Cidades mineiras estão em alerta após três crianças morrerem no município de São João Del Rey em um intervalo de apenas um mês, desde 24 de setembro. A Fundação Ezequiel Dias, ligada à Secretaria de Saúde de Minas Gerais, ainda investiga as causas das mortes e de internação de outras crianças da região. Uma das suspeitas investigadas é a infecção pela bactéria estreptococos do grupo A (Streptococcus pyogenes), causadora da escarlatina — doença que provoca manchas avermelhadas pelo corpo e deixa a língua com o aspecto de uma framboesa.
"As amostras relativas aos casos ocorridos no município seguem em análise para complemento das investigações epidemiológicas, tanto no laboratório referência do estado, quanto no município”, afirmou a nota da fundação. Diante da situação, as aulas também foram suspensas pelas prefeituras São João Del Rey, de Tiradentes, Santa Cruz de Minas, Ritápolis e Conceição da Barra de Minas. A Prefeitura de Felício dos Santos, a 370 quilômetros ao norte de Belo Horizonte, também notificou a Secretaria de Saúde do estado sobre um surto de escarlatina no município e suspendeu as aulas.
![Foto ilustrativa: Febre é um dos sintomas da escarlatina — Foto: Crescer](https://cdn.statically.io/img/s2-crescer.glbimg.com/CcWNx8ZE3ty92YxRpGcKFKFCzd8=/0x0:512x320/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_19863d4200d245c3a2ff5b383f548bb6/internal_photos/bs/2022/S/v/e6MzVMTiSwpXkK8uBROA/2020-05-14-captura-de-tela-2020-05-14-as-18.22.59.jpeg)
No entanto, em nota encaminhada à Agência Brasil, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais diz que “não recomenda o fechamento de escolas. Segundo a pasta, “não há critérios que comprovem surto ou risco à saúde da população, bem como nenhuma evidência epidemiológica que justifique a alteração na rotina das atividades da população”.
Mas o que é a bactéria estreptococos do grupo A?
A Streptus A é uma bactéria conhecida como estreptococo do grupo A ou Streptococcus pyogenes, muito comum em humanos, no mundo inteiro e também foi responsável pela morte de crianças no Reino Unido no final do ano passado. Muitas pessoas têm a bactéria, mas não desenvolvem nenhum sintoma. Outras desenvolvem infecção por streptus na garganta ou na pele. A bactéria também está relacionada à escarlatina, doença infecciosa que causa febre e erupções vermelhas na pele. Mais raramente, pode causar a chamada infecção invasiva por streptus do grupo A, conhecida como iGAS.
Em um vídeo publicado em seu perfil no Instagram, a infectologista Luana Araújo explicou a bactéria estreptococo do grupo A costuma causar quadros leves e moderados nas crianças, dependendo de onde o agente infeccioso se instala. Caso chegue à garganta, pode provocar uma amigdalite bacteriana. Já se instala na faringe pode levar a uma faringite bacteriana.
Sintomas
Ao se infectar com a bactéria, as crianças podem ter dificuldade para engolir, dor local, febre, prostração e lesões na pele. Dentre os casos dos pacientes que desenvolvem a faringite estreptocócica — que afeta principalmente jovens e crianças de 5 a 15 anos — é possível ocorrer uma evolução para um quadro de escarlatina. Nesse caso, além dos sintomas locais, a criança fica com a pele vermelha e áspera e a língua com o aspecto de uma framboesa. Em geral, os pacientes se recuperam bem serem medicados.
No entanto, em alguns raros casos, dependendo da imunidade da pessoa e da virulência da própria bactéria, é possível evoluir para um quadro mais agressivo. "A bactéria pode invadir a corrente sanguínea, fazer lesões em outros órgãos, como rins cérebro. A gente pode ter síndrome do choque tóxico, que é um quadro gravíssimos que pode levar ao óbito", afirmou a infectologista.
Como a streptococcus A é transmitida?
A bactéria está presente na saliva e no muco nasal. Pode ser transmitida por gotículas ao espirrar, tossir e falar ou ao compartilhar objetos como copos e talheres, com uma pessoa infectada. As medidas de prevenção são as mesmas que já conhecemos e ampliamos, por conta da pandemia de covid-19: evitar compartilhar objetos de uso pessoal, usar máscaras, higienizar as mãos e as superfícies e manter o distanciamento social.
O que fazer ao suspeitar da infecção?
A médica ressalta que crianças que estão com suspeita de infecção pela bactéria não devem ir para a escola e precisam ficar isoladas. Após uma avaliação médica, pode ser indicado o uso do antibiótico. No entanto, fique atento! Não é recomendado o uso de antibióticos como indicação profilática, esse tipo de uso pode trazer mais malefícios do que benefícios. Sempre consulte um médico.
Com informações Agência Brasil e Dr Luana Araújo
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