Ciência

Por Redação Galileu

Um estudo liderado pela Universidade da Califórnia em Davis, nos Estados Unidos, encontrou diferenças no desenvolvimento cerebral entre meninos e meninas de 2 a 13 anos com TEA (Transtorno do Espectro Autista). Os resultados foram registrados em 16 de maio na revista Molecular Psychiatry.

A pesquisa destaca a importância de estudos longitudinais que incluam ambos os sexos para entender melhor o autismo, uma vez que pessoas do sexo feminino com TEA são menos avaliadas e compreendidas.

"É claro que esse viés de gênero se deve, em parte, ao sub diagnóstico de autismo em meninas", disse Christine Wu Nordahl, professora da Universidade da Califórnia em Davis e autora sênior do artigo, em comunicado. "Mas este estudo sugere que as diferenças no diagnóstico não contam toda a história - diferenças biológicas também existem”.

Em busca de uma visão biológica, os pesquisadores analisaram ressonâncias magnéticas de 290 crianças com TEA (202 meninos e 88 meninas) e 139 crianças não autistas (79 meninos e 60 meninas), categorizadas pelo sexo atribuído ao nascimento. Os exames foram feitos quando os participantes tinham entre 2 e 13 anos.

Todas as crianças faziam parte do Autism Phenome Project (APP) do Instituto MIND da Universidade da Califórnia em Davis. O projeto inclui o estudo Girls with Autism Imaging of Neurodevelopment (GAIN, "Imagens do Neurodesenvolvimento de Garotas com Autismo"), lançado para aumentar a representação feminina na pesquisa.

Os cientistas notaram que, aos 3 anos de idade, as meninas autistas apresentavam córtex mais espesso do que os de garotas neurotípicas (a espessura maior atingia 9% da região cortical). Por outro lado, essa diferença não foi observada entre meninos autistas e neurotípicos da mesma idade.

As regiões cerebrais associadas ao autismo mostraram diferentes taxas de afinamento cortical em homens e mulheres, semelhantes às regiões que mostram diferenças sexuais no afinamento cortical no desenvolvimento típico. — Foto: UC Davis
As regiões cerebrais associadas ao autismo mostraram diferentes taxas de afinamento cortical em homens e mulheres, semelhantes às regiões que mostram diferenças sexuais no afinamento cortical no desenvolvimento típico. — Foto: UC Davis

O córtex é composto por milhões de neurônios que disparam em sincronia, permitindo várias funções cognitivas. Até por volta dos 2 anos de idade, a região engrossa rapidamente e depois fica mais fina. Estudos anteriores mostraram que esse processo é diferente em crianças com autismo comparadas às não autistas, mas as diferenças entre os sexos de crianças com TEA ainda não haviam sido examinadas.

"É importante aprender mais sobre como as diferenças de gênero no desenvolvimento cerebral podem interagir com o desenvolvimento autista e levar a resultados de desenvolvimento diferentes em meninos e meninas", explica Derek Andrews, autor principal do estudo e pesquisador do Instituto MIND.

Até a meia-infância, as meninas autistas da pesquisa apresentaram taxas mais rápidas de afinamento do córtex, em comparação aos meninos neurotípicos. "Encontramos diferenças no cérebro associadas ao autismo em quase todas as redes cerebrais", conta Andrews.

Segundo o pesquisador, quanto mais jovens são as crianças, maiores são as diferenças cerebrais. "Normalmente pensamos que as diferenças de gênero são maiores após a puberdade. No entanto, o desenvolvimento cerebral em torno das idades de 2 a 4 anos é altamente dinâmico, então pequenas mudanças no timing do desenvolvimento entre os sexos podem resultar em grandes diferenças que convergem mais tarde", ele explica.

Andrews espera que outros pesquisadores sigam o exemplo de incluir mais garotas com TEA na pesquisa. "As meninas com autismo representam cerca de 20% da população com o diagnóstico. Para entender o tema de forma eficaz é essencial incluí-las", salienta.

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