Localizado em um antigo galpão, que um dia serviu como oficina para a construção de cenários do Teatro Real Dinamarquês, nas pitorescas margens de Copenhague, o restaurante Alchemist conquistou o 8º lugar na lista de melhores restaurante do mundo de 2024 pelo The World's 50 Best Restaurants.
A cerimônia do "Oscar" da gastronomia aconteceu na madrugada desta quinta-feira (6), em Las Vegas, nos Estados Unidos, e elegeu o espanhol Disfrutar, localizado em Barcelona, como o melhor restaurante do mundo.
Já o Alchemist, liderado pelo visionário chef Rasmus Munk, dono de duas estrelas Michelin, tem uma abordagem pitoresca da cozinha molecular. Seu menu degustação leva 50 pratos, todos cuidadosamente elaborados e inusitados, e custa aproximadamente R$ 4.000 por pessoa.
A colaboradora de gastronomia da GQ Brasil, Bruna Amendola, jantou no endereço e traz, a seguir, os pormenores da experiência no restaurante laboratório, a exemplo de apresentações teatrais de cada etapa e pratos de borboleta.
Uma jornada gastronômica única
Ao adentrar pelas imponentes portas de bronze, o visitante é rapidamente transportado para um mundo onde a comida transcende sua função física. É uma expressão artística, uma provocação intelectual, uma reflexão sobre a relação entre o homem e os alimentos que consome.
No salão principal há uma cúpula que serve de tela para projeções em 3D que mudam consoante o ritmo do jantar. A equipe de 104 funcionários recebe apenas 40 clientes por noite, e cada detalhe é meticulosamente planejado para oferecer uma experiência de laboratório gastronômico.
Os pratos do menu contam com uma criatividade e tanto. Incluem um "pé de galinha" apresentado em uma gaiola com proporções exatas à gaiola de um frango de criação em fábrica, enquanto o teto abobadado se enche de um vídeo de gaiolas de metal batendo umas sobre as outras.
Outro que chama atenção é o "beijo de língua", prato criado a partir de uma colher de silicone em forma de língua feita para lamber e assim descobrir seus sabores de groselha e semente de abóbora.
Mas um dos ingredientes mais inusitados do menu é a borboleta de urtiga. Não por acaso o prato se tornou o mais comentado nas redes sociais nos últimos tempos. Ele foi desenvolvido com o apoio de uma equipe de pesquisa de botânica e estudos que apontaram o potencial do inseto rico em proteína.
Quanto as bebidas, a adega do Alchemist é um tesouro com mais de 10.000 garrafas. Uma seleção impressionante de mais de 600 rótulos de vinhos de todo o mundo. A coquetelaria também é forte e a essência "laboratorial" ganha também neste ponto.
Um dos drinks mais diferentes da casa contém uma bioluminescência extraída de águas-vivas. Para a experiência ser completa, quando a bebida é servida as luzes se apagam.
Apesar de toda a luxuosidade que envolve o Alchemist, a opulência não fica apenas à mesa. O idealizador Rasmus Munk faz questão de expandir seu conhecimento culinário e abordagem holística para a comunidade.
Durante a pandemia, Rasmus usou as cozinhas do restaurante para alimentar os sem-teto de Copenhague por meio de sua organização sem fins lucrativos JunkFood. Além do importante projeto em colaboração com o hospital local, Rigshospitalet, para ajudar crianças da ala oncológica – criou-se um sorvete rico em proteínas.
Com um certo propósito futurista, o Alchemist eleva os padrões da gastronomia, desafia os limites da criatividade e da excelência. A busca incessante pela inovação e reflexão perante aos problemas mundiais, torna o destino imperdível para os amantes da boa comida e da experiência gastronômica.