Sua Idade

Por Claudia Lima


Isabel Teixeira e Juliano Cazarré como Maria e Alcides em "Pantanal" — Foto:  Globo/Estevam Avellar
Isabel Teixeira e Juliano Cazarré como Maria e Alcides em "Pantanal" — Foto: Globo/Estevam Avellar

Na reta final do remake da novela Pantanal, se há uma coisa que podemos dizer é que a Maria Bruaca, interpretada pela atriz Isabel Teixeira, é um dos maiores personagens da história da telenovela brasileira.

Em seu primeiro papel de destaque na TV, Isabel experimenta, pela primeira vez, o sucesso com o grande público. Antes de Maria Bruaca, a atriz deu vida à Jane, a médica que apareceu na trama de Amor de Mãe como madrinha de Chay Suede, que acaba assassinada por sua melhor amiga, Thelma, papel de Adriana Esteves.

Isabel Teixeira conversou com a Vogue sobre envelhecimento e seu papel em Pantanal — Foto:  Jorge Bispo
Isabel Teixeira conversou com a Vogue sobre envelhecimento e seu papel em Pantanal — Foto: Jorge Bispo

Mas, para além da TV, Isabel tem uma frutífera carreira nos palcos, onde atua como atriz (desde os 10 anos de idade), dramaturga e diretora, papel que exerceu recentemente em São Paulo, na peça protagonizada por Regina Braga.

Filha do cantor Renato Teixeira e da atriz Alexandra Corrêa, Isabel é mãe de dois filhos, Diego, 18 anos, e Flora, de 11. No dia da entrevista, estava em sua casa, na região central de São Paulo, pela primeira vez, depois de dois meses.

Gente como a gente, a dona da personagem mais amada do Brasil se formou no teatro e diz ser uma noveleira assumida – "Eu revi O Bem Amado, Pai Herói, Pecado Capital". Mas confessa que ainda não se acostumou com a fama e fica admirada quando é reconhecida na rua. "Ontem estava levando minha filha na escola e paramos numa padaria. Quando saí, eu ouvi assim: 'Ô Dona Maria!'. Olhei, era uma mulher lindíssima, com uma alegria imensa de estar me vendo pessoalmente"

Isabel Teixeira interpreta Maria Bruaca na telenovela "Pantanal" — Foto: Globo/João Miguel Júnior
Isabel Teixeira interpreta Maria Bruaca na telenovela "Pantanal" — Foto: Globo/João Miguel Júnior

Nesta conversa via zoom para o Vogue Sua Idade, Isabel falou sobre carreira, sucesso e maturidade.

Vogue: Isabel, você vem de uma carreira sólida no teatro. Como está sendo para você fazer uma novela inteira, pela primeira vez, aos 48 anos?

Isabel Teixeira: Eu me vejo neste lugar da novidade de, aos 48 anos, estar vivendo tudo isso e pensando: "Caramba, que legal. Por que a gente fala mal das nossas novelas?" Quando o ator entra no teatro, fala: "Isso eu não faço!". Acho velho esse negócio de falar que não faz e não gosta de novela. Porque é um discurso da ditadura militar, que os atores usavam, na época, com muita verdade. Vamos fazer novela, vamos falar para muitos! Eu sou noveleira, sempre fui, desde criança e, recentemente, revi O Bem Amado, Pai Herói, Pecado Capital. Nós sabemos fazer isso com maestria e temos que louvar nossas produções. O Brasil é um país muito rico e o público é inteligente e muito especial. E é muito legal saber que todo mundo está vendo junto, opinando, concordando, não concordando. Pensa que há dois anos, a gente estava brigando, excluindo pessoas e saindo dos grupos de família!

Como você lida com a fama e o sucesso? Você é reconhecida na rua?

IT: Eu não sou muito reconhecida não. Mas ontem estava levando minha filha na escola e paramos numa padaria. Quando saí, eu ouvi assim: 'Ô Dona Maria!'. Olhei e era uma mulher lindíssima, com uma alegria imensa de me ver pessoalmente. E ela completou: "É isso aí Maria, a gente tem que levantar todo dia e acreditar na gente mesmo!" Imagine, você estar andando na rua e ter uma explosão de comunicação dessas? A novela me proporciona isso e é lindo demais. E quanto ao sucesso… Para mim sucesso é você ler um livro que mexa com você, é quando o dia faz sentido, quando você está vivo. Sucesso é você ter, como diz o dramaturgo Bertold Brecht, "um dia belo e útil".

Sua personagem conquistou o Brasil inteiro pela transformação que ela sofreu ao longo da história. Como você enxerga a Maria Bruaca?

IT: A Maria é uma mulher sem referências, sem amigos, fechada em casa, sem TV, sem rádio, livro… Sem igreja! O Pantanal não é um lugar que ela sai e vai para a pracinha socializar. A chegada da Guta é como um vetor de transformação que modifica a cabeça daquela mulher. Quando ela descobre outra família acontece um racha, ela se desespera, entra em abalo sísmico, a sexualidade aparece…. No meio desse caos ela perde totalmente o chão onde viveu durante 30 anos mas se refaz na chalana, uma casa em movimento, água, feminina, amizade… E tem a música como cura! Nessa trama, todos os personagens têm essas curvas, que eu chamo de curva dramática, essa complexidade. Isso é arte!

A gente percebe muito o conceito de sororidade entre as mulheres da trama também. Como você vê isso?

IT: Quando ela vai para a casa do Zé Leôncio e depois para a Tapera, ela vê uma mulher livre, que é a Juma, para quem ela conta sua própria história. Não existe conflito de geração, mas um encontro de mulheres. Tem uma fala da Maria Bruaca que ficou muito na minha cabeça: 'O mundo foi realmente feito pelos homens, para os homens'. Não estou falando que as mulheres são as vítimas e os homens são os carrascos, a sociedade é vítima como um todo do machismo. Até pouquíssimo tempo atrás, para trabalhar a mulher tinha que ter permissão do homem, a honra estava no código penal. Eu acho que a competitividade entre as mulheres, a exclusão de uma mulher pela outra, é uma energia mais masculina. Essa construção e reconhecimento da sororidade, para mim, é um modus operandi totalmente feminino.

As mulheres estão encarando a maturidade com mais acolhimento. Como é para você?

IT: Eu estou começando a viver este momento. Às vezes eu preciso lembrar que daqui a pouco faço 50 anos, porque não me sinto com essa idade. Tem dias que eu me sinto com 100 anos e em outros tenho uma energia de 20. Mas sou muito suspeita, porque eu estou gostando demais de envelhecer. Mas queria que tivesse até outra palavra que não fosse "envelhecer" nem "amadurecer", porque eu me sinto muito bem com a idade que tenho. Eu não me sentia bem na década de 90, aos 20 anos, por exemplo. Achava que eu tinha que passar um gel na bunda para minha celulite sair, que minha sobrancelha tinha que ser um fiapo.… Um monte de coisa que na verdade não era eu quem achava. Hoje eu estou mais relaxada. A gente fica mais livre. E eu acho tão bonito uma mulher com mais experiência, menos ansiedade, mais segura de si. Isso é de uma beleza inenarrável.

Hoje falamos cada vez mais sobre climatério, menopausa, seus sintomas e eliminando o tabu em torno desse assunto. Você já está se preparando para esta fase?

IT: Eu ainda não estou no climatério, mas minha mãe iniciou aos 49 anos. Ela dizia que a minha avó não tinha lhe ensinado nada nem contado o que iria acontecer. Ela conviveu com uma doença grave por um tempo e partiu aos 56 anos, mas antes, me dizia: "Antes de você entrar na menopausa, queria te falar algumas coisas" e fez um pequeno diário sobre isso, com tudo anotadinho. Acho que a maturidade está além do climatério e da menopausa. Eu gosto muito de menstruar, de fechar aquele ciclo mensal. Na menopausa, fecha-se um ciclo maior e com isso, também a reprodução e a gestação. Mas sei que vou gestar outras coisas.

Qual a sua relação com a beleza? Você é uma mulher vaidosa?

IT: Eu sou vaidosa, sim. Mas do meu jeito. Eu gosto de fazer a unha e estou gostando muito de me maquiar. Eu fiquei anos sem usar maquiagem, inclusive no teatro, quando fiz um espetáculo baseado na peça As Três Irmãs, de Tchekhov. Minha personagem era a Olga, a irmã mais velha e mais interessante e mesmo assim, não me maquiei, me assumi. Na TV, eu fiz Amor de Mãe e Desalma com o cabelo grisalho. Sinto que existe um preconceito muito forte em relação a isso aqui no Brasil. Este negócio de pintar o cabelo, para parecer mais nova, é cultural.

Você acha que as pessoas não enxergam beleza nas mulheres mais velhas?

IT: Existe um condicionamento de que a juventude é sinônimo de beleza. As pessoas não conseguem enxergar beleza na velhice, é como se ela fosse uma deterioração do estado de ser. E essa coisa de "Ah, você fez 60 anos mas até que está muito bem", é um horror. A gente não pode mais deixar as pessoas falarem assim. O olhar para esse e outros tipos de beleza é a gente quem constrói. Tanto é que o padrão vai mudando de tempos em tempos. Essa mudança do olhar para a mulher mais velha como mulher vivida e sinônimo de beleza é tão bonita! Aos 20 anos, eu estava muito ansiosa, com a respiração muito alterada e agora entendo, por ter vivido todos esses anos, que o tempo é sábio. Hoje, caminhando para os 50, com certeza eu sou uma mulher muito mais interessante. E estou gostando mais de mim agora do que eu gostava antes. E acho que vou atrair pessoas que gostem de mim como eu estou, na verdade que já atraio. Este olhar faz parte da maturidade também.

Depois de tanto sucesso, qual é o próximo capítulo da sua vida?

IT: Eu não tenho um plano de carreira, gosto de viver coisas novas e estou empolgada com o que vem por aí. E fico tranquila porque eu sempre escolhi o que eu faço. Nunca fui essa pessoa de 'agora eu vou fazer isso' ou "a novela acabou, o que eu vou fazer agora?". Eu tenho o que eu chamo de "gavetas", várias delas, com projetos que posso fazer acontecer. Eu sempre fiz planos e eles sempre mudam, porque eu sou uma pessoa flexível. Posso até querer uma coisa, mas passou um vento, eu penso: 'olha que interessante!' Pronto, abriu-se uma outra estrada e é para lá que eu vou.

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