Filmes

João é um diretor e roteirista que está com um novo trabalho empacado na produtora por adversidades criativas. Na vida amorosa, o relacionamento de dez anos terminou – de maneira responsável – e a rotina de dates está arrastada. Entre uma frustração profissional e outra amorosa, ele precisa encarar de frente as adversidades da vida adulta para conseguir destravar ambas as chaves. Assim é a história de "13 Sentimentos", novo filme do diretor Daniel Ribeiro, que volta para as telas do cinema nacional após o sucesso de "Hoje Eu Quero Voltar Sozinho" (2014).

"O João é um cara romântico, monogâmico, mas não queríamos fazer um filme moralista e mostrar que tal caminho é o correto. Ele tem a força dos amigos, conhece outras formas de relacionamento por meio do trabalho que começa a fazer… São informações e referências que ajudam ele a desarmar o lugar da idealização, das regras que ele cria para si", conta Artur Volpi, ator que vive o personagem escrito e dirigido por Daniel.

Na gaveta desde 2016, após o roteiro ganhar um edital, o cineasta só pôde colocar o projeto na rua em 2021, quando a verba foi liberada. "O Brasil passou por um processo complexo entre esse período, e '13 Sentimentos' é uma produção de baixo orçamento, filmada em apenas 16 diárias. A sorte foi ter o Arthur, que, logo de início, entendeu o tom da história. Isso foi essencial para conseguir gravar em tão pouco tempo", conta o diretor.

Pôster "13 Sentimentos" — Foto: Divulgação
Pôster "13 Sentimentos" — Foto: Divulgação

Como foi construir essa relação entre vocês dois? É importante quando o diretor e o protagonista se entendem artisticamente.

Artur: Foi fundamental. Eu fui o primeiro ator a ser selecionado para o projeto, então pude participar dos testes dos outros membros do elenco também. Criei uma relação com o Dani, passamos dias juntos conversando, alinhando as cenas, discutindo o personagem. Fez muita diferença tê-lo presente na preparação, não tinha ninguém com mais propriedade que ele para conduzir nós, atores, pelo caminho certo para essa história. E de uma maneira muito aberta, dando espaço para construirmos juntos, criarmos, discutirmos.

E tem uma coisa que é: o João [protagonista] é chato (risos). Era importante para nós acharmos esse balanço entre o carisma e a personalidade dele para conseguir se salvar. Lá no set, inclusive, a gente gravava as cenas e depois nos perguntávamos "Está chato demais?". Sinto que entendemos melhor o personagem no final do filme, de algo mais profundo do que "sair ou não nesse date" para algo ligado à idealização dele diante da vida amorosa.

Assistindo ao filme, pensei bastante a respeito do quanto temos uma longa trajetória de filmes LGBTQIAPN+ em tons dramáticos e tristes, necessariamente. Filmes que são super importantes de existir dessa maneira, aliás, mas também precisamos de espaço para a leveza. Queria saber, Daniel, se essa sempre foi a sua intenção, fazer um filme com esse tom de amar é simplesmente amar, viver é simplesmente viver.

Daniel: Penso que meus filmes são um pouco com esse olhar de tratar a homossexualidade mas sem discutir exatamente a homossexualidade, sabe? E é o que você falou, existem muitos filmes que retratam e focam nisso, e também acho eles super importantes, mas sinto que temos que ter outros tipos de filmes. É legal essa diversidade, além de conseguir alcançar um público maior e traçar um diálogo com ele. São sentimentos universais, da dor de um término, por exemplo, todo mundo se identifica com isso.

Às vezes, a gente pensa que um filme leve é banal, menos político… Na época do "Hoje Eu Quero Voltar Sozinho", muitas pessoas me diziam que gostavam do filme porque ele não levantava bandeiras – sendo que tinha uma bandeira gigantesca ali, mas nas entrelinhas. Esse é o meu objetivo, pegar as bandeirinhas que temos e entender como fazê-las chegar a um grande público.

Daniel Ribeiro — Foto: Divulgação
Daniel Ribeiro — Foto: Divulgação

Artur: Enquanto ator, já tinha feito o Marcelo em "Segunda Chamada", um personagem que, pelo contrário, estava inserido em um contexto narrativo que trazia a luta contra a homofobia muito clara. Tinha esforço e desgaste emocional para se assumir. Agora, com o João tive a oportunidade de trazer o contexto de outro lado, como o Dani disse: são frentes possíveis para darmos mais espaço para que ela [a conversa sobre homossexualidade] exista. É importante que todas sejam contadas, porque cada uma vai ter uma função, vai chegar em pessoas diferentes de maneiras diferentes. E, como você falou, em "13 Sentimentos" as coisas estão dadas. Os dilemas não têm a ver com a questão da orientação sexual, e acho que isso acaba normalizando isso.

Daniel: Tem uma coisa também que é: vivemos normalmente, temos decepções, paixões, amizades, dilemas profissionais. A questão da sexualidade em si, quando ela está bem resolvida, vira mais um debate dos outros do que o nosso.

Hoje em dia, as pessoas de diversos países estão passando por cada história com dates marcados por aplicativos que viraram até uma trend no Twitter sobre o quanto se evita uma tragédia afetiva com questionários, dos and don'ts etc. No filme, é curioso pensar a respeito disso a partir do protagonista e o quanto ele tenta controlar a própria vida numa metáfora do ofício em relação às expectativas que ele acaba criando. Essa tentativa de controlar o afeto me soa como uma perda de oportunidade de viver.

Daniel: Eu sou otimista e romântico, então sempre acho que as pessoas têm que se jogar, se entregar. Essa é a graça de viver, né? Ter experiências para contar, eu sou a favor. As redes sociais e os aplicativos fazem com que a gente construa uma imagem idealizada e isso nos faz perder a disponibilidade para nos colocarmos num lugar vulnerável.

Artur: Concordo com o Dani. Eu não sou uma pessoa dos aplicativos, me sinto mais confortável de me relacionar com quem já conheço ou tenho certa intimidade. Acho que, de alguma forma, estou tentando me proteger também. Mas sinto que o boom do mundo virtual acaba dificultando ainda mais as pessoas de se abrirem, de estarem disponíveis para encontrar alguém, para sofrer ou não.

Cena de "13 Sentimentos" — Foto: Thi Santos
Cena de "13 Sentimentos" — Foto: Thi Santos

No filme, existem algumas cenas bastante íntimas, algo que me remete às discussões sobre esse tipo de conteúdo e a posição de um coordenador de intimidade, principalmente no cinema norte-americano. Como foi gravar esses takes?

Daniel: São cenas bastante ensaiadas previamente, e no dia das gravações já sabíamos mais ou menos quais posições íamos fazer. Tem uma cena de sexo específica que é mais longa, evolui no seu ritmo, tem um longo tempo de tela, então precisávamos definir esses detalhes antes. Até porque os atores ficam muito incomodados quando um diretor simplesmente fala "Transa aí".

São pessoas que, se não tiveram uma conversa prévia, não vão saber quais decisões tomar na hora. Sobre onde encostar, quando pegar etc. Na hora de gravar, para nós, foi simples, porque já tínhamos tudo alinhado e, por mais clichê que possa parecer, são cenas muito técnicas.

Artur: Primeiro que foram quatro horas para fazer, né? (risos). Em algum momento, iria virar técnico. Tínhamos, eu e o Cléo, a condução do Dani em tempo real, e a primeira assistente de direção, Sofia Saad, fez um pouco o papel do coordenador de intimidade – ela tinha recém feito um curso sobre a função. Então estava muito atenta para nos deixar à vontade.

Mas como a gente veio de uma preparação também conceitual, na qual conversava com o Dani sobre as outras cenas de intimidade – masturbação, nus etc – para entender de qual forma ele enxergava tudo isso, me deixou mais confortável e seguro para gravar.

Cena de "13 Sentimentos" — Foto: Divulgação
Cena de "13 Sentimentos" — Foto: Divulgação

Recentemente, o filme "Passagens" também levantou uma discussão sobre as cenas íntimas com casais gays, algo bastante raro no cinema. Como vocês enxergam esse cenário?

Daniel: Acho que a maioria das pessoas que vai ver o filme não está esperando que a cena vá acontecer na duração que acontece. Porque quando é algo rápido, você pensa "Ok, passei por ela", mas com cinco minutos de tela, não tem para onde fugir.

Artur: Mas acho que a cena em si tem uma função superior. São poucas as referências no cinema, se for falar do cinema brasileiro, menos ainda. Para nós da comunidade, pelo menos da nossa geração, as cenas de sexo gay sempre vieram de vídeos pornográficos. Não nos víamos num espaço de intimidade, porque isso não estava no cinema ou na TV. Trazer isso agora pode ajudar, espero, uma outra geração a criar novas referências; que a gente possa contribuir para que isso continue sendo natural, porque é. Todo mundo acha natural ver uma cena de sexo hétero entre um casal hétero, certo?

Daniel: E tem outra coisa especial nessa cena é que a intenção sempre foi fazê-la de um jeito feliz, bonito, olho no olho, sem culpa. Não é uma cena gratuita. Até porque está relacionada ao arco do João, que passa o filme todo com dificuldade de se conectar num nível sexual com outras pessoas e acaba vivendo a sexualidade através do trabalho. Ela, portanto, tem uma função narrativa.

Mais recente Próxima Com Blake Lively no elenco, “É assim que acaba” ganha pôster oficial
Mais do Vogue

Influenciadora lembrou a data na web

Virginia Fonseca faz festa para celebrar 4 anos ao lado de Zé Felipe: "Minha alma gêmea"

Empresária completa 40 anos nesta quinta-feira (27.06)

Kim Kardashian se esforça para tirar foto "perfeita" de Khloe Kardashian em seu aniversário

Ator publicou vídeo praticando novas músicas em casa

Fiuk exibe habilidade ao tocar instrumento: "Montei a bateria depois de 10 anos"

Influenciadora está na fazenda de Bell e Pipo Marques

Mari Gonzalez curte passeio de caiaque em Cabaceiras do Paraguaçu

Influenciadora compartilhou o registro nas redes sociais

Aline Gotschalg exibe resultado de treino intenso

Cantora usou o look para um passeio de barco ao lado do marido, Jay-Z

Beyoncé combina lenço com bolsa em truque de styling sagaz

Atriz está passeando pelo parque aquático Universal's Volcano Bay, na Flórida

Deborah Secco elege micro biquíni para renovar bronzeado em parque aquático de Orlando

Influenciadora publicou novos cliques de passeio por Santa Margherita Ligure

Jéssica Beatriz, filha de Leonardo, aproveita viagem pela Itália com a mãe