Joia usada por Cate Blanchett no BAFTA esconde uma mensagem poderosa

Nicolas Ghesquière usou o acervo da maison para criar o vestido, que exigiu 150 horas de trabalho, enquanto Francesca Amfitheatrof, diretora artística de relógios e joias da Louis Vuitton, selecionou e reorganizou pedras de coleções mais antigas para criar a gargantilha de Blanchett — um processo que a marca chama de "circularidade criativa". "Deadstock não é uma palavra sexy", diz Blanchett à Vogue. “Mas Nicolas o usou para fazer um vestido forte e sexy, e Francesca trouxe sua arte à tona mais uma vez para reorganizar e redesenhar uma peça espetacular de joias para o corpo. Estou admirada com os dois e gosto de colaborar com eles na Louis Vuitton.”

Está longe de ser a primeira vez que Blanchett usou o tapete vermelho para ajudar a colocar a questão das mudanças climáticas no centro das atenções. Como presidente do júri do Festival de Cinema de Veneza de 2020, Blanchett declarou que só usaria looks em que havia aparecido anteriormente no tapete vermelho — agora é um hábito regular para destacar a questão do excesso de produção na indústria da moda.

Amfitheatrof trabalhou em colaboração com a atriz e sua estilista, Elizabeth Stewart, para criar uma joia única que poderia ser usada de maneira proeminente e inovadora. "Não é simplesmente o estilo pessoal de Cate, mas sua produção criativa que é tão inspiradora", diz Amfitheatrof. “Ela personificou tantos personagens incríveis que me inspiram a me apoiar na história e no drama, permitindo que a emoção seja expressa através dos designs. Compartilhamos uma crença mútua e muito sincera na mensagem desses projetos — e há muito amor por trás deste. Não é uma 'colaboração', é um privilégio.”

O elaborado híbrido de gargantilha/bodychain apresenta pérolas em uma variedade de tons e incorpora uma corrente de diamantes com o monograma da Louis Vuitton, com três gemas excepcionais alinhadas verticalmente na peça: um espinélio rosa de 15,25 quilates no coração de um monograma duplo cravejado de diamantes; uma tsavorita de 10,73 quilates; e, finalmente, uma safira roxa oval de 2,70 quilates abraçada por diamantes. O resultado é a versão mais elegante da armadura de um guerreira ecológica.

As pérolas são um elemento particularmente pungente da peça. Sendo particularmente sensível às condições ambientais, como poluição e acidez, a jóia marinha muitas vezes serviu como um emblema delicado, mas poderoso, da fragilidade do nosso planeta. “Não se trata apenas de projetar grandes peças de joias, trata-se também de aumentar a conscientização sobre sustentabilidade”, diz Amfitheatrof.

“Eu amo o próximo, o novo, mas também gosto da oportunidade de retrabalhar, refletir e trazer o melhor do passado para o presente”, conclui Cate. “Não existem soluções únicas para combater as mudanças climáticas antropogênicas, mas é necessário encontrar maneiras criativas de enfrentar [a cultura do] excesso na indústria da moda e as pressões que ela coloca sobre o nosso clima.”

Esta matéria foi originalmente publicada na Vogue UK.