Planejando a gravidez
 

Por Bruna Menegueço


Quando o casal decide ter um filho, a expectativa por aquele resultado de gravidez positivo é alta. Algumas vezes, no entanto, os meses vão passando e ele não chega. Logo bate aquela angústia. Será que eu sou infértil? Essa é a realidade de muitos casais. No Brasil, segundo dados da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), cerca de 8 milhões de indivíduos podem ser inférteis.

Para que a gravidez aconteça, muitos mecanismos precisam funcionar perfeitamente como uma orquestra. Desde a liberação do óvulo pelos ovários, a fecundação e a implantação do embrião formado no endométrio, além da qualidade e quantidade de espermatozoides. Basta um descompasso para que a fecundação não ocorra. Se você faz parte do grupo de tentantes e tem dúvida sobre a fertilidade do casal, chegou ao lugar certo. O ginecologista e obstetra Leonardo Valladão, da clínica Parto com Amor (SP), e especialista em medicina fetal pela Febrasgo, tira todas as dúvidas sobre infertilidade feminina e masculina.

Pesquisa revela impacto da infertilidade na saúde mental da mulheres — Foto: Pexels
Pesquisa revela impacto da infertilidade na saúde mental da mulheres — Foto: Pexels

Como saber se sou infértil?

Infelizmente, não existe uma resposta simples para essa pergunta tão complexa. O diagnóstico definitivo de infertilidade conjugal necessita de investigação complexa, conduzida por um ginecologista e por um urologista. A suspeita deve ser considerada quando casais com atividade sexual regular, que não utilizam métodos contraceptivos, não conseguem engravidar dentro de 12 meses. Mulheres acima de 35 anos podem levantar a suspeita após 6 meses de tentativas.

Quais são as principais causas da infertilidade feminina?

As mais comuns são as causas relacionadas à ovulação. Acontece quando a mulher tem os ciclos menstruais, geralmente irregulares, porém não ovula. Exemplo disso são aquelas que sofrem com síndrome dos ovários policísticos.

Outra possibilidade de infertilidade é a obstrução do trajeto do espermatozoide ao óvulo, passando pelo colo e cavidade uterina, trompas e cavidade pélvica/abdominal, onde ficam os ovários. É a chamada infertilidade canalicular e é causada principalmente por infecções genitais, mas também por malformações dos órgãos genitais femininos.

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Outro motivo é a endometriose, que leva à distorção da anatomia do abdome e pelve, alterações das trompas e intenso processo inflamatório pélvico. Ainda há mulheres que, mesmo após toda a investigação, não descobrem o motivo. Neste caso, os especialistas denominam como "infertilidade sem causa aparente", cuja sigla é ISCA.

Quais são as principais causas da infertilidade masculina?

Infertilidade masculina — Foto: Freepik
Infertilidade masculina — Foto: Freepik

Os distúrbios na produção de espermatozoide pelos testículos são as causas mais frequentes de infertilidade masculina. Essas disfunções acontecem devido a problemas genéticos e cromossômicos, congênitos ou adquiridos ao longo da vida. Entre eles a criptorquidia, que acontece pela ausência de um ou dois testículos na bolsa testicular, é um dos mais comuns. Outra possibilidade é a varicocele, que é a dilatação anormal das veias testiculares. Há ainda infecções, uso de drogas ilícitas, como a maconha, exposição à radiação e tumores testiculares.

Essas alterações podem provocar a redução na contagem de espermatozoides, levar à produção de espermatozoides imóveis ou com mobilidade reduzida, morfologicamente alterados e à redução na produção de líquido espermático.

Problemas de ordem sexual, como disfunção erétil, ejaculação precoce ou retrógrada e, mais raro, malformações penianas são causas menos comuns de infertilidade masculina.

Existem fatores de risco tanto para o homem como para a mulher que podem contribuir para a infertilidade?

Obesidade, uso de drogas ilícitas, exposição a infecções sexualmente transmissíveis, exposição à radiação, tabagismo e uso de álcool são fatores que podem contribuir para infertilidade tanto do homem quanto da mulher.

A infertilidade apresenta sintomas?

Infelizmente, é raro a infertilidade apresentar sinais antes do momento em que o casal passa ter dificuldades para a engravidar. Ou, muitas vezes, os sintomas existem, mas não são levados em consideração. A irregularidade menstrual, por exemplo, pode ser indicativo de ciclos sem ovulação, que é causa de infertilidade. Dor pélvica crônica é associada à endometriose e a processos infecciosos que levam à infertilidade. Alterações do muco cervical são mais difíceis de serem notadas, exceto quando o conteúdo vaginal passa a um aspecto purulento e com mau cheiro. Nesse caso, indicam infecções que podem acarretar infertilidade. Nos homens, disfunção erétil e ejaculação precoce são causas de infertilidade masculina e devem ser acompanhadas e tratadas.

Como é feito o diagnóstico de infertilidade?

O primeiro passo é avaliar a história clínica do casal coletando dados sobre doenças crônicas, hábitos, histórico menstrual, tempo de tentativa de gestação, presença de disfunções sexuais e frequência da atividade sexual. O exame físico pode evidenciar malformações no trato genital feminino. É necessário também investigar se os ciclos menstruais são ovulatórios. Isso é feito por meio de perguntas à paciente, exame clínico e dosagens hormonais, a fim de determinar se há alterações endocrinológicas que interferem na ovulação. Imprescindível avaliar se o trajeto do espermatozoide ao óvulo está livre. Isso é feito por meio de um exame chamado histerossalpingografia. Se houver suspeita de endometriose, os exames específicos para diagnóstico da doença devem ser realizados e, claro, o parceiro deve realizar o espermograma.

Quais são os principais exames?

Para a mulher, exames de sangue com dosagem de FSH, LH, estradiol, prolactina, TSH, T4 livre e dosagem de hormônio anti-mulleriano. A histerossalpingografia, como falamos acima, é o primeiro exame de imagem a ser realizado. Eventualmente, o profissional também pode pedir outros exames, como ressonância magnética e videolaparoscopia.

Para o homem, o espermograma é o principal exame. Em caso de alterações, ele deve ser encaminhado ao urologista, de preferência especializado em infertilidade masculina.  

A infertilidade tem cura?

A cura da infertilidade é possível, mas depende da causa. Ciclos menstruais anovulatórios, como os causados pela síndrome dos ovários policísticos, deixam de ser causa de infertilidade quando tratados. O controle de distúrbios endocrinológicos, como o hipotireoidismo, por exemplo, e de doenças crônicas também pode reverter a infertilidade, assim como o tratamento cirúrgico da endometriose, retirada cirúrgica de pólipos ou miomas intrauterinos.

Para o homem, tratamento de infecções genitais e sexualmente transmissíveis, tratamento da disfunção erétil e de outras desordens sexuais, correção cirúrgica da varicocele podem ser eficazes na infertilidade masculina. Quando não for possível "curar" a infertilidade, os tratamentos de reprodução assistida, sejam de baixa complexidade, como o coito programado e a inseminação intrauterina, sejam de alta complexidade como a fertilização in vitro (FIV) ,são métodos que não curam, mas aumentam a chance de sucesso de engravidar do casal.

A alimentação pode prejudicar a fertilidade?

Alimentação desregrada leva ao sobrepeso e obesidade, fatores que têm, sim, impacto na fertilidade conjugal.

Quando procurar um médico especialista em infertildiade? — Foto: Crescer
Quando procurar um médico especialista em infertildiade? — Foto: Crescer

Quando procurar um médico especialista em infertilidade?

A investigação inicial de infertilidade deve ser realizada pelo ginecologista durante todas as consultas. O especialista deve, além de avaliar a mulher que deseja engravidar, orientar aquela que pretende postergar a gestação, oferecendo a possibilidade do congelamento de óvulos. Além da investigação e do planejamento, o ginecologista geral é capaz de oferecer métodos de terapia de reprodução assistida de baixa complexidade no consultório. No caso de falha dos métodos de baixa complexidade, ou de infertilidade conjugal cuja causa seja de difícil diagnóstico, o casal deve buscar o especialista em infertilidade conjugal.

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