Espaço

Por Redação Galileu

A busca pelo Planeta 9 – um suposto planeta "extra", localizado nas camadas mais distantes do Sistema Solar, perto de Netuno – ganhou novos desdobramentos graças a um artigo lançado em pré-impressão no site arxiv no último dia 17 de abril.

O estudo revela que objetos transnetunianos (TNOs) gelados apresentam movimentações peculiares e podem servir de prova para a existência desse nono planeta. Os TNOs são quaisquer objetos cósmicos que orbitam o Sistema Solar, porém situados além da distância média de Netuno – o planeta mais longínquo do Sol.

Os pesquisadores observaram que existe um suprimento dos TNOs na órbita de Netuno, o que estabelece um movimento repetitivo em seu entorno, em órbitas alongadas e circulares, passando também ao redor do Sol.

Diagrama que mostra a órbita dos TNOs, feito a partir do WorldWide Telescope — Foto: Caltech/R. Hurt (IPAC)
Diagrama que mostra a órbita dos TNOs, feito a partir do WorldWide Telescope — Foto: Caltech/R. Hurt (IPAC)

Durante milhões de anos, os TNOs se aproximam de Netuno, que inevitavelmente os empurra para longe por conta de sua gravidade, dispersando-os pelo espaço. Esse fluxo só poderia ser explicado a partir de um fornecedor desse suprimento de objetos cósmicos.

Em uma tentativa de explicar o fenômeno, os pesquisadores traçaram dois possíveis cenários: o primeiro seria a atuação da força gravitacional da maré galáctica da Via Láctea sob uma nuvem de cometas chamada de Nuvem de Oort, localizada para além de Netuno. O segundo seria a ação da gravidade de algum planeta também perturbando os objetos da Nuvem de Oort – o que sustentaria a teoria de existência do Planeta 9.

A fim de comprovar uma das explicações, foram realizados dois conjuntos de simulações usando dados observacionais reais de TNOs que cruzam a órbita de Netuno. Em uma delas, os cientistas reproduziram um planeta de massa 5 vezes maior que a da Terra – que bate com as características do suposto planeta "extra". Em outra simulação, foi reproduzida apenas a maré galáctica.

Nas simulações das marés galácticas, os TNOs atingem uma certa distância do Sol e não se aproximam mais. Contudo, no cenário com o Planeta 9, os TNOs são distribuídos em uma variedade de órbitas que cruzam Netuno, o que corresponde ao fenômeno observado.

Dessa forma, as análises revelaram que os TNOs só conseguiriam realizar esses movimentos se o Planeta 9 estiver realmente presente para perturbá-los. Por si só, os efeitos das marés galácticas são insuficientes para desviar os objetos transnetunianos em direção a Netuno.

“Mostramos que é possível rejeitar o cenário em que tudo isto acontece por causa das marés galácticas com um grau surpreendente de significância estatística”, disse Konstantin Batygin, do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), ao site Space.com. “Por outro lado, o cenário do Planeta Nove é perfeitamente compatível com os dados.”

O pesquisador foi o primeiro, ao lado de seu colega Michael Brown, também do Caltech, a sinalizar a possível existência do Planeta 9, em 2016. Observações preliminares da dupla notaram agrupamentos de TNOs que orbitam o Sol em ângulos acentuados e fora do padrão costumeiramente visto.

Certos astrônomos adotaram uma postura cética, argumentando que as interpretações de Batygin e Brown seriam meras ilusões induzidas por viés observacional, ou seja, uma determinação incorreta. A motivação para o novo estudo veio justamente desses apontamentos, a fim de avaliar as primeiras observações feitas pela equipe da Caltech.

Contudo, ainda não se pode afirmar com certeza a existência do Planeta 9. Pesquisas adicionais e testagem de hipóteses ainda são necessárias para encontrar a localização do novo astro. Para isso, o Observatório Vera C. Rubin, considerado a maior câmera digital para a astronomia, será decisivo para observar e comprovar as evidências atuais.

Com a previsão de abertura em 2025, o observatório poderá fortalecer evidências e identificar muitos mais TNOs que demonstram as mesmas influências potenciais do Planeta 9. “Irá testar todas estas linhas gravitacionais de evidência com uma nova pesquisa independente que não está sujeita aos mesmos preconceitos que as anteriores”, afirma Batygin.

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