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Café na gravidez, pode? (Foto: emitomo/Flickr)

Café na gravidez, pode? (Foto: emitomo/Flickr)

As diretrizes do NHS, sistema de saúde britânico, dizem que 200 mg de cafeína por dia — o equivalente a duas xícaras de café — não são prejudiciais durante a gravidez. Outras autoridades de saúde, como a Autoridade Europeia de Segurança Alimentar e as Faculdades de Obstetras e Ginecologistas dos Estados Unidos e do Reino Unido, recomendam limitar a cafeína, mas afirmam que ela não precisa ser eliminada completamente. A recomendação também é amplamente seguida por obstetras brasileiros. "O consumo de café deve ser reduzido na gestação para, no máximo, 2 xícaras pequenas por dia, pois o excesso da bebida pode contribuir para o baixo peso do bebê. Chás com alto teor de cafeína também devem ser evitados", alerta o obstetra Domingos Mantelli, colunista da CRESCER.

No entanto, o professor Jack James, da Universidade de Reykjavik, na Islândia, pediu que essa orientação seja “radicalmente revisada". Ele analisou 48 estudos anteriores das últimas duas décadas sobre o impacto da cafeína nos resultados da gravidez e concluiu que qualquer quantidade pode prejudicar o bebê, mas os perigos aumentam à medida que mais cafeína é consumida, sugere o estudo.

Mesmo as 200 mg por dia — que, até então, é a quantidade considerada segura — aumentou o risco de aborto em até 28% e de natimortos em até 38%. “As evidências atuais não apóiam suposições sobre níveis seguros de consumo materno de cafeína. As evidências científicas cumulativas apóiam o conselho para mulheres grávidas e mulheres que estão pensando em engravidar para evitar a cafeína”, disse o professor, segundo o The Sun. Além disso, segundo o especialista, as mulheres que consomem cafeína podem ter maior probabilidade de ter outros hábitos prejudiciais, como fumar. Os resultados foram publicados na revista BMJ Evidence Based Medicine.

OPINIÃO CONTRÁRIA

Alguns especialistas, entretanto, discordam veementemente das descobertas do estudo e afirmam que a cafeína "está na dieta humana há muito tempo", que muitas substâncias encontradas em dietas normais também podem ser prejudiciais à gravidez e há poucas evidências de que uma pequena quantidade de cafeína seja perigosa. A cafeína é encontrada naturalmente em alguns alimentos e bebidas, como chá, café e chocolate.

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“As descobertas deste estudo aumentam o grande corpo de evidências que apóiam a ingestão limitada de cafeína durante a gravidez. Mas as mulheres grávidas não precisam cortar completamente a cafeína, como sugere este artigo. Altos níveis de cafeína durante a gravidez podem causar aborto espontâneo e bebês com baixo peso ao nascer, podendo levar ao ganho excessivo de peso nos primeiros anos da criança, o que pode aumentar o risco de problemas de saúde mais tarde na vida. No entanto, como outras pesquisas - e potencialmente mais confiáveis ​​- descobriram, as mulheres grávidas não precisam cortar totalmente a cafeína porque esses riscos são extremamente pequenos, mesmo se os limites recomendados de cafeína forem excedidos. O conselho do RCOG de limitar a ingestão de cafeína a 200 mg por dia - o equivalente a duas xícaras de café instantâneo - continua de pé", defendeu o obstetra Daghni Rajasingham, do Royal College of Obstetricians and Gynecologists.