Inovação de Resultado


Maria Garrido, diretora global de Marketing da Deezer — Foto: Divulgação
Maria Garrido, diretora global de Marketing da Deezer — Foto: Divulgação

Duas inovações estratégicas colocaram a Deezer no posto de serviço de streaming musical mais relevante de 2023. Apesar de deter apenas 1,3% do mercado global (com 10,5 milhões de assinantes, 2,7 milhões deles no Brasil), contra 31,7% da líder Spotify (com 245 milhões), a empresa francesa foi capaz de introduzir mudanças com potencial para revolucionar o setor.

A primeira delas foi a decisão de criar um sistema de pagamentos artist-centric (centrado no artista), a partir de uma parceria com gravadoras como Universal Music e Warner. Na prática, funciona assim: para artistas populares, com grande número de fãs, uma única escuta de um hit passou a valer por duas.

Trata-se de uma mudança poderosa no modelo de streaming, conhecido justamente por pagar pouco aos músicos. O novo acordo pode significar um aumento de 10% nos valores recebidos pelos artistas. Por enquanto, só a Deezer implementou o formato: Apple Music e Spotify continuam pagando base no total de escutas, independentemente da popularidade do artista.

Para se qualificarem para os pagamentos aumentados, os artistas precisam de um mínimo de 1.000 streamings por mês por pelo menos 500 usuários separados. Os valores podem dobrar novamente (quatro escutas no lugar de uma) se os usuários procurarem ativamente por artistas e faixas específicas para reproduzir. Embora o modelo ainda esteja sendo implementado, o efeito nas assinaturas já se fez sentir: um aumento de 4,4%.

O outro trunfo da empresa em 2023 foi estabelecer parcerias com empresas de mídia e de e-commerce para aumentar sua base de assinantes. Na America Latina, um dos principais acordos foi com o Mercado Livre: quem fizesse uma assinatura Meli+ ganharia 1 ano de Deezer premium. Já na Europa, ganharam mercado ao se aliar à RTL, empresa que faz streaming de filmes em língua alemã.

As parcerias foram decisivas para que base de assinantes chegasse a 10,5 milhões – um crescimento de 11,5% em relação ao ano anterior. “Ganhamos 1 milhão de novos assinantes, então isso é bem importante”, diz Maria Garrido, diretora global de Marketing da Deezer, em entrevista a Época NEGÓCIOS. “E o nosso negócio B2B está em crescimento acelerado, por conta do sucesso das parcerias realizadas. Acreditamos que essa estratégia ainda vai crescer muito mais a nível global.”

Confira a seguir os principais trechos da entrevista.

A Deezer foi considerada uma das empresas mais inovadoras do ano no setor. Por que você acha que isso aconteceu?

Acredito que há duas razões principais para isso. A primeira é porque, ao contrário de nossos concorrentes, estamos obcecados em espalhar experiências musicais pelo mundo. E fazemos isso principalmente por meio de parcerias comerciais. Levamos serviços de streaming de música para parceiros como o Mercado Livre, na América Latina, a Sonos, nos Estados Unidos, e a RTL, na Alemanha. Então, esta é uma estratégia um pouco diferente de alguns de nossos concorrentes, que estão mais focados em negócios B2C.

Nosso sistema artist-centric também contribuiu, claro. Começamos a implementar apenas com a Universal Music, mas agora estamos espalhando para todos os nossos parceiros. Os sistemas de pagamento centrados no artista nos permitem remunerar melhor os artistas, por conta do tamanho da sua base de fãs e pelo tempo que suas músicas são transmitidas na plataforma. E isso foi realmente novo para o mercado. Fomos os primeiros a fazer isso. Como somos menores, podemos ser mais ágeis que alguns dos outros players.

A empresa foi fundada em 2007. Por que só agora decidiram fazer isso?

Acho que, por muito tempo, tanto nós quanto nossos concorrentes temos procurado maneiras de monetizar melhor o streaming. Veja bem, até hoje não somos lucrativos, nem nós, nem nossos concorrentes. Em algum momento, esses modelos de negócios precisam mudar, para garantir a saúde e a longevidade das empresas, e também para valorizar o trabalho dos artistas. Por algum motivo, ficou instituído que a música deveria chegar às pessoas de graça. Mas o público paga muito dinheiro para ir a shows. Então também deveriam estar pagando pelo trabalho que um artista empenha ao criar música.

A Netflix é um ótimo exemplo. As pessoas não vão ao cinema de graça, elas pagam. E esse dinheiro contribui para a produção, a equipe de iluminação, as equipes de som, os diretores, os atores que estão no filme. O mesmo acontece com a música. Há uma equipe inteira de pessoas talentosas que se reúnem para criar uma faixa ou um álbum. Por isso acho que precisamos desmistificar o mito de que a música deve ser gratuita. O artista e as pessoas que trabalham nessa indústria precisam ser pagos.

O que mais pretendem fazer para aumentar a receita?

Para nós, há dois pilares de crescimento: estabelecer parcerias B2B em escala global e consolidar nossa participação no mercado B2C nos mercados onde temos forte presença, como França e Brasil. Além disso, precisamos garantir que gastemos nosso dinheiro de forma tão eficaz e eficiente para o nosso negócio avançar.

Quais foram os resultados práticos das mudanças do último ano?

Bom, ganhamos 1 milhão de novos assinantes, então isso é bem importante. Encerramos o ano passado com o maior número de assinantes que já tivemos na história do Deezer. E o nosso negócio B2B está em crescimento acelerado, por conta do sucesso das parcerias realizadas. Acreditamos que essa estratégia ainda vai crescer muito mais a nível global.

Até que ponto vocês querem crescer?

Acho que o céu é o limite, certo? O objetivo, acredito, para nós, assim como para nossos concorrentes e todas as grandes gravadoras com as quais trabalhamos, é aumentar o tamanho do bolo. Vemos o merchandising crescendo. Vemos shows explodindo em todos os lugares. Então, queremos ir além do streaming digital e nos tornar uma plataforma de experiências musicais, um canal para as pessoas se expressarem, e também para se conectarem com seus amigos, com seus artistas favoritos e com outros fãs.

Qual a importância do mercado brasileiro para a Deezer?

O Brasil tem sido um tubo de ensaio de inovação para nosso negócio B2C, se posso dizer assim. É no Brasil que percebemos que as experiências dos fãs são um dos maiores impulsionadores de engajamento com uma plataforma de streaming. Os festivais que patrocinamos e as experiências que criamos são provas disso. E o Brasil também tem uma coisa que é diferente de um mercado como o americano ou o francês. Aqui, o apoio aos artistas e gêneros locais é muito valorizado. É muito importante no Brasil que nós demos apoio a festivais de sertanejo e ajudemos a descobrir artistas em ascensão. No Brasil, esse tipo de ativação traz muito valor agregado para nossos fãs e para nossos futuros assinantes.

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