Fitness

Por *Danielle Cohen


Xolo Maridueña (Foto: WireImage) — Foto: GQ
Xolo Maridueña (Foto: WireImage) — Foto: GQ

Xolo Maridueña começou a mais nova temporada de Cobra Kai com seu personagem em uma cadeira de rodas. Nada muito encorajador para um ator que geralmente faz 95% de suas cenas de ação. O show, um spin off dos filmes Karatê Kid, acompanha o vilão dos longas, Johnny Lawrence, em uma saga tardia de redenção (quase 30 anos depois, tanto Johnny quanto seu rival, Daniel LaRusso, são interpretados pelos atores originais). É claro que contar uma história do ponto de vista do cara mau não é um conceito inédito, mas no decorrer da série a trama deixa a rivalidade de lado e explora como Daniel e Johnny lentamente superam suas diferenças - e ensinam o mesmo a seus alunos.

Maridueña é o coração pulsante desta jornada. Na pele de Miguel, que é basicamente o ‘Karatê Kid’ da vez, ele serve de espelho para a conflituosa relação de Johnny com sua própria bondade e sua aspiração por uma geração mais gentil de artistas marciais. Muito disso é traduzido no jeito que Miguel luta: afinal, foi uma maliciosa rasteira ilegal a ferramenta que Johnny usou para derrubar Daniel lá no clímax do primeiro Karatê Kid. Pode parecer um tanto brega, mas Maridueña, de 19 anos, carrega com sinceridade o instinto (às vezes equivocado) de Miguel em fazer a coisa certa. Mesmo que isso signifique ser jogado de um corrimão. Daí a cadeira de rodas.

Ao fim da temporada, Miguel se recupera a tempo de enfrentar o dojo adversário, culminando em uma cena de ação que atravessa toda a casa de um dos personagens. O momento, segundo Maridueña, foi resultado de horas de coreografia complexa, desenvolvida pelos especialistas perfeccionistas do show . Embora ele tenha começado aos 16 anos como o único personagem jovem da série a lutar caratê, agora ele treina com outros cinco coadjuvantes (que ele jura estarem em melhor forma do que ele próprio). O fato o motiva a se esforçar ainda mais no treino. A GQ falou com Maridueña na semana do lançamento da terceira temporada (a primeira a estrear no Netflix) para descobrir como ele chegou ao nível do legado de Karatê Kid.

GQ: Quanto caratê você realmente pratica na série?

Xolo Maridueña: Eu faço cerca de 90, 95% das minhas cenas de ação. O que sobra é só aquilo que não seria seguro fazer, como ser jogado em árvore ou derrubado de uma escada.

GQ: Você tinha dezesseis quando participou da primeira temporada. Como conseguiu ficar em forma pra fazer tudo aquilo?

Xolo Maridueña: Fizemos um mês de treinamento antes de sequer começar a gravar. Foi a rotina mais dura que já tive. Boa parte dos meus anos na escola eu passei jogando basquete por diversão e fiz parte de um time de tênis no colegial, mas nada te prepara para a flexibilidade exigida por uma arte marcial. Eu guardo vídeos desses primeiros dias em que sentia minhas pernas como se fossem macarrão.

Muito do treino era kickboxing e cardio, para conseguir força nas pernas. Alongamento era fundamental. O caratê mesmo entra na parte em que você trabalha com os coreógrafos desenvolvendo as lutas. Nossos coordenadores fizeram um ótimo trabalho em garantir que estivéssemos confortáveis e preparados. Todo mundo queria fazer o máximo de manobras possíveis, e eles nos deram justamente essa oportunidade.

Toda temporada após a primeira tivemos uma semana para voltar ao ritmo. Muitas das pessoas com quem treinamos moram em Los Angeles, então antes das filmagens, passamos um tempo com Simon Rhee, que é um artista marcial fantástico. Geralmente é só para voltarmos a aprender o básico, dominarmos os chutes frontais, laterais e giratórios e garantirmos uma boa forma. Assim, quando viajamos para Atlanta [onde o show é filmado] já temos toda a base e podemos fazer coisas mais mirabolantes em cena.

GQ: Como é um dia comum de treino?

Xolo Maridueña: Começamos com aeróbico e uma sessão leve de alongamentos. Se não precisarmos ensaiar coreografia, geralmente partimos para um HIIT, fazendo repetições de ponta a ponta. Pode ser 30 segundos de flexões, 30 segundos de polichinelo, depois colocar a luva e fazer uma sessão de sparring, mantendo sempre o ritmo cardíaco alto. E daí se precisarmos ensaiar as cenas, fazemos isso.

Nossa rotina era um pouco diferente logo no começo da produção, porque naqueles primeiros episódios eu era o único no treino. Já na terceira temporada, temos um grupo de talvez seis pessoas. Então passamos a trabalhar juntos. Ter alguém fora o treinador nos motivando realmente faz a diferença.

Já que nem todos treinam nos mesmos horários, recentemente aproveitei para me exercitar com pesos, o que é bem divertido. Sou o mais jovem do elenco, e todos tiveram mais anos em academias do que eu. Antes de filmar a terceira temporada, nunca estive em uma, levantando peso e coisa e tal. Tem sido interessante fazer isso e construir um pouco de força. Sou do tipo magrelo e quando é assim você vê progresso com bem mais velocidade - o que ajuda a te animar. Foi um bom jeito de passar o tempo na quarentena.

Jacob Bertrand e Xolo Maridueña em cena de Cobra Kai (Foto: Getty Images) — Foto: GQ
Jacob Bertrand e Xolo Maridueña em cena de Cobra Kai (Foto: Getty Images) — Foto: GQ

GQ: Como foi se juntar a todos seus outros colegas depois de passar um tempo sendo o único lutando nas cenas?

Xolo Maridueña: Estava animado para treinar com meus amigos. Por outro lado, senti que conquistei tanto e daí todos eles são tão atléticos - parecia que conseguiam mais do que eu sem se esforçarem. Mas um pouco de competição é sempre algo bom. Parece que havia ganhado um novo objetivo.

GQ: Pode nos dizer como é passar pelo processo de uma cena coreografada?

Xolo Maridueña: É quase uma dança. Temos que garantir que estamos na posição correta a tempo e que estejamos prontos e atentos durante a gravação. Mesmo que não estejamos no take, é preciso manter o ritmo cardíaco, preparados para retomar de onde paramos. Fazemos uma rotina falsa, chamada ‘chutar e receber’. Nosso microfone fica desligado, então alertamos um ao outro o que vamos fazer em seguida, tipo ‘Gancho! Soco no corpo, soco no corpo!”, como em uma luta improvisada. Tudo para garantir que você esteja reagindo corretamente e acertando os golpes.

Nosso coreógrafo investe um tempão desenhando essas lutas e fazendo dos lutadores personalidades tridimensionais - o que reflete em seus estilos de luta. Todos praticamos formas diferentes dependendo de que dojo nossos personagens frequentam. Às vezes, isso significa unir dois estilos distintos, como o Tang Soo Do e o Shudokan.

Tanner Buchanan, Mary Mouser e Ralph Macchio em cena de Cobra Kai (Foto: Divulgação) — Foto: GQ
Tanner Buchanan, Mary Mouser e Ralph Macchio em cena de Cobra Kai (Foto: Divulgação) — Foto: GQ

GQ: E como essa dinâmica funciona com os adultos, especialmente atores como Ralph Macchio e Billy Zabka, que fazem esse tipo de coisa há décadas?

Xolo Maridueña: Na primeira temporada, Johnny [personagem de Billy Zabka] se mete nessa baita briga com quatro colegiais. Durante o ensaio para aquela cena me lembro de pensar ‘Pô, esse cara já está na casa dos 50 , deve estar super enferrujado’. Mas ele é muito profissional, e o resultado é visível na tela.

Esses caras investem pesado nos alongamentos, o que imprimiu em mim a importância da prática logo nos primeiros momentos da filmagem. Você dá um chute errado, distende algum músculo e pronto, tá fora pelo resto do dia.

GQ: Você chegou a se ferir?

Xolo Maridueña: Nada muito sério. Muitas das lesões corriqueiras envolvem alguém pisar na sua mão, ou ser chutado e socado. A única coisa mais séria foi no final da primeira temporada: eu ainda usava aparelhos e, durante a cena do torneio, Tanner me atingiu no rosto por acidente. O fio do meu aparelho atravessou a bochecha. Continuamos a encenar a luta e eu nem notei. A equipe gritou ‘Corta!’ e de repente havia sangue pingando do meu rosto. Tirar o fio foi mais doloroso que o impacto inicial.

GQ: Quais hábitos alimentares você adotou?

Xolo Maridueña: Para ser bem franco, eu tinha dezesseis na primeira temporada e meu metabolismo estava nas alturas. Podia comer o que quisesse e não importava nem um pouco. Mas senti que, na altura da terceira temporada, embora mantivesse essa mentalidade, meu organismo não estava mais tão rápido. Recentemente decidi cortar carboidratos. Por sorte, não sou viciado em doce, então sobremesas e refrigerantes nunca foram um grande problema. O desafio é quantidade. Amo comer e estou sempre beliscando algo, então substituir batatinhas por uma maçã aqui e ali ajuda. Na maior parte do tempo eu acredito que estou super faminto, mas meu corpo só precisa de água ou outro tipo de sustento.

Diminuir a rotina de sair para comer é essencial. Se consigo fazer toda a comida em casa, já é uma baita diferença. Geralmente isso significa arroz com frango, arroz com peixe, arroz com qualquer coisa. Eu costumava odiar arroz integral, mas com o passar dos anos achei maneiras de torná-lo mais agradável.

GQ: Você tem um prato que adora cozinhar?

Xolo Maridueña: Minha receita favorita vai contra tudo que acabei de falar. Eu adoro frango à parmegiana. Toda vez que preparo eu mesmo fica muito, muito bom. Eu tenho que comer com moderação - talvez uma vez a cada uma ou duas semanas. Tenho dezenove e não estou a fim de ser o próximo Dwayne Johnson, então tento desencanar do lance da comida às vezes - mas é algo que faço com consciência.

GQ: Com alguém que entrou nessa indústria super competitiva cedo, o que você faz para lidar com o ruído?

Xolo Maridueña: O principal é ter moderação com as redes sociais. É muito fácil se perder nas opiniões que todo mundo tem do show ou do que você está fazendo com sua vida. Tenho limites programados no meu celular, então olho por 15 minutos e não volto a navegar muito depois disso.

* Leia a matéria original na GQ

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