"Não tenho medo de cair, mas no começo eu tive. Quando vejo que vou cair no chão tento me enrolar tipo uma bola e penso que não vai acontecer nada." Quando foi dita há dois meses, em uma entrevista ao jornal La Capital, a frase do jovem atleta Lorenzo Somaschini não chamava a atenção. Agora, ganha um outro significado. Nesta segunda (17), o piloto argentino morreu aos 9 anos idade justamente depois de sofrer uma queda de moto no Autódromo de Interlagos, em São Paulo (SP).
Natural de Rosário (Argentina), Lorenzo vinha chamando a atenção entre os fãs de motociclismo. Com apenas 9 anos, ele já era visto como um "jovem talento" e sonhava em chegar ao MotoGP. Na última semana, ele viajou ao Brasil para a sua primeira competição fora da Argentina, na categoria de 8 a 16 anos da SuperBike Brasil, um dos maiores e mais disputados campeonato de motociclismo da América do Sul. Porém, não deu tempo de Lorenzo fazer sua estreia na competição.
Na sexta-feira (14), ainda durante um treino livre, ele sofreu um acidente na Curva do Pinheirinho. O menino bateu a cabeça, teve ferimentos graves e foi encaminhado ao Hospital Israelita Albert Einstein. Apesar dos esforços da equipe, Lorenzo não resistiu e faleceu na noite da última segunda-feira (17). A notícia da morte do jovem piloto abalou a comunidade do motociclismo, com homenagens e mensagens de pesar se multiplicando nas redes sociais.
Lorenzo Somaschini era considerado um "piloto prodígio", com um futuro promissor no motociclismo. Desde cedo, demonstrava talento, competindo em campeonatos na Argentina e sonhando em um dia alcançar o topo do motociclismo mundial. A paixão pelo esporte, segundo ele, foi instantânea.
"Um dia meu pai me levou ao mercado ou para colocar gasolina, não me lembro bem, mas demos uma volta em uma 125cc que era do meu avô e fiquei encantado. Ali me deu um negócio que não sei como explicar. Eu tinha dois ou três anos quando aconteceu isso, era muito pequenininho. Foi a primeira vez que andei de moto e me apaixonei. Fiquei muito feliz, de verdade", disse na entrevista ao La Capital.
Aos 4 anos de idade, ganhou do pai sua primeira moto. Depois, passou a correr nas pistas e há cerca de um ano havia começado a treinar com o piloto argentino Diego Pierluigi. "Isso de ele começar a correr foi acontecendo aos poucos, na verdade. No começo, só queria que ele andasse de moto com todos os equipamentos de proteção. Mas os treinadores sempre destacavam suas qualidades. Achávamos que ele era muito novo para competir, mas, bem, o tempo foi passando e agora a gente pode vê-lo na pista", afirmou Alfredo, pai do menino. "Não sabemos no que isso vai dar. Por enquanto, estamos curtindo vê-lo feliz."