Espaço

Por Redação Galileu

Em setembro de 2022, a Nasa atingiu o asteroide Dimorphos – esse era o objetivo da missão Dart, sigla em inglês para “Teste de Redirecionamento de Asteroides Duplos”. Agora, descobriu-se que tal impacto mudou a forma e a órbita do corpo celeste, conforme descreve um artigo publicado nesta terça-feira (19) na revista Planetary Science Journal.

Antes da colisão com a espaçonave Dart, Dimorphos apresentava um formato quase simétrico denominado “esferoide achatado”, como se fosse uma bola esmagada mais larga do que alta. Já sua órbita, que se dá em torno do asteroide Didymos, era bem definida e circular. Dimorphos orbitava Didymos a uma distância de 1.189 metros, levando 11 horas e 55 minutos para completar uma volta.

Após a missão Dart, essa distância diminuiu para 1.152 metros e o tempo necessário para concluir uma volta foi reduzido para 11 horas, 22 minutos e 3 segundos. “A órbita de Dimorphos não é mais circular. Agora, seu período orbital é 33 minutos e 15 segundos mais curto”, declara Shantanu Naidu, engenheiro de navegação da Nasa. “E toda a forma do asteroide mudou, de um objeto relativamente simétrico para um elipsoide triaxial – algo mais como uma melancia alongada”, explica, em nota.

Forma do Dimorphos antes (à esquerda) e depois (à direita) da colisão com a espaçonave Dart — Foto: NASA/JPL-Caltech
Forma do Dimorphos antes (à esquerda) e depois (à direita) da colisão com a espaçonave Dart — Foto: NASA/JPL-Caltech

Além disso, o estudo sugere que o Dimorphos consiste em uma “pilha de destroços” não tão compactados, sendo similar ao asteroide Bennu. “Dart não está apenas nos mostrando o caminho para uma tecnologia de desvio de asteroides, mas está revelando uma nova compreensão fundamental sobre o que são asteroides e como eles se comportam”, comenta Tom Statler, cientista da Nasa.

Como foram descobertas as alterações em Dimorphos?

Para chegar a tais conclusões, a equipe se apoiou em três fontes de dados, que foram aplicados a modelos computacionais. A própria espaçonave Dart foi uma delas, fornecendo imagens de Dimorphos antes do impacto.

Uma segunda fonte de dados foi o Radar Sistema Solar Goldstone. Por meio desse instrumento, os pesquisadores usaram ondas de rádio para medir a velocidade e a posição do Dimorphos – relativas ao Didymos – depois da colisão.

Por fim, telescópios baseados na Terra contribuíram captando a luz solar refletida na superfície dos asteroides. A variação desse reflexo antes e depois da missão Dart permitiu que os cientistas deduzissem características da órbita e do formato de Dimorphos.

“Os resultados desse estudo concordam com outros que estão sendo publicados”, afirma Statler. “Ver grupos separados analisarem os dados e chegarem, de forma independente, às mesmas conclusões é uma indicação de um resultado científico sólido”, diz.

Os impactos da missão Dart sobre o asteroide Dimorphos também serão analisados mais de perto pela missão Hera, da Agência Espacial Europeia (ESA), que deve ser lançada em outubro de 2024.

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