Lilian Kuhn

Por Lílian Kuhn

Lílian Kuhn é mãe de Olívia, fonoaudióloga e doutora em Linguística com ampla experiência nas áreas de linguagem e fala, desenvolvimento infantil e autismo

 


Olá, queridos leitores. Após uma pausa necessária, estou de volta aqui como colunista da CRESCER. E é claro que no meu primeiro texto eu precisava falar sobre como a pandemia afetou o desenvolvimento da linguagem dos pequenos. Vamos falar sobre isso?

Fala, desenvolvimento, linguagem (Foto: ) — Foto: Freepik
Fala, desenvolvimento, linguagem (Foto: ) — Foto: Freepik

Há um tempo, li uma reportagem em que a entrevistada falava sobre os estímulos que a criança recebe ao tomar uma vacina. Para alguns, isso pode parecer estranho, mas faz todo o sentido. Estudos mostram que as experiências vividas por uma criança têm influências significativas na formação do cérebro e, consequentemente, na aprendizagem, no comportamento e nas emoções dela. Internalizar aquela frase em meio ao caos da pandemia me fez refletir: uma bebê que tinha 11 meses em março de 2020, como a minha filha, por exemplo, teve pelo menos 50% da sua primeiríssima infância – o que corresponde a até 3 anos – prejudicada.

É óbvio que nem todo mundo teve a mesma realidade pandêmica e tudo dependeu do tipo de trabalho, nível sociocultural, enfim, mas é fato que muitos de nós nos tornamos cuidadores ansiosos e estressados por acúmulo de função, trabalho remoto (ou desemprego) e falta de rede de apoio. Mas, o que as crianças têm a ver com isso? Absolutamente tudo! Elas foram muito mais expostas às telas e privadas de experiências sociais, linguísticas e motoras. Para se ter ideia, esse ‘combo pandemia’ foi tão desastroso para o desenvolvimento infanto-juvenil que o órgão norte-americano CDC divulgou um documento em que colocava em voga uma mudança nas idades esperadas para os marcos do desenvolvimento de linguagem.

Enquanto os pais tentam achar uma explicação ou justificativa para tal ("na turminha dele ninguém fala ainda", "meu outro filho demorou a falar também", "é por causa da pandemia"), os profissionais de saúde infantil continuam – ou pelo menos deveriam continuar – levantando a melhor bandeira da intervenção precoce: quanto você antes agir, melhor para a criança!

E você, pai e mãe que está lendo aqui, separei as principais dúvidas de quem chega ao consultório:

"Mas, então, quando eu devo me preocupar sobre o meu filho?"
Há algumas fontes seguras e gratuitas com informações sobre o desenvolvimento global infantil, entre elas a Caderneta da Criança fornecida pelo Ministério da Saúde. Além disso, falei sobre o desenvolvimento de linguagem e fala aqui e aqui.

"O que eu posso fazer para ajudar meu bebê a não ter atraso?"
Existem algumas causas para o atraso de desenvolvimento de linguagem, como oferecer muitas oportunidades de interação e atenção integral dos seus cuidadores. Cante, brinque, dance e realize narrativas intensas e diárias sobre o mundo ao redor. Crie ambientes que instiguem e desafiem a criança com estímulos motores e sensoriais, dê liberdade para o pequeno criar.

“Trabalho em casa e ele ainda não vai na escola. Como faço?”
Tenho umas ideias: arraste os móveis e crie um circuito motor na sala, chame os bonecos e bichinhos de pelúcia para brincar junto, estimule a linguagem no momento da alimentação, leve os pequenos para brincar ao ar livre e aproveite esse efeito mágico.

A minha dica mais importante, porém, é: procure um profissional de fonoaudiologia se você tiver alguma dúvida ou desconfiança sobre o desenvolvimento de linguagem de sua criança. E para você, mãe ou pai, que está se sentindo cansado, estressado, com dificuldade para dormir e/ou com falta de paciência, busque um profissional da psicologia. Ficamos combinados? Cuide-se para conseguir cuidar.

Lílian Kuhn é mãe de Olívia, fonoaudióloga e doutora em Linguística com ampla experiência nas áreas de linguagem e fala, desenvolvimento infantil e autismo. É diretora técnica do Espaço ComPasso e líder de fonoaudiologia da Genial Care — Foto: Arquivo pessoal
Lílian Kuhn é mãe de Olívia, fonoaudióloga e doutora em Linguística com ampla experiência nas áreas de linguagem e fala, desenvolvimento infantil e autismo. É diretora técnica do Espaço ComPasso e líder de fonoaudiologia da Genial Care — Foto: Arquivo pessoal

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