Que é importante cuidar da alimentação todo mundo sabe, mas no pós-parto, a atenção precisa ser ainda maior. Afinal, a mãe passou por nove meses gerando uma nova vida, enfrentou o parto e, agora, a maratona continua. "O pós-parto é crucial não apenas para a própria recuperação, mas também para a produção de leite materno e para garantir energia suficiente para lidar com as novas demandas da maternidade", diz Natalia Barros, nutricionista especialista em gestante e pós-parto e fundadora da NB Clinic, de São Paulo. A alimentação desempenha um papel fundamental nisso.
A especialista selecionou alguns alimentos que podem dar um fôlego extra nesse período e contribuir para que o corpo se recupere de forma saudável. Natalia Barros indicou, ainda, as comidas que devem ser evitadas durante o resguardo do parto. Confira:
O que comer no pós-parto?
Os alimentos recomendados para o pós-parto são aqueles que fornecem os nutrientes essenciais necessários para esse período. "A mãe deve manter uma dieta equilibrada. No entanto, é sempre recomendável consultar um profissional de saúde para orientações personalizadas, levando em consideração as necessidades individuais de cada mulher", orienta. Veja os alimentos recomendados para este período:
Frutas e vegetais
"Frutas frescas e vegetais coloridos, pois são ricos em vitaminas, minerais e antioxidantes. Vale destacar que a vitamina C, presente principalmente em frutas cítricas, pode ajudar na cicatrização do parto [tanto normal quanto cesárea]", explica Natalia Barros. Além disso, o ferro, presente em vegetais verde-escuros também é um bom aliado para a cicatrização, recuperação e ajuda a prevenir anemia - que é relativamente comum no pós-parto devido à perda de sangue no parto. Frutas e vegetais com alto teor de água também são bem-vindos para ajudar na hidratação. Veja algumas sugestões da especialista:
- Laranja
- Limão
- Acerola
- Caju
- Mamão
- Kiwi
- Morango
- Melancia
- Abacaxi
- Abacate
- Espinafre
- Couve
- Pepino
- Alface
- Tomate
- Abobrinha
Proteínas magras
"Proteínas magras são importantes para a reconstrução dos tecidos e para promover a saciedade. Além disso, elas ajudam na produção de leite", diz a nutricionista. Proteínas também são ricas em colágeno, ferro e zinco, que são fundamentais para recuperação e cicatrização, por ajudarem na recomposição dos tecidos. Veja alguns exemplos:
- Frango
- Peixe
- Tofu
- Ovos
- Leguminosas (feijão, lentilha, grão de bico)
Grãos integrais
"Grãos integrais são opções saudáveis de carboidratos que fornecem energia", diz Barros. Confira algumas sugestões da nutricionista:
- Arroz integral
- Quinoa
- Aveia
- Pão integral
Laticínios
"São boas fontes de cálcio e proteína, essenciais para a saúde óssea e produção de leite materno", esclarece Natalia Barros. Confira alguns exemplos:
- Leite
- Iogurte
- Queijos magros (como queijo tipo minas, queijo cottage, queijo de soja e queijo ricota)
Gorduras saudáveis
"Gorduras saudáveis que ajudam na absorção de vitaminas e fornecem energia. Também são cruciais para o cérebro e para a saúde das células", afirma a nutricionista. Além disso, alimentos considerados “fontes de gorduras boas” são ricos em vitamina E, que ajuda na cicatrização e recuperação, como explica a especialista. Confira algumas dicas:
- Abacate
- Nozes
- Amendoim
- Castanhas
- Avelãs
- Sementes
- Azeite de oliva
Sopas
"Sopas de legumes e caldos são ótimas alternativas para aumentar a hidratação, proporcionando líquidos adicionais e nutrientes essenciais", diz Natalia Barros. A especialista acrescenta, ainda, que smoothies feitos com frutas e vegetais, juntamente com leite ou água de coco, também são uma maneira deliciosa de aumentar a ingestão de líquidos e nutrientes.
Atenção com a hidratação
"Após o parto, o corpo feminino passa por uma série de mudanças. Durante o trabalho de parto, há uma perda significativa de líquidos, e o aumento da produção de leite pode levar à desidratação se a mãe não se hidratar adequadamente", afirma a nutricionista. Ela destaca que beber bastante água é fundamental para a saúde nesse período, especialmente durante o aleitamento, já que a hidratação desempenha um papel fundamental na produção de leite materno. "Como a amamentação demanda cerca de 700ml de água por dia, é essencial que a mãe beba líquidos regularmente para garantir uma boa produção de leite e contabilizar essa 'perda' que será desviada para a produção do leite", explica
Uma boa hidratação também reduz o risco de complicações, como infecções urinárias e problemas intestinais. "Além disso, com o objetivo de manter a produção adequada do leite materno, o metabolismo do corpo da mãe fica aumentado durante a fase de amamentação. Por isso, é comum que a lactante relate sentir sede com mais frequência. Esse desejo de beber mais água é desencadeado pela ocitocina, liberada durante a amamentação", diz.
Uma boa forma de avaliar a hidratação da lactante nesse momento é através da coloração da urina: se estiver escura ou com forte odor, a quantidade de líquido ingerido não é suficiente. "Cãibras, dor de cabeça, pele ressecada, boca seca e mal-estar também sinalizam desidratação", acresenta a especialista. Confira algumas recomendações de Natalia Barros para o pós-parto:
- Consuma bastante água: recomenda-se beber pelo menos 2 a 3 litros de água por dia. Mantenha uma garrafa de água por perto e beba regularmente
- Adicione outros líquidos: além de água, sucos naturais, chás e água de coco são opções válidas para manter o corpo hidratado.
- Evite bebidas diuréticas: café e refrigerantes à base de cola, por exemplo, podem aumentar a perda de líquidos, portanto, é melhor evitá-los no pós-parto.
- Tenha uma alimentação equilibrada: muitos alimentos, como frutas e legumes, têm alto teor de água. Incluí-los na dieta pode ajudar na hidratação do corpo.
O que não comer no resguardo do parto
O consumo de alimentos ultraprocessados ou industrializados, embutidos, ricos em sódio, gordura saturada, açúcar adicionado ou com muitos aditivos químicos devem ser evitadosn pós-parto. "Esses alimentos contribuem para o excesso ou ganho de peso no pós-parto, além de influenciarem negativamente a microbiota intestinal, prejudicando o processo de cicatrização e recuperação tecidual nesse momento", afirma Natalia Barros.
"Além disso, um padrão de alimentação ultraprocessada geralmente se dá em detrimento de uma alimentação majoritariamente in natura que seria o ideal para essa fase onde há componentes essenciais como vitaminas e minerais já citados anteriormente", acrescenta a nutricionista. Veja alguns exemplos do que não comer no resguardo do parto:
- Salames
- Bacon
- Salsicha
- Presunto (principalmente os crus)
- Salgadinhos
- Bolachas recheadas
- Sucos prontos
- Refrigerantes
- Sorvetes
Bebidas alcoólicas e cafeína estão liberadas no pós-parto?
Durante a gravidez, as bebidas alcóolicas e com cafeína não são permitidas durante a gravidez. Mas, então quando as mães podem voltar a consumi-las? "A Sociedade de Pediatria de São Paulo traz o consenso de que embora o consumo de álcool durante o período de lactação não seja proibido, deve ser fortemente desaconselhado", afirma Natalia Barros.
"Se em último caso for utilizado, o consumo deve ser esporádico, em doses baixas e a ingestão de bebidas fermentadas (como cervejas, vinhos e espumantes) deve ser preferida à de destilados (como vodka, cachaça e tequila)", diz a especialista. "A exposição ao álcool pode prejudicar o julgamento materno e interferir nos cuidados da criança, que vai além do risco de toxicidade para o lactente amamentado", acrescenta.
Quanto à cafeína, algumas pesquisas sugerem que quantidades moderadas de cafeína (cerca de 200-300 mg por dia, o equivalente a 1-2 xícaras de café) são geralmente consideradas seguras durante a amamentação. "No entanto, a cafeína também pode passar para o leite materno em pequenas quantidades, e alguns bebês podem ser sensíveis a ela, o que pode causar irritabilidade, dificuldade para dormir e problemas gastrointestinais. Portanto, é importante que as mulheres observem como o consumo de cafeína afeta o bebê e ajustem conforme necessário", destaca.
Embora o café contenha uma quantidade relativamente elevada de cafeína, não é a única fonte que as gestantes devem ficar atentas. "Verifique o seu consumo de chá, chocolate, refrigerantes e bebidas energéticas, pois tudo isso poderá contribuir para os seus níveis de cafeína", orienta Barros.
Cuidado com dietas para emagrecimento
No pós-parto, muitas mulheres desejam perder o peso que ganharam durante a gestação. "Se este for o desejo, a perda de peso deve ser feita de maneira correta, sem restrições extremas e que atinjam as recomendações nutricionais, principalmente de proteínas, vitaminas e minerais necessários", aponta Natalia Barros. "É fundamental fazer essa dieta junto de um acompanhamento nutricional, com especialista na área, para não haver deficiências e prejuízos nutricionais na quantidade e na qualidade desse leite materno que pode, então, prejudicar o desenvolvimento infantil", finaliza.