Alimentação
 

Por Giovanna Forcioni


Em outubro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou um novo guia com recomendações para a introdução alimentar de bebês e crianças de 6 meses a 2 anos de idade. O documento traz orientações sobre como começar a oferecer outros alimentos, além do leite materno ou da fórmula.

Introdução alimentar — Foto: Freepik
Introdução alimentar — Foto: Freepik

De uma forma geral, o guia reforça recomendações que há tempos já são dadas pelos principais órgãos de saúde, como a Academia Americana de Pediatria (AAP), a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e o Ministério da Saúde (MS). Apesar disso, ele traz também algumas novidades.

Veja, uma a uma, quais são as recomendações do novo guia de introdução alimentar da OMS e entenda por que algumas delas geraram polêmica nas redes sociais:

1. Amamentação deve continuar até os 2 anos ou mais

Essa não é uma orientação nova. As principais autoridades de saúde já defendiam: se possível, a amamentação deve ser mantida até os 2 anos ou mais, mesmo que a criança já consuma outros tipos de alimentos. Aqui no Brasil, o Ministério da Saúde (MS), por exemplo, já fazia exatamente essa recomendação. "Quanto mais tempo o bebê mamar no peito da mãe, melhor para ele e para a mãe", diz o MS.

O novo guia da OMS apenas reforça essa mensagem e explica por que ela é tão importante. "Durante o segundo ano de vida, o leite materno continua fornecendo proteção imunológica para a criança por meio de sua grande variedade de substâncias não nutritivas, como imunoglobulinas, hormônios, proteínas, oligossacarídeos do leite humano, glóbulos brancos, peptídeos antimicrobianos, citocinas, quimiocinas, micro RNAs e bactérias comensais", diz o documento.

2. Fórmula não é recomendada para bebês com 1 ano de idade ou mais

É a grande novidade trazida pelo guia. Pela primeira vez, a OMS publicou um documento oficial recomendando que fórmulas lácteas sejam usadas apenas até os 12 meses de vida. A partir dos 12 meses, a fórmula deve ser substituída por outro leite de origem animal.

"O que a OMS entendeu é que, depois de 1 ano, a criança não precisa mais da fórmula e pode migrar para o leite de origem animal, porque ela já tem uma alimentação mais rica em nutrientes", explica a nutricionista Franciele Loss, especialista em nutrição materno infantil (RS).

Nem todas as crianças continuam sendo amamentadas depois dos seis meses de vida. E isso acontece por muitos motivos, como falta de apoio, escolha da mãe, condição médica... Acontece que manter o leite (ou outros laticínios) na dieta da criança continua sendo importante, mesmo depois do fim da amamentação.

"As crianças amamentadas já recebem leite materno, mas outros alimentos lácteos também podem fazer parte de uma dieta diversificada. Para as que não são amamentadas, leite ou outra fonte de laticínios se fazem ainda mais necessárias, se não estão recebendo outros alimentos de origem animal", diz o documento.

3. A introdução alimentar deve começar aos 6 meses

Trata-se de uma recomendação da OMS, mas também de renomadas instituições de saúde, como a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). O Departamento de Nutrologia da SBP recomenda que, durante os seis primeiros meses de vida, o bebê consuma apenas leite materno (ou fórmula, quando indicado). A introdução de novos alimentos só deve começar depois que o bebê chegar ao sexto mês de vida. Isso vale tanto para crianças que consomem fórmula quanto para aquelas que tomam leite materno.

Introdução alimentar — Foto: Freepik
Introdução alimentar — Foto: Freepik

Segundo a instituição, nada deve ser oferecido à criança antes disso (nem mesmo água). "A recomendação é que a introdução seja feita aos seis meses, porque é quando o desenvolvimento neuropsicomotor e os sistemas digestivo e renal estão plenamente prontos para receber alimentos diferentes dos líquidos", diz a SBP.

Depois dos seis meses, o bebê pode ir, aos poucos, explorando novos sabores e texturas. A OMS indica, inclusive, que a família não adie esse processo e nem tenha receio em oferecer logo nos primeiros meses de introdução alimentar, por exemplo, alimentos com potencial alergênico, como peixes, soja, leite de vaca e pasta de amendoim.

"Atrasar a introdução de alimentos complementares pode afetar o aceitação de novos sabores e texturas. Além disso, o acúmulo de evidências sugere que atrasar a introdução de algumas nozes, como o amendoim, pode promover, em vez de prevenir, alergias alimentares. Isto também pode ser o caso de outros alimentos alergênicos, como leite", afirma o guia da OMS.

4. Bebês de 6 meses a 2 anos devem ter uma dieta diversificada

Assim como os adultos, os bebês de 6 meses a 2 anos também precisam comer alimentos saudáveis e diversificados. No novo guia, a OMS diz que os pais devem se atentar para que diferentes grupos de alimentos estejam presentes na dieta do filho:

  1. Alimentos de origem animal (carne, peixe ou ovos) devem ser consumidos diariamente
  2. Frutas e legumes devem ser consumidos diariamente
  3. Leguminosas, nozes e sementes devem ser consumidas com frequência, especialmente quando os alimentos de origem animal são limitados na dieta

Segundo a nutricionista Franciele Loss, os três grupos de alimentos não precisam estar presentes, ao mesmo tempo, em todas as refeições. Apesar disso, o ideal é que, pelo menos, um desses grupos seja oferecido a cada vez que o bebê se alimentar.

5. Crianças com menos de 2 anos não devem consumir açúcar e ultraprocessados

Há tempos, a Academia Americana de Pediatria (AAP) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) defendem que alimentos ultraprocessados e ricos em açúcar não devem ser oferecidos a bebês com menos de 2 anos. O novo guia da OMS reforça essa orientação e traz mais algumas considerações.

Introdução alimentar de bebês — Foto: Freepik
Introdução alimentar de bebês — Foto: Freepik

Em resumo, o documento defende que alimentos ricos em açúcar, sal e gorduras trans não devem fazer parte da dieta de crianças com menos de 2 anos. E isso inclui adoçantes, chás, refrigerantes, salgadinhos, sucos de caixinha, biscoitos... "As evidências mostram que alimentos e bebidas industrializados podem trazer efeitos negativos para a saúde de crianças pequenas. Trocar alimentos mais saudáveis por essas opções pode estar associado à desnutrição, excesso de peso e efeitos cardiometabólicos adversos", diz.

Querendo ou não, nada disso é novidade. Ainda assim, esse tópico falando de "alimentos não saudáveis" gerou polêmica nas redes sociais, por causa de um trecho em que o guia fala sobre sucos in natura para crianças com menos de 2 anos.

No documento, a OMS diz que "o consumo de suco 100% da fruta deveria ser limitado". Essa frase fez com que muita gente entendesse que crianças a partir dos 6 meses também estariam liberadas para tomar suco in natura. Mas, segundo a nutricionista Franciele Loss, a interpretação não deveria ser exatamente essa.

"O guia traz recomendações gerais para crianças de 6 meses a 2 anos. E isso fez muita gente acreditar que todas as recomendações valeriam para todas as crianças nessa faixa etária. Mas nessa fala sobre o suco, em específico, faltou uma indicação mais clara no texto, dizendo a partir de que idade, dentro desse intervalo, ele pode ser oferecido, mesmo que em quantidade limitada", explica.

Mundialmente, o suco natural é contraindicado para crianças com menos de 12 meses. Tanto a AAP quanto a SBP defendem que o suco da fruta não deve ser oferecido a bebês com menos de 1 ano. Depois de completar o primeiro ano de vida, o suco até pode ser oferecido, desde que sem adição de açúcar ou adoçantes e sem ultrapassar o limite de 120 ml por dia.

"A ingestão de suco de frutas, mesmo in natura, não é indicada, uma vez que a fruta acaba sendo menos calórica e proporciona mais saciedade que o suco. Além de ser fonte de fibra e exigir a mastigação, importante para o desenvolvimento orofacial da criança", diz a SBP.

6. Algumas crianças podem precisar de suplementos

Nem sempre é necessário recorrer a suplementos vitamínicos– a não ser que haja recomendação médica, é claro. O que a OMS defende é justamente isso: antes de fazer suplementação, é preciso avaliar a necessidade de cada criança/região. Caso o pediatra entenda que é preciso, não há problema em oferecer suplementos para crianças de 6 meses a 2 anos.

No Brasil, o Ministério da Saúde indica as suplementações de vitamina D, vitamina A e ferro, por exemplo, para todas as crianças nos primeiros dois anos de vida. “No país, algumas suplementações são mandatórias para todas as crianças, como a de vitamina D, até os 2 anos, e a de ferro, dos 3 aos 24 meses para bebês nascidos a termo. Para outros tipos, a gente avalia caso a caso”, explica a gastropediatra e nutróloga Junaura Barreto, da Sociedade Baiana de Pediatria (Sobape).

Método BLW: a criança é estimulada a interagir com a comida — Foto: Freepik
Método BLW: a criança é estimulada a interagir com a comida — Foto: Freepik

7. As crianças devem ser incentivadas a comer de forma autônoma

O novo guia da OMS também defende que as crianças tenham mais autonomia na hora de comer. "Além do que a criança come, como ela come também é um componente importante", diz o documento.

Na prática, isso significa, entre outras coisas, respeitar os sinais de fome e saciedade do bebê e permitir que ele explore, com as próprias mãos, alimentos de diferentes formatos e texturas. "A alimentação responsiva tem demonstrado ser capaz de promover o crescimento e o desenvolvimento saudável e, além de incentivar a autorregulação, que é importante para prevenir a sub e a superalimentação."

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