Agricultura

Por Maria Emília Zampieri — Vinhedo (SP)

O Supremo Tribunal Federal (STF) definiu nesta quarta-feira (26/6) que o porte de maconha não deverá mais ser considerado crime, e sim infração administrativa, quando se configurar que o material é para uso pessoal. Mas e plantar, é crime? Entenda o que muda nas regras para o cultivo após a decisão do STF.

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Plantar maconha é crime no Brasil?

O cultivo de cannabis não é legal no Brasil. Mas, até que o Congresso discuta o assunto, o STF decidiu que será presumido como usuário quem, para uso próprio, adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo até 40 gramas de cannabis sativa ou seis plantas fêmeas.

Terão direito a plantar apenas indivíduos, instituições de pesquisa ou associações sem fins lucrativos que conquistem na justiça um habeas corpus preventivo, também chamado de “salvo-conduto”, assim que se comprovar que a finalidade é usar a planta para pesquisa científica ou uso medicinal do óleo extraído da planta.

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) estabeleceu esse permissão em setembro de 2023. As liberações ocorrem após análises pontuais, caso a caso, e se restringem à finalidade de produção de óleos com propriedades reconhecidamente medicinais sem as substâncias entorpecentes.

Para obter a concessão, o produtor tem que obedecer ao limite de quantidade de plantas e se submeter à fiscalização de plantio e do produto final.

Murilo Nicolau, advogado especialista em cannabis, comenta que o fim da punição administrativa para quem planta até seis pés de cannabis não deve ter reflexos sobre quem faz o plantio para uso medicinal nem sobre os pedidos de habeas corpus.

"Não cai a necessidade do habeas corpus. Na prática, a maioria dos pacientes precisa de mais de seis plantas para uso em tratamento, quantidade máxima definida no julgamento do STF. Normalmente, o paciente que faz o uso medicinal investe em estrutura para o seu cultivo e vai seguir necessitando do habeas corpus para não correr o risco de perder tudo", explica.

Com isso, continua obrigatória a prescrição médica para uso medicinal da planta. Essa destinação se enquadra em outra categoria, que não entrou na discussão dos artigos 28 e 33 do Código Penal.

Quem cultiva cannabis no Brasil?

Segundo o Anuário da Cannabis Medicinal no Brasil 2023, produzido pela consultoria Kaya Mind, cerca de 3 mil pacientes têm autorização para plantar cannabis para fins medicinais e consumo próprio do óleo que se extrai da planta.

Mas, de acordo com o estudo, o universo potencial de pacientes que poderiam utilizar a planta no Brasil é de 6,9 milhões de pessoas.

Thiago Ermano presidente da Associação Brasileira de Indústrias de Cannabis (Abicann), diz que a pauta que o STF discutiu nesta semana representa apenas uma “ínfima parte dentre das infinitas possibilidades de abordagens a respeito do acesso, naturalidade e maturidade da reinserção das aplicações da cannabis no Brasil”.

Segundo ele, é urgente a discussão sobre o cultivo extensivo, para fins medicinais e industriais, que carecem de modulação e regulamentação.

“Há oportunidades nos fins terapêuticos, já que o cultivo nacional deixaria [os remédios] mais acessíveis aos brasileiros. Depois, há vertentes de produção para as indústrias cosmética, alimentícia e têxtil, que vão demandar plantio externo e em estufa”, afirma.

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