A vida do advogado Daniel Costa, de 33 anos, e do autônomo Vinícius Alves, de 34 anos, mudou completamente desde que souberam que três irmãos do Rio de Janeiro estavam em busca de um lar. O casal mora em Uberlândia, em Minas Gerais, mas a distância não foi um empecilho para que o sonho da paternidade se concretizasse. “Participávamos de um grupo de busca ativa, e postaram somente que havia três irmãos no Rio, só tinha a idade, e mais nada. Mas, naquele momento, sentimos que eram nossos filhos”, conta Daniel em entrevista exclusiva à CRESCER.
Desde o início do relacionamento, o casal tinha vontade de aumentar a família e, com o tempo, esse desejo foi se tornando cada vez mais forte. “Nós cuidávamos dos filhos dos nossos amigos e, ao mesmo tempo, fomos nos preparando financeiramente e fisicamente para o início do processo”, disse o advogado. O primeiro passo da dupla foi fazer o pré-cadastro no Sistema Nacional de Adoção (SNA) — que abrange milhares de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade. Em seguida, Daniel e Vinícius organizaram a documentação e começaram a acompanhar as páginas de adoção no Brasil.
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Por meio do grupo Cegonhas, o casal conheceu a história de Raphael, 12 anos, Isaque, 11 anos, e Vicente, de 7 anos. Em 2021, a família se aproximou mais das crianças, recebendo fotos dos pequenos e também marcando conversas por chamada de vídeo. Desde início, o intuito era manter os irmãos unidos. “Não tinha a opção de separá-los, nunca cogitamos isso, sabíamos que a nossa família seria todos juntos”, destacou Daniel. No entanto, o processo não foi fácil. “A distância foi um dos desafios, era caro e cansativo ter que ir até o RJ para a aproximação, além disso, a ansiedade também era constante”, revela o advogado.
Em dezembro de 2021, as crianças foram passar férias na casa de Daniel e Vinícius e, em fevereiro de 2022, foram morar definitivamente com os pais. No início, o advogado relata que a paternidade foi bem desafiadora. “São três crianças com personalidades distintas. Ter que lidar com as dores que eles chegam também é bem complicado. Entender que eles têm sua origem e história e que precisamos estar atentos a todos os sinais, interpretar as suas reações, ver como lidam com gatilhos, mas com amor e paciência, conseguimos superar. Nós sempre deixamos claro que nossa família é escolha e amor, nós decidimos e fomos atrás deles para que nossa família ficasse completa. Não foi por acaso, foi por escolha consciente”, aponta Daniel.
O advogado ainda revela que os filhos são bem unidos, sempre brincando entre eles. “Acho que o fato de terem sido abrigados juntos criou um laço ainda maior neles de proteção mútua. Claro, como todos os irmãos, têm algumas briguinhas bobas e discussões, mas nunca se agrediram e sempre demonstram um companheirismo lindo”, afirmou o mineiro.
No dia a dia, os pais buscam manter uma rotina bem definida com horários pré-estabelecidos para as refeições, tarefas de casa, tempo de lazer e hora de dormir. “Fazemos de tudo para não sair da rotina para que os meninos tenham segurança na previsibilidade da rotina deles”, ressaltou.
Atualmente, com sua família completa, Daniel destaca que é muito grato por vivenciar cada momento diário com seus filhos. “Os beijos de bom dia e boa noite enchem nosso peito de gratidão. Ver que eles se sentem seguros, amados, confiantes também é algo muito valioso. Cada vitória deles na escola, em casa, no dia a dia, nos dão a certeza de que fizemos o nosso melhor, e que faríamos tudo de novo quantas vezes fossem necessárias”, finaliza o pai.