• Dolores Orosco
Atualizado em
Como fica a rede de apoio em tempos de pandemia? (Foto: Foto de Anna Shvets no Pexels)

Como fica a rede de apoio em tempos de pandemia? (Foto: Foto de Anna Shvets no Pexels)

O pós-parto é uma fase delicada na vida de qualquer mãe. Para passar por ela preservando a saúde mental é preciso ser mais tolerante com você mesma e - conselho unânime entre os especialistas - não querer dar conta de tudo sozinha. “Precisamos acabar com esse mito da mãe guerreira que tudo suporta. Isso só coloca a mulher em um lugar de sobrecarga. Todas precisam de uma rede de apoio”, diz a psicanalista Viviane Ribeiro, fundadora do Instituto Te Apoio – rede de amparo profissional às novas famílias, do Rio de Janeiro.

“Nenhuma mãe é capaz de fazer tudo sozinha o tempo inteiro. Poder assumir isso, sem culpa, é libertador.” Foi o que fez a advogada Thais Oliveira Neto, 34. Durante a gestação de Isis, hoje com 6 meses, e antes de a pandemia nos levar ao isolamento social, quando convocou sua mãe para ajudá-la nos cuidados com a menina. A avó chegou assim que a neta nasceu, vinda de Minas Gerais para o Rio de Janeiro, onde vive a advogada, não sem antes terem uma conversa franca. “Acertamos que ela viria para me ajudar a ser a mãe que eu quero ser, não a que ela acha que devo ser. Seria do meu jeito”, diz.

Thais percebe que a mãe se esforça para respeitar a promessa em momentos cruciais. “Às vezes, minha filha dorme um pouco mais e passa da hora de amamentar. Como sou rigorosa
nesse ponto, acordo a Isis para alimentá-la”, diz. “Noto que minha mãe fica de coração partido e que, por ela, a bebê cochilaria até a hora que quisesse. Mas ela respeita e me entende.”

A advogada reconhece que poder contar com a avó 100% do tempo deixou tudo mais leve. “Graças a essa parceria, consigo tomar um banho de qualidade e, antes do isolamento, pude até escapar para fazer as unhas. E isso fez um bem enorme tanto para mim, quanto para minha filha.”

A professora Ana Gama de Souza, 27, lembra com carinho das ajudantes a que pôde recorrer durante os primeiros meses de Artur, hoje com 2 anos. “A madrinha do meu filho, minha amiga de faculdade Claudia, foi bastante presente. Como sou mãe-solo, ela sempre
teve consciência do quanto era importante eu poder contar com uma rede de apoio”, diz. “Ela ficava com o Artur para que eu pudesse descansar ou fazer algo para mim, como ir à manicure, por exemplo”, lembra Ana.

Em tempos de pandemia, é fato que ter uma rede presencial de apoio não é uma realidade segura para ninguém, ainda mais para o bebê pequeno. Por isso, baixe suas expectativas de querer deixar a casa impecável (e para que mesmo, né?) e saiba que tem muitas mães como você nesse momento. Além das conversas virtuais, aceite (ou peça mesmo) ajuda da sua amiga vizinha que pode compartilhar uma comida fresquinha, fazer uma compra e deixar na sua porta. Uma hora você vai poder retribuir tudo isso. E lembre-se: estamos todos, no pós-parto ou não, precisando de compaixão e empatia. Tudo passa, acredite!

4 maneiras de formar uma rede de apoio


1 . Se você não conta com familiares disponíveis para ajudar, participe de grupos de suporte e tente não se isolar. Ouvir experiências de outras mães, desabafar e trocar é essencial;

2. Tente adaptar seus hábitos de antes da gravidez ao quarto trimestre – sobretudo agora, em tempos de coronavírus. Se você costumava encontrar suas amigas uma vez por semana, por exemplo, reserve um momento na rotina para ligar para uma delas;

3. Não tenha receio de buscar ajuda profissional: ela também pode fazer parte de sua rede de apoio, mesmo que, nesse momento, de forma virtual. Marcar uma sessão de terapia ou contratar uma especialista em amamentação podem fazer toda a diferença;

4. Compartilhe suas angústias com o médico de sua confiança, sem vergonha ou medo de parecer uma mãe negligente. Pode ser o seu obstetra ou o pediatra do seu bebê. Lembre-se sempre: eles podem esclarecer dúvidas e orientá-la.