Sete minutos de aplausos entusiasmados. Foi essa a resposta que o filme Priscilla, de Sofia Coppola, recebeu do seleto público do 80º Festival de Cinema de Veneza, no início deste mês. A diretora tem uma relação especial com o evento, onde recebeu o prêmio máximo pelo longa Um Lugar Qualquer, em 2011, e lançou Encontros e Desencontros, 20 anos atrás, quando ainda era considerada uma jovem prodígio do cinema.
Agora, aos 52 anos, Sofia chega ao marco de nove longas-metragens e 25 anos de carreira. A trajetória completa está no livro Sofia Coppola Archive: 1999-2023, que acaba de ser liberado para pré-venda pela editora Mack.
Com 488 páginas, a publicação tem duas versões: uma com capa comum, por 65 dólares, e uma edição especial limitada, com direito à assinatura da diretora, capa dura e um print numerado de Priscilla — são apenas 300 edições, por 500 dólares cada.
O livro remete mais a um scrapbook do que a um coffee table book , e reúne relíquias da jornada de Sofia pelo cinema, como a reprodução das cartas que ela enviou à escritora e aristocrata Lady Antonia Fraser pedindo pelos direitos autorais do livro Maria Antonieta - A Viagem , que inspirou o seu filme Maria Antonieta, lançado em 2006. Há também cartas endereçadas ao ator Bill Murray, estrela de Encontros e Desencontros e On the Rocks, em tom ansioso: “Só vou fazer esse filme se for com você”, escreve a diretora.
![Sofia Coppola lança livro sobre os 25 anos de carreira — Foto: Divulgação](https://cdn.statically.io/img/s2-vogue.glbimg.com/B0BN2we6pposPETqWFr_W1Kwg4s=/0x0:1600x1324/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_5dfbcf92c1a84b20a5da5024d398ff2f/internal_photos/bs/2023/M/B/7iMhciSBATRPPlUZ195g/sofia-coppola.webp)
Além de um compilado imagético rico para quem se interessa por moda, arte e design, a publicação evidencia a conexão de Sofia Coppola com o meio musical. Antes de se casar com Thomas Mars, vocalista da banda francesa Phoenix, com quem tem duas filhas adolescentes, ela já assinava trilhas sonoras de sucesso — sou especialmente fã da seleção de músicas de Maria Antonieta. O cinema de Sofia mexe com todos os sentidos e marca quem o vê.
O olhar esteta, o ouvido atento, a autenticidade e o repertório da diretora vêm de família. Filha do também diretor Francis Ford Coppola, ela viveu e cresceu no meio do cinema. Sua imagem é marcante dançando valsa em O Poderoso Chefão 3, dirigido por seu pai em 1990. Na época, ela também fez pontas de sucesso em filmes como Star Wars — A Ameaça Fantasma e Peggy Sue — Seu Passado a Espera.
Mas Sofia já se encantava pelos bastidores. Um ano antes de sua estreia como diretora, em 1989, ela assinou o figurino de Life Without Zoe, o curta de seu pai para o especial Contos De Nova York, que reuniu curtas de grandes diretores. O que ela escolheu para o look das personagens? Chanel! Sua ligação com a maison francesa começou cedo, quando tinha apenas 15 anos e fez um estágio ao lado do então diretor criativo Karl Lagerfeld durante um verão. Desde então, os laços ficaram cada vez mais estreitos.
![A personagem Priscilla Presley, do novo filme de Sofia Coppola, usa vestido de noiva Chanel feito especialmente para o longa — Foto: Reprodução](https://cdn.statically.io/img/s2-vogue.glbimg.com/ULi3jxzM-WSGy0OyzQ2FeiKaZx4=/0x0:3000x2000/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_5dfbcf92c1a84b20a5da5024d398ff2f/internal_photos/bs/2023/i/M/wkI1r5Q2aOuL45lrqPiQ/priscilla.jpg)
Para a pré-estreia de Priscilla no Festival de Veneza deste ano, Sofia Coppola escolheu um look preto da marca francesa, que é também uma das apoiadoras do filme, que conta a versão de Priscilla Presley (a primeira esposa de Elvis) sobre tudo o que viveu entre os 14 e 29 anos.
A Chanel, agora sob o comando de Virginie Viard, 60 anos, assina ainda o vestido de casamento de Priscilla no filme. À convite de Viard, Sofia Coppola e o ator Jacob Elordi, que interpreta Elvis Presley, receberam os convidados para a celebração anual da maison durante o festival, no tradicional bar Harry’s — que já apareceu na Vogue em um episódio recente do Check-In Com Camilla Guebur.
![Sofia Coppola foi uma das anfitriãs da Chanel no happy hour anual que a marca realiza durante o Festival de Veneza — Foto: Courtesy of CHANEL](https://cdn.statically.io/img/s2-vogue.glbimg.com/xnezRv-uD59yOOAjQppZdeg_VKY=/0x0:1600x2350/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_5dfbcf92c1a84b20a5da5024d398ff2f/internal_photos/bs/2023/U/a/COS2yxQAqxvoN5bY3Vlw/sofia20and20elordi.webp)
Depois de ver Coppola nas fotos do Festival de Veneza e ler algumas de suas entrevistas, ficou evidente para mim que a garota prodígio do cinema se tornou uma coroa bem-sucedida, bem-resolvida e que parece estar muito bem na própria pele, corpo, cabeça e vida.
Não existe nela nenhum sinal de alguém que aparenta ser o que não é. E o que pode ser mais bonito, mais elegante e coerente do que alguém assim? A autenticidade sempre foi um dos trunfos de Sofia — desde quando era uma jovem estreante até agora, como uma coroa inspiradora.
Seu interesse em roteiros que narram a construção da identidade talvez tenha ajudado a diretora a criar sua própria, tanto em suas produções quanto na maneira como se expõe. Falar em o "cinema de Sofia" me remete ao título do romance Mundo de Sofia. Pode soar como uma conexão aleatória, mas a cineasta também criou seu próprio universo dentro de seu ofício, e tem ajudado a escrever parte importante da história do cinema.
Estou ansiosa para assistir Priscilla e pronta para aplaudir outros 7 minutos ou mais. Pois sim, eu deixo o meu viva para Sofia Coppola. E você?