Clara
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Por Clara Sodré (@clarasodree)

Especialista em investimentos, analista de Alocação e Fundos da XP e educadora na XP Educação (XP Inc.). Foca em educação financeira e diversidade no mercado.


Faz pouco tempo que falei sobre essa história de que dinheiro e investimentos não eram coisas “de mulher”. Mas, o que acontece quando fazemos um recorte racial nessa análise? Antes de falar sobre dinheiro, vamos olhar para um breve contexto histórico:

Mulheres negras e dinheiro: como as desigualdades sociais atrapalham o crescimento financeiro (Foto: Leticia Oliveira) — Foto: Glamour
Mulheres negras e dinheiro: como as desigualdades sociais atrapalham o crescimento financeiro (Foto: Leticia Oliveira) — Foto: Glamour

A tal da pirâmide

Se fosse feita uma foto da nossa atual realidade socioeconômica, colocando aspectos como renda, acesso, escolaridade e oportunidades, veríamos uma pirâmide. Essa pirâmide socioeconômica serve para mensurar como está a desigualdade da nossa sociedade atualmente. E quando falamos de desigualdade, fazendo um recorte de gênero e cor, notamos que as mulheres negras estão na base dessa pirâmide. Trazendo os dados de renda como exemplo, uma pesquisa do IBGE mostrou que a mulher negra recebe menos da metade que o salário de um homem branco.

Ao olhar para a luta pela equidade de gênero, é possível perceber que o direito de trabalhar é uma das principais bandeiras. Quando fazemos um recorte de raça, vemos que a mulher negra sempre trabalhou – durante os mais de três séculos da escravidão, as mulheres negras ficavam com os trabalhos domésticos e braçais, e essa realidade não mudou muito de lá para cá.

Para mulheres negras, lidar com dinheiro sempre foi uma questão de sobrevivência – mesmo com salários mais baixos que a média, uma grande maioria é responsável por toda parte financeira da casa. Segundo o IBGE, quando olhamos para os lares de mães solos, 61% do total são chefiados por mulheres negras. Em contrapartida, 63% das casas chefiadas por mulheres negras estão abaixo da linha de pobreza.

Olhar para história faz ter consciência sobre a desigualdade da nossa sociedade, e entender todo esse processo ajuda a desconstruir essa estrutura que temos atualmente para fortalecer e transformar nossa atual realidade. Como? Podemos começar ajudando nossas mulheres afro empreendedoras, até porque, o Sebrae mostrou que, entre as mulheres empreendedoras, as mulheres negras são metade desse número. Por outro lado, uma boa parte ainda está na informalidade (49%) do total.

Estar na informalidade, receber baixas remunerações e ter forças para lutar dia a dia para educar e alimentar a família não é fácil. Por isso, ao falarmos de investimentos e mercado financeiro, primeiro precisamos tirar da frente todas essas dificuldades que a mulher negra enfrenta para conseguir se consolidar.

Por que estou aqui hoje?

Estou aqui hoje por ter esperança, sei que comecei trazendo alguns dados que entristecem, mas que são a realidade. E, como falei, o primeiro passo é ter consciência. Qual o segundo? Ocupar espaços. Quando eu resolvi que iria começar a faculdade em um dos setores mais machistas (engenharia mecânica), tinha um pensamento bem claro: eu quero ocupar espaços. E esse pensamento continuou e continua comigo durante essa trajetória no mercado financeiro.

Meu sonho é ver mulheres negras em todos espaços, setores, indústrias. Quero ver mulheres negras líderes, puxando outras negras. Vale citar aqui a incrível Angela Davis: “Quando a mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela". E eu quero ver essa estrutura se movimentar, a diversidade aumentar e com ela a transformação acontecer.

Então, na coluna de hoje, a dica não é de investimento no mercado financeiro, é de investir seu tempo conhecendo mulheres que estão ajudando a movimentar a sociedade e que produzem conteúdos sobre mercado financeiro. Não quero estar aqui sozinha, quero estar cercada de mulheres negras inspiradoras.

São elas: Monica Costa, do @GranaPretta, Átila Lima, @atilalimafinancas, Dina Prates, do @Dinapratesfinancas, Laura, do @sesitua.financas, Cinara Santos, do @cina.prospera, Nath Amaral, do @Nathamaral.financas, e a Mila Gaudencio, @milagaudencio, entre diversas outras, que se você quiser me indicar lá no meu Instagram (@clarasodree), vou adorar conhecer e me inspirar.

Para finalizar, gostaria de ressaltar que a luta antirracista é para todos. Não existe transformação sem consciência e sem oportunidades. Se você aprendeu algo ou se inspirou com esse texto, não esquece de compartilhar, o conhecimento é transformador. Vamos nessa?

Clara Sodré é epecialista em Investimentos e Assessora de Investimentos da XP. Criadora de conteúdos voltados para educação financeira e diversidade no mercado financeiro. Antes disso trabalhou no Banco Bradesco e no escritório de investimentos EQI. (Foto: Divulgação) — Foto: Glamour
Clara Sodré é epecialista em Investimentos e Assessora de Investimentos da XP. Criadora de conteúdos voltados para educação financeira e diversidade no mercado financeiro. Antes disso trabalhou no Banco Bradesco e no escritório de investimentos EQI. (Foto: Divulgação) — Foto: Glamour
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