Oscar 2024: nossas apostas de quem irá ou deveria ganhar

Vencerá: Oppenheimer
Deveria vencer: Pobres Criaturas
Deveria ter sido um candidato: Segredos de Um Escândalo

O épico de arregalar os olhos de Christopher Nolan está o mais próximo possível do prêmio de Melhor Filme – ele até agora levou para casa os principais prêmios do Globo de Ouro, Critics 'Choice Awards, BAFTAs e SAGs. O seu suposto status de líder poderia levar os eleitores a colocar outras obras à sua frente nas suas cédulas de classificação, mesmo assim, o apoio aos seus concorrentes é disperso e não parece haver consenso. Se houvesse, de alguma forma, uma reviravolta final chocante na noite - e certamente animaria a cerimônia se houvesse - eu adoraria ver a obra adolescente fantasiosa e alucinatória de Yorgos Lanthimos roubar a cena. Em um cenário pós-Oscar de Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo, essa seria uma escolha apropriadamente maluca e excitante, enquanto Oppenheimer é um retorno ao status quo sério e rígido.

Dito isto, porém, Anatomia de uma Queda, Zona de Interesse e Os Rejeitados têm, sem dúvida, a mesma chance de ganhar quanto Pobres Criaturas (ou seja, uma chance muito, muito pequena). A escalação dos 10 filmes fortes deste ano nesta categoria é a mais forte em anos, mas eu teria gostado de ver o drama familiar de Todd Haynes, Segredos de Um Escândalo, na mistura também. O filme provou ser muito desafiador e provocativo para a Academia (particularmente em seu retrato nada lisonjeiro dos atores e da profissão deles), mas continua sendo uma das experiências cinematográficas mais emocionantes de 2023.

Vencerá: Christopher Nolan pelo Oppenheimer
Deveria vencer: Yorgos Lanthimos por Pobres Criaturas
Deveria ter sido uma candidata: Greta Gerwig por Barbie

Com o Globo de Ouro, o prêmio Critics' Choice, o BAFTA e, principalmente, o prêmio do Directors Guild of America já em suas mãos, não há dúvida de que Nolan sairá com a estatueta de Melhor Diretor, e é difícil invejar ele - essa é a oitava indicação do autor ao Oscar, após indicações por Amnésia, A Origem e Dunkirk, e já é hora de ele ter esse prêmio específico em sua obra-prima, embora Oppenheimer não seja meu filme favorito de toda sua obra. Enquanto isso, há Yorgos Lanthimos que também, ao longo da última década, provou ser um dos cineastas mais ambiciosos e provocativos da atualidade, e fez alguns de seus melhores trabalhos até hoje em Pobres Criaturas. Justine Triet, de Anatomia de uma Queda, também seria altamente merecedora, assim como a injustamente desprezada Greta Gerwig por Barbie.

Vai ganhar: Lily Gladstone por Assassinos da Lua das Flores
Deveria ganhar: Emma Stone por Pobres Criaturas
Deveria ter sido uma candidata: Natalie Portman por Segredos de Um Escândalo

Esta corrida ainda está muito acirrada: por sua atuação discretamente poderosa em Assassinos da Lua das Flores, Gladstone recebeu o Globo de Ouro de Melhor Atriz em um Drama, bem como o SAG (este último talvez o precursor mais importante), enquanto Stone ganhou o Globo de Ouro de Melhor Atriz em Musical ou Comédia, o BAFTA e o prêmio Critics' Choice. A ovação que a primeira recebeu no SAG Awards mostra o imenso apoio que ela tem dentro da indústria, e seu discurso comovente – proferido, nada menos, durante a votação final para o Oscar – deve ser suficiente para soprar os ventos em seu favor.

Mas, se Emma Stone conseguir ganhar o prêmio, eu ficaria nas nuvens - sua visão efervescente de uma mulher vitoriana com cérebro de bebê é, sem dúvida, uma das atuações da década, e muito superior ao seu trabalho em La La Land, através do qual ganhou seu primeiro Oscar. Não há ninguém que eu tiraria desta lista – Sandra Hüller, Carey Mulligan e Annette Bening seriam todas vencedoras dignas – mas se for possível adicionar duas vagas adicionais, eu as daria a Natalie Portman, que está sensacional em Segredos de Um Escândalo e Greta Lee, que infelizmente foi esquecida por Vidas Passadas.

Vencerá: Cillian Murphy por Oppenheimer
Deveria vencer: Paul Giamatti por Os Rejeitados
Deveria ter sido um candidato: Andrew Scott por Todos Nós Desconhecidos

A história de Melhor Ator é notavelmente semelhante à de Melhor Atriz, com dois candidatos surgindo: Cillian Murphy ganhou o Globo de Ouro de Melhor Ator em Drama, junto com o BAFTA e o SAG, e Paul Giamatti garantiu o Globo de Ouro de Melhor Ator em um Musical ou Comédia, bem como o prêmio Critics' Choice. A vitória de Cillian no SAG sugere que ele tem vantagem, embora sua discreta campanha de premiação possa deixar espaço para Giamatti ultrapassá-lo de última hora. Giamatti, na minha opinião, merece mais por seu retrato adorável e ao mesmo tempo grosseiro de um professor da Nova Inglaterra, bem como por sua carreira de mais de três décadas como um todo, embora eu, é claro, não ficaria triste em ver Murphy também sair vitorioso. Eles enfrentam três oponentes formidáveis – Bradley Cooper, Colman Domingo e Jeffrey Wright – mas ainda lamento a ausência de Andrew Scott, que está simplesmente incrível em Todos Nós Desconhecidos.

Vai ganhar: Da’Vine Joy Randolph por Os Rejeitados
Deveria ganhar: Da’Vine Joy Randolph por Os Rejeitados
Deveria ter sido uma candidata: Rosamund Pike por Saltburn

Outra corrida que parece ganha. A estrela emergente do emocionante filme de Natal de Alexander Payne conquistou quase todos os prêmios, incluindo - respire fundo - o Globo de Ouro, o prêmio Critics' Choice, o BAFTA, o SAG e o prêmio Independent Spirit, então será verdadeiramente surpreendente se a noite não for favorável a ela. Ela está maravilhosa em Os Rejeitados – hilariante e comovente, com a língua afiada e profundamente vulnerável – e esta é, sem dúvida, a coroação que ela merece. Ela enfrenta Danielle Brooks, Emily Blunt, Jodie Foster e America Ferrera, mas eu teria gostado de ver Anne Hathaway entre elas também, por sua atuação glamorosa e extremamente confiante em Eileen, assim como Rosamund Pike, que interpreta uma deliciosa pessoa inexpressiva em Saltburn.

Vencerá: Robert Downey Jr por Oppenheimer
Deveria vencer: Robert Downey Jr por Oppenheimer
Deveria ter sido um candidato: Charles Melton por Segredos de Um Escândalo

O candidato a Melhor Ator Coadjuvante de Oppenheimer está em uma posição comparável a Randolph, tendo conquistado o Globo de Ouro, BAFTA, SAG e o prêmio Critics 'Choice, embora Ryan Gosling de Barbie esteja reconhecidamente à sua altura. Dado o domínio geral de Oppenheimer, porém, é improvável que ele tenha tempo para alcançar tanto sucesso e nem seus outros concorrentes, Mark Ruffalo, Robert De Niro e Sterling K Brown. Neste campo, Downey Jr parece o vencedor certo. Teria sido uma história diferente, no entanto, se Charles Melton tivesse sido reconhecido aqui – a estrela em ascensão está simplesmente extraordinária em Segredos de Um Escândalo, mais do que suas companheiras de elenco e ganhadoras do Oscar, Natalie Portman e Julianne Moore, e emergiu como o galã mais sonhado desta temporada de premiações, passando pelos tapetes vermelhos e pelas premiações com a facilidade e o charme de um veterano experiente. Ele poderia enfrentar uma verdadeira luta com Downey Jr se tivesse passado pelo processo de nomeações, mas, infelizmente, não aconteceu isso.

Vencerão: Justine Triet e Arthur Harari Anatomia de uma Queda
Deveriam vencer: Justine Triet e Arthur Harari por Anatomia de uma Queda
Deveriam ter sido candidatas: Emma Seligman e Rachel Sennott por Clube da Luta para Meninas

Triet e Harari, um dos meus casais favoritos no circuito de premiação de 2024, fizeram um discurso incrivelmente charmoso quando ganharam o BAFTA recentemente, e a primeira ficou igualmente encantada ao receber o Globo de Ouro no início deste ano. Considerando que seu thriller arrebatador e vencedor da Palma de Ouro teve um desempenho massivamente superior no Oscar, recebendo cinco indicações (de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Atriz e Melhor Edição, bem como Roteiro Original), é muito provável que ela e seu parceiro levarão este prêmio, e eles são definitivamente minha escolha para ganhar pelo roteiro magistral deles. É também a única estatueta que o filme tem boas chances de garantir, e seria um crime se não ganhasse nada. A competição é acirrada, no entanto: Os Rejeitados e Vidas Passadas são os próximos na fila, seguidos por Segredos de Um Escândalo e Maestro, embora teria sido divertido ver a comédia maluca de Emma Seligman e Rachel Sennott aparecer aqui também.

Vencerá: Cord Jefferson por Ficção Americana
Deveria vencer: Cord Jefferson por Ficção Americana
Deveria ter sido um candidato: Ottessa Moshfegh e Luke Goebel por Eileen

A audaciosa estreia de Cord Jefferson no cinema, que entrou na corrida pelos prêmios depois de receber o prestigiado People's Choice Award no Festival Internacional de Cinema de Toronto, fez dele uma estrela, que ganhou cinco indicações ao Oscar: Melhor Filme, Melhor Ator, Melhor Ator Coadjuvante e Melhor Trilha Sonora Original, além de Roteiro Adaptado. O roteiro do filme é fragmentário e incisivo, e tem muito a dizer sobre Hollywood e a mercantilização da dor negra pela indústria editorial. O filme deveria levar esse prêmio, que também é o único prêmio que ele poderia receber. Nos últimos anos, a Academia tem utilizado frequentemente os seus prêmios de roteiro para ungir novos e entusiasmantes diretores-roteiristas (ou aqueles que alcançam uma nova fase empolgante das suas carreiras) – Emerald Fennell, Jordan Peele, Sarah Polley, Daniel Kwan e Daniel Scheinert – e entregando este a Jefferson daria continuidade a essa tradição.

Suas vitórias por melhor roteiro no Critics' Choice Awards, BAFTAs e Independent Spirit Awards sugerem que ele tem tudo sob controle, mas esta é uma das categorias mais difíceis do ano: Greta Gerwig e Noah Baumbach chegam logo atrás dele com Barbie (e esta é provavelmente a única premiação que a diretora poderia garantir por seu blockbuster de um bilhão de dólares), assim como Tony McNamara, de Pobres Criaturas, e Nolan, caso Oppenheimer vença da maneira que alguns esperam. Com a inclusão de Zona de Interesse nesta formação, Assassinos da Lua das Flores foi uma omissão surpreendente, mas eu pessoalmente teria gostado de ver Ottessa Moshfegh lá por sua versão brilhantemente escorregadia de seu romance de 2015, Meu nome era Eileen. Adaptar o próprio trabalho e torná-lo tão novo e dinâmico? Não é tarefa fácil.

Vencerá: A Zona de Interesse
Deveria ganhar: A Zona de Interesse
Deveria ter sido um candidato: O Sabor da Vida

Com a ausência de Anatomia de uma Queda nesta lista, depois que a França não conseguiu selecioná-lo, o gélido drama do Holocausto de Jonathan Glazer tem um caminho claro para a vitória, já que também está concorrendo a Melhor Filme, Diretor, Roteiro Adaptado e Som. O filme poderia muito bem ganhar esse último prêmio, mas todo o resto parece estar além do seu alcance, o que significa que esta é a única oportunidade de recompensar o autor por uma conquista única e imponente. Até agora, durante esta temporada de premiações, o filme ganhou três BAFTAs e só perdeu prêmios importantes ao enfrentar Anatomia. É contra Eu, Capitão, Dias Perfeitos, A Sociedade da Neve e A Sala dos Professores - todos escolhas fortes, mas acho que o absolutamente arrebatador O Sabor da Vida de Tran Anh Hung (o filme que a França indicou) deveria ter feito parte desta lista também.

Vencerão: Billie Eilish e Finneas por What Was I Made For? da Barbie
Deveria ganhar: Mark Ronson e Andrew Wyatt por I’m Just Ken da Barbie
Deveria ter sido uma candidata: Dua Lipa por Dance the Night da Barbie

Parece que Billie Eilish e Finneas, ganhadores recentes do Globo de Ouro, levarão para casa seu segundo Oscar em apenas três anos pela triste canção deles de Barbie - um dos grandes sucessos da traquinagem rosa tem que vencer aqui, dada sua imensa popularidade, e este é a escolha mais séria e favorável de ganhar. No entanto, eu adoraria ver o chiclete viral vencedor do prêmio Critics' Choice de Ryan Gosling, I'm Just Ken, triunfar aqui, simplesmente porque pareceu definir o ano totalmente caótico que foi 2023, e seria hilário se a música fosse vencedora de Melhor Canção Original (da mesma forma que foram vencedores anteriores como Man or Muppet ou It's Hard out Here for a Pimp, por exemplo). A próxima apresentação de Gosling no Oscar também será ouro puro – assim como sua reação se sua música vencer. Seus escritores, Ronson e Wyatt, também ganharam recentemente, por Shallow de Nasce uma Estrela.

Eles estão competindo com Wahzhazhe (A Song for My People) de Assassinos da Lua das Flores, It Never Went Away de Jon Batiste da American Symphony, e a 15 vezes indicada Diane Warren (por The Fire Inside de Flamin' Hot: O Sabor Que Mudou a História) que recebeu um Oscar honorário, mas nunca ganhou um prêmio de competição. Destaca-se em sua ausência, no entanto, Dua Lipa, que entrou na lista, mas perdeu a indicação porque a Academia não permite que mais de duas músicas do mesmo filme sejam reconhecidas entre os cinco finalistas. O que é uma pena – a música dela é indiscutivelmente mais cativante do que a de qualquer um de seus rivais.

Vencerão: Shona Heath, James Price e Zsuzsa Mihalek por Pobres Criaturas
Deveriam vencer: Shona Heath, James Price e Zsuzsa Mihalek por Pobres Criaturas
Deveriam ter sido candidatas: Tamara Deverell e Patricia Cuccia por Priscilla

O trabalho que Shona Heath, James Price e Zsuzsa Mihalek fizeram para dar vida ao mundo alucinante de Yorgos Lanthimos é surpreendente tanto em termos de escala como de detalhe, desde o vasto palco sonoro de Lisboa até às janelas fálicas e aos interruptores de bronze moldados em formato de clitóris em um bordel parisiense (sim, é verdade). Suas vitórias no BAFTA e no Art Directors’ Guild Awards lhe dão vantagem sobre a Barbie, assim como o entusiasmo geral em torno de "Pobres Criaturas”, que tem 11 indicações ao Oscar contra oito da Barbie. Ainda assim, os cenários de “Barbie” também são espetaculares e valeram ao filme o prêmio Critics’ Choice de Melhor Direção de Arte, o que significa que poderia facilmente roubar a cena por aqui. Completando os indicados estão “Oppenheimer”, “Assassinos da Lua de Flores” e “Napoleão”, mas infelizmente falta “Priscilla”, que foi totalmente ignorada pela Academia, mas foi meticulosamente produzida, pintando um quadro gloriosamente detalhado da infância do ícone protagonista e da evolução para a glamourosa e isolada esposa do rei do rock 'n' roll.

Vai ganhar: Holly Waddington por Pobres Criaturas
Deveria ganhar: Holly Waddington por Pobres Criaturas
Deveria ter sido uma candidata: Sophie Canale por Saltburn

Outra corrida em que Pobres Criaturas e Barbie se enfrentam, é difícil nomear Melhor Figurino – ambos os filmes ganharam suas respectivas categorias (Pobres Criaturas levou o prêmio de Excelência em Filme de Época e Barbie ganhou por Excelência em Filme de Ficção Científica/Fantasia) no Costume Designers Guild Awards, enquanto Pobres Criaturas levou o BAFTA e “Barbie” ganhou o prêmio Critics' Choice. Sim, as recriações de Jacqueline Durran dos looks de décadas da Barbie foram requintadas e a dupla vencedora do Oscar seria uma vencedora digna aqui, mas por sua pura imaginação e exuberância, as criações laboriosamente repletas de babados da indicada pela primeira vez, Waddington, seriam minha escolha - e ela é a única que eu também apostaria meu dinheiro, dado o amor que todos têm pelas Pobres Criaturas. (Barbie enfrentou algumas críticas notáveis no processo de indicações, enquanto isso não aconteceu com Pobres Criaturas).

Vale a pena acrescentar que Jacqueline West, de Assassinos da Lua de Flores, também tem uma chance pequena aqui. Ela está enfrentando Ellen Mirojnick de Oppenheimer e David Crossman e Janty Yates de Napoleão, mas estou de luto pela ausência de Stacey Battat de Priscilla e, especialmente, de Sophie Canale de Saltburn, que recebeu o prêmio Excelência em Filme Contemporâneo no Costume Designers Guild Awards, e merece mais crédito por trazer de volta os anos 90 de uma forma muito divertida.

Vencerão: Kazu Hiro, Kay Georgiou e Lori McCoy-Bell por Maestro
Deveriam vencer: Kazu Hiro, Kay Georgiou e Lori McCoy-Bell por Maestro
Deveria ter sido uma candidata: Ivana Primorac por Barbie

Esta é a única estatueta que Maestro, já considerado um dos favoritos do Oscar, provavelmente receberá, e mais do que merece. Estão rolando discussões intermináveis sobre o nariz do protagonista, mas o que é verdadeiramente notável é o trabalho de Kazu Hiro, Kay Georgiou e Lori McCoy-Bell em Bradley Cooper e Carey Mulligan à medida que envelhecem ao longo de mais de três décadas, tornando-se lentamente e praticamente irreconhecíveis. Na premiação do Make-Up Artists and Hair Stylists Guild Awards, o filme conquistou Melhor Maquiagem de Época e Melhores Efeitos Especiais de Maquiagem contra Pobres Criaturas, embora este último tenha ganhado o BAFTA e certamente pudesse aparecer aqui, assim como A Sociedade do Neve com suas próteses impressionantemente sangrentas. Sem contar Barbie, que levou para casa o Critics’ Choice Award nesta categoria, mas foi desprezada aqui.

Esta matéria foi originalmente publicada na Vogue UK.