Coqueluche: "Não há um surto da doença, mas devemos estar atentos ao aumento de casos", diz infectologista

O primeiro, de acordo com o médico, está relacionado à qualidade da Vigilância Epidemiológica, que é capaz de detectar mais casos do que em outros estados. "A qualidade da notificação interfere diretamente nos números. De qualquer forma, o número de casos, em qualquer doença, nunca se distribui de maneira homogênia entre as regiões. É normal observarmos variações, que tem a ver com a quantidade de habitantes, cobertura vacinal e fluxo de informações. Mas o número de casos está aumentando e esse é o recado", alerta.

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"Neste momento, não há um surto no estado, mas devemos estar atentos ao aumento de casos, observado também em outros países", disse o infectologista. "Esse não é um fenômeno brasileiro, está acontecendo no mundo inteiro", continua. Nas últimas semanas, países da Europa e da Ásia, de fato, registraram aumento nos casos de coqueluche. No entanto, lá, a situação é alarmante. Em maio deste ano, a União Europeia divulgou um Boletim Epidemiológico constando aumento da doença em pelo menos 17 países, com mais 32.037 casos notificados entre 1 de janeiro e 31 de março de 2024. O Centro de Prevenção e Controle de Doenças da China (CCDC, 2024) informou que, em 2024, foram notificados no país 32.380 casos e 13 óbitos.

"Não existe uma explicação única para esse aumento mundial, é um fenômeno multifatorial. E uma das explicações tem a ver com a adesão da vacina da coqueluche. A primeira forma de medir a cobertura é no primeiro ano de vida, e essa cobertura vacinal, que vinha caindo antes da pandemia, desde o ano passado, começou a mostrar uma recuperação nos primeiros meses do ano. Em São Paulo, por exemplo, ultrapassamos os 90% de cobertura. Mas o ideal é 95%", pontua Ivanildo.

Diante do cenário global, o Ministério da Saúde divulgou uma Nota Técnica com recomendações de fortalecimento das ações de vigilância epidemiológica da doença no Brasil. Entre as ações, a pasta inclui alerta aos profissionais de saúde da área assistencial, investigação de contatos de casos confirmados, oferta de tratamento oportuno, além de ampliação do uso da vacina DTPA para profissionais de saúde que atuam em atendimentos de ginecologia, obstetrícia, pediatria, além de doulas e trabalhadores de berçários e creches com crianças até 4 anos.

A única forma de prevenir a conqueluche é mantendo a vacinação em dia. A vacina tríplice bacteriana (DTP) é administrada em três doses aos 2, 4 e 6 meses, com reforços aos 15 meses e 4 anos. Além das crianças, a vacina também é indicada para profissionais da saúde e para grávidas a partir da 20ª semana de gestação. "As famílias devem levar seus filhos à UBS mais próxima para receber a vacina, que é gratuita, e evitar que a doença prolifere. Também é fundamental ampliar a vacinação entre as gestantes", alertou o infectologista.

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A coqueluche, também conhecida por "tosse comprida", é uma doença infecciosa aguda transmitida por via respiratória e altamente contagiosa. Ela afeta principalmente crianças de até 1 ano, e pode ser fatal. A doença é transmitida pela bactéria Bordetella pertussis. Ao contrário da tosse que acompanha os resfriados – e que costuma durar pouco mais de uma semana –, no caso da coqueluche ela dura pelo menos três semanas, e a pessoa infectada não produz secreções como catarro.

"A coqueluche pode aparecer em qualquer idade, mas o risco de evolução grave é maior em crianças com menos de 1 ano", alerta o infectologista do Hospital Sabará. Além da tosse, entre os principais sintomas estão ainda vômitos, febre e falta de ar. “Em estados mais críticos, a coqueluche pode causar pneumonia, convulsões, comprometimento do sistema nervoso central e até mesmo óbito”, finaliza Ivanildo.