Até o mês de julho, os sábados ganharão uma programação especial na galeria Choque Cultural, pioneira em arte urbana e linguagens contemporâneas, localizada na zona sul de São Paulo. Os fundadores Baixo Ribeiro e Mariana Martins decidiram revisitar a história do espaço que neste ano completa 20 anos de existência.
A primeira exposição já começa neste próximo final de semana (11), com duas salas expositivas com obras icônicas de cinco artistas em cada. Nomes que fizeram e fazem parte da curadoria da galeria, como o do muralista argentino TEC.
À GQ Brasil, o sócio, arquiteto e ativista urbano, Baixo Ribeiro reflete sobre a passagem do tempo e os rumos que tomaram a arte contemporânea na capital paulista, berço da Choque Cultural. Segundo ele, o momento convida a não só olhar para trás, mas também para o futuro da arte e da cidade.
"Tenho uma impressão até interessante sobre esse período", abre Ribeiro, em conversa ao telefone. Ele, que é um dos responsáveis pela aposta na efervescência da arte de rua, intervenções coletivas e todas as expressões que fogem ao convencional, traz duas contemplações e a primeira delas diz respeito à transformação do sistema.
"Antes, o mercado era restrito, pequeno e elitista. Nascemos olhando para a periferia, olhando para o que acontecia fora do meio. Nós criamos pontes firmes nesse sentido. Abrimos caminho para artistas que não estavam sendo representados", afirma.
Atualmente, segundo ele, as galerias enxergam as diferentes expressões artísticas. Uma resposta ao movimento iniciado pela própria Choque Cultura em meados dos anos 2000, época em que grafite, ilustrações e instalações, não eram reconhecidos com legitimidade.
"Tivemos uma conquista de espaço na arte urbana", pontua o pesquisador, em segundo plano. "Os prédios sentem a necessidade da presença de murais e pinturas, por exemplo. São Paulo se tornou mais artística nos últimos 20 anos e tanto a rede público quanto as grandes corporativas entenderam que as pessoas querem convier com uma cidade mais critica, mais politica."
Em Manifesto, a galeria reforça a premissa de "unir diferentes choques culturais e a colaboratividade de arte". "A cidade é uma disputa, sempre vai ser, afinal, são 20 milhões de pessoas que convivem juntas. É um lugar do dissenso, do diálogo e discussão. O que não pode é desequilíbrio, violência e autoritarismo."
A comemoração das duas décadas da galeria ainda se estenderá ao longo do ano.
Serviço
Coletiva Choque 20 anos
Curadoria: Valéria Piccoli, Fernanda Pitta e Taylor L. Poulin
Quando: Sábado, das 10 às 17 horas
Local: Alameda Sarutaiá 206, Jardim Paulista, São Paulo, SP
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