Lifestyle

Por Luiza Brasil (@madamebrasil)

Olhando para o meu “eu” de quinze anos atrás, cheia de disposição para desbravar o mundo, que enfrentava com sorriso no rosto horas de conexões, voos em companhias low coast com horários enlouquecedores, topava se hospedar de albergue em albergue e que achava que toda a oportunidade poderia ser a última, diria que a sede de quanto mais carimbar o passaporte para destravar novos destinos era o caminho único de se comprovar o meme “eita, como vive”!

Maaas, o tempo passa. A maturidade chega. E, com ela, a dificuldade maior de se adaptar ao jet lag e o desejo insaciável de viver experiências confortáveis, desfrutando da qualidade, seja no esticar de pernas de uma executiva em um viagem com mais de dez horas, seja na hospitalidade de uma hospedagem super atenta a todos os seus gostos e serviços. É claro, nada disso é o condicionante para uma viagem ter a chancela de bem vivida. Também faço negociações baseadas na importância das boas companhias e nas oportunidades que o destino dá para conhecer novas culturas ou voltar onde me brilha os olhos. Mas sou do time do quanto mais estrutura, melhor.

Sem dúvidas, amo conhecer com tempo e profundidade não só o destino, como as pessoas. Amo fazer aquela 1 hora de reconhecimento caminhando livremente pelo meu entorno. Não seguir nenhum guia que não seja o meu coração e descobrir aquele restaurante surpreendente. Ganhar o cartão fidelidade do bar, pub, tasca ou qualquer birosca local, nem que seja por uma semana. Viajar com tempo de qualidade é mergulhar nas subjetividades do destino. E esse “tempo” é relativo: pode ser um feriadão ou simplesmente um final de semana com estado de presença.

A colunista Luiza Brasil, a empresária Yoko e o relações públicas, Zé Macedo, em visita à Tóquio  — Foto: Vitor Manon / Divulgação
A colunista Luiza Brasil, a empresária Yoko e o relações públicas, Zé Macedo, em visita à Tóquio — Foto: Vitor Manon / Divulgação

E na minha listinha de boas vivências, enumero: a ilha de Barbados, Havana, Joanesburgo, Lisboa, Londres, Nova York, Paris, Roma, São Francisco, Tóquio e o Uruguai, durante uma deliciosa road trip de Montevideo a Punta del Diablo. E claro, não dá pra faltar o que “só tem no Brasil”: Belém do Pará, a Costa do Descobrimento, no Sul da Bahia, Goiânia, e Salvador são locais que me acolheram de forma muito especial.

Luiza Brasil no Uruguai — Foto: Valdecir Rosa / Divulgação
Luiza Brasil no Uruguai — Foto: Valdecir Rosa / Divulgação

Porém, entre selfies, short videos e fotos no timer de 3 segundos, vejo o como as redes sociais têm impactado a cultura do viajante. Se há tempos atrás, falávamos do seu papel de ser um canal inspirador e facilitador de traçar planos rumo aos nossos destinos sonhos, em muitos casos, tem ditado em tom de imposição destinos trend e programações superficiais que exigem muito pouco estreitamento com o local e os locais.

Pessoas que impactam diretamente o ecossistema do turismo com os seus drones invasivos (e barulhentos), que por vezes atravessam a fauna e flora desses lugares; clientes que gastam horas em um restaurante não para apreciar um bom prato e os prazeres de uma mesa farta, mas desperdiçando o seu tempo e a taxa de conversão dos estabelecimentos com suas parafernália de produção de conteúdo, para no final, só tomar um suco e seguir para o próximo pico instagramável; e por último, mas não menos importante, o encosto colonizador de alguns que só adentram no espaço do outro geograficamente, mas que não contribui para o desenvolvimento da área: simplesmente importa sua estrutura do centro-sul do país, criando uma bolha alienada e alheias às necessidades do cenário paradisíaco que escolheu para chamar de seu. Algo muito comum, principalmente durante as inúmeras festas de Ano-Novo que acontecem espalhadas pelas praias do Nordeste.

E essa desconexão me traz uma pergunta: é tudo realmente culpa do algoritmo ou estamos desenvolvendo cada vez mais turistas sem nenhum senso crítico e que são massa de manobra do que é viralizável?

Vejo que todas essas ações têm transformando-se em reações que entre médio e longo prazo apontam as mudanças que enfrentaremos na nossa forma de comunicar e no uso das redes: seja do vilarejo de Vermont nos Estados Unidos, que baniu influencers que o invadiam e o depredaram, seja o Mercado de La Boqueria em Barcelona, que assim como alguns bares e cafés ao redor do mundo, proibiram fotos em seu interior e a presença de aparatos como tripés e alguns tipos de câmeras. Todas essas experiências comprovam que assim como o turismo predatório, as "tours do close" são poucos sustentáveis para uma relação saudável não só com os destinos, por não gerar nenhum fidelização, como também com a nossa vida, despertando gatilhos de ansiedade e FOMO’s.

Nataly Castro quer se tornar a primeira mulher negra brasileira a visitar todos os países do mundo — Foto: Reprodução Instagram / @viajesemlimites
Nataly Castro quer se tornar a primeira mulher negra brasileira a visitar todos os países do mundo — Foto: Reprodução Instagram / @viajesemlimites

Por aqui, fico com as inspirações de quem praticamente me leva para viajar junto, desbravando das cores, nuances, sabores, a pluralidade das pessoas desse mundão e analisando contextos. E no meu extenso caderninho, tenho do “Face Hunter” Yvan Rodic (@facehunter) , que desde os primórdios da vida digital dos anos 2000, registra suas viagens com maestria, sensibilidade, criatividade e muito carisma para lidar como o novo, o diferente e o inusitado, até a minha descoberta mais recente que é o incrível trabalho de Nataly Castro (@viajesemlimites), que está com a missão de ser a primeira brasileira (e mulher negra) a visitar todos os países do mundo. E tudo isso é retratado de forma leve, interessante e muito profunda.

Viaje, descubra, se perceba, vive… e depois posta!

Nota: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da Vogue Brasil.

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