de 18 mil toneladas de lixo eletrônico chegam ao país a cada ano – sendo que 20% desse montante vêm de portos da Alemanha, 19,5% do Reino Unido. Além de países europeus, 7,3% chegam dos Estados Unidos e mais 7% da China.

Para driblar a lei que proíbe a prática de transportes de eletrônicos obsoletos e quebrados da Europa para a Nigéria, os países estão exportando seu lixo dentro de carros usados em contêineres, que atravessam o mar. O envio também está sendo feito por veículos motorizados em solo firme.

Na realidade, nem todos os eletrônicos antigos são ruins para a Nigéria, desde que eles ainda sejam reutilizáveis. Nesse caso em especial, a exportação é autorizada, até porque o mercado de produtos de segunda mão ainda acontece no país.

Porém, grande parte dos celulares, computadores e outros equipamentos que chegam no continente africano já não têm mais serventia e estão quebrados, de forma que são configurados como lixo eletrônico.

Uma vez na Nigéria, os eletrônicos que não podem ser reaproveitados vão parar em aterros ou são queimados. Nenhuma das duas soluções é uma alternativa viável para o meio ambiente, considerando que esses equipamentos possuem chumbo, mercúrio, cádmio, entre outros elementos químicos prejudiciais para a vida.

lixo eletrônico (Foto: Divulgação / UNU)

Grande parte dos celulares, computadores e outros equipamentos que chegam no continente africano já não têm mais serventia e funcionalidade e estão quebrados (Foto: Divulgação / UNU)

Também é válido mencionar a definição de funcionalidade. Ainda que muitos dos equipamentos exportados sejam tecnicamente reutilizáveis, muitos são ultrapassados e sem funcionalidade.

Para a pesquisa, os especialistas da UNU inspecionaram cerca de 200 contêineres e tentaram utilizar os utensílios eletrônicos que foram enviados. Segundo os porta-vozes, 20% dos equipamentos não funcionavam. Os autores acreditam que a porcentagem real é ainda maior, já que não foi possível analisar com precisão e por muito tempo cada um dos eletrônicos.

Esse é um problema que as autoridades da Nigéria enfrentam quando os contêineres chegam: não é fácil analisar montantes de eletrônicos e avaliar o que pode ser reaproveitado pelo comércio local.

Quem não respeita as leis de importação e exportação está sujeito a multas – tanto para os importadores do material, na Nigéria, quanto para os exportadores na Europa e Estados Unidos.

Além de uma maior fiscalização e leis mais rígidas, outra forma de combater o problema seria criar celulares, computadores, TVs e outros equipamentos digitais com o propósito de durarem mais tempo e que, posteriormente, pudessem ser reaproveitados e reciclados.

Com informações de VICE.

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