Bruno Astuto

Por Bruno Astuto


Croqui que é parte da exposição Karl Lagerfeld: A Line of Beauty, do Metropolitan Museum of Art — Foto: Divulgação
Croqui que é parte da exposição Karl Lagerfeld: A Line of Beauty, do Metropolitan Museum of Art — Foto: Divulgação

Em agosto serão lembrados os 140 anos do nascimento de Gabrielle Chanel. Mas a marca que ela fundou em 1910 nunca foi chegada a efemérides; ainda que a estilista fosse muito chegada a números (remember Nº 5), achava datas e aniversários “um assunto muito aborrecido”. Uma opinião de que comungava também Karl Lagerfeld, o homem que durante 36 anos revigorou o sucesso planetário da grife – e cuja estreia na Chanel completará em março 40 anos.

Velas e bolos à parte, tweeds, camélias e perfumes dominarão as manchetes deste 2023 (além das perguntas óbvias: quem assumirá a Gucci? para onde vai Alessandro Michele? quem substituirá Virgil na Louis Vuitton? como será a estreia de Daniel Lee na Burberry? o que será da Balenciaga?). Entre as tantas dúvidas da moda em tempos tão instáveis, a marca de Mademoiselle é uma certeza que transpira sobriedade, boa gestão e inovações silenciosas.

Looks criados por Coco Chanel, parte da mostra Gabrielle Chanel. Manifesto de Moda, que acontece no V&A e salas de exibição sobre a história do perfume Nº 5 no Grand Palais Ephémère — Foto: Divulgação
Looks criados por Coco Chanel, parte da mostra Gabrielle Chanel. Manifesto de Moda, que acontece no V&A e salas de exibição sobre a história do perfume Nº 5 no Grand Palais Ephémère — Foto: Divulgação

Mas é hora de fazer barulho – para o bem, coisa rara hoje. Começou em dezembro, com o magnífico desfile Métiers d’Art em Dakar, no Senegal. Os bordados de sementes! O cinto de coração! Os jeans texturizados! Os crochês da Montex! As silhuetas 70’s! A versão tie-dye da bolsa 55! A primeira apresentação de uma marca de luxo na África subsaariana em total movimento de apreciação cultural, convidando artesãos e criadores locais a participar do processo em estrita colaboração com os ateliês centenários de Paris. As roupas chegam às lojas em junho.

Looks criados por Coco Chanel, parte da mostra Gabrielle Chanel. Manifesto de Moda, que acontece no V&A e salas de exibição sobre a história do perfume Nº 5 no Grand Palais Ephémère — Foto: Divulgação
Looks criados por Coco Chanel, parte da mostra Gabrielle Chanel. Manifesto de Moda, que acontece no V&A e salas de exibição sobre a história do perfume Nº 5 no Grand Palais Ephémère — Foto: Divulgação

Depois veio a superinterativa mostra sobre a história dos perfumes Chanel no Grand Palais Ephémère, que durou apenas três semanas, mas atraiu a Paris multidões ávidas por mergulhar nessa saga cheirosa de forma inédita e interativa.

Em maio, a grande exposição anual do Museu Metropolitan de Nova York vai homenagear Karl a partir de sua voracidade bulímica de produzir croquis. Logo ele, que abominava retrospectivas e desdenhava da moda que ia parar em museus. Em 2015, uma de suas melhores amigas, Amanda Harlech, decidiu montar uma mostra em sua homenagem no Bundeskunsthalle de Bonn, na Alemanha, seu país natal. O Kaiser nem quis tomar conhecimento; dizia que sua função era olhar para a frente.

Looks criados por Coco Chanel, parte da mostra Gabrielle Chanel. Manifesto de Moda, que acontece no V&A e salas de exibição sobre a história do perfume Nº 5 no Grand Palais Ephémère — Foto: Divulgação
Looks criados por Coco Chanel, parte da mostra Gabrielle Chanel. Manifesto de Moda, que acontece no V&A e salas de exibição sobre a história do perfume Nº 5 no Grand Palais Ephémère — Foto: Divulgação

Mas como seguir adiante sem rever o passado que nos trouxe aqui, em especial aquele imaginado por um homem renascentista que transbordou em tantos domínios, como a fotografia, a edição de livros, a decoração, a moda e, em último caso, o domínio midiático global? Com a caricatura que criou para si, Karl tornou-se a figura mais reconhecível da indústria, o que também motivou o ator Jared Leto a anunciar que vai produzir um filme biográfico sobre o estilista alemão (uma vez lhe perguntei o que achou dos filmes do arqui-inimigo Yves Saint Laurent: “Espero que ninguém cometa uma coisa dessas comigo”, foi a resposta).

A exposição do Met não trará apenas sua passagem pela Chanel. Estarão lá o famoso croqui de casaco com que dividiu em 1954, aos 21 anos, o Prêmio Internacional da Lã com Yves; os desenhos boho-chics da Chloé; as criações para Krizia; as contribuições para os 54 anos em que trabalhou na Fendi. Mas a Chanel será a apoteose: foi na marca, afinal, que ele fundou as bases do mercado de hoje.

Antes de Karl, as grifes se ocupavam apenas de quatro coleções, no máximo: primavera/verão e outono/inverno e, no caso das que fazem alta-costura, outras duas. Ao transformar as pré-coleções em pratas da casa, ele aumentou o ritmo frenético de produção e mudou completamente a indústria. Muitos concorrentes surtaram e jogaram a toalha, alegando que a rotina se tornou impossível. Ao que o octogenário, que se definia “uma máquina”, respondeu: “Sou um tipo de ninfomaníaco da moda que nunca atinge o orgasmo”.

Em setembro, será a vez de a própria Mademoiselle ocupar o centro da narrativa, com a primeira exposição dedicada a ela no Reino Unido, Gabrielle Chanel. Manifesto de Moda, no Museu Victoria & Albert de Londres. Será uma versão alargada e mais completa da mostra homônima que poucas pessoas viram no Museu Galliera de Paris, por causa da pandemia.

Com mais de 180 peças, muitas das quais fazendo parte do próprio acervo do V&A, as salas contarão a trajetória da marca desde a abertura de sua primeira butique de chapelaria em 1910 até a coleção final da estilista, morta em 1971. Aguarde looks imortais vestidos por Marlene Dietrich, Lauren Bacall e Anne Gunning; vestidos jamais mostrados e que são guardados a sete chaves num local secreto na França pelo departamento de patrimônio da grife; a blusa marinheiro de 1916; e muitas joias, cosméticos, perfumes e acessórios. O famoso tweed ora, nasceu no campo inglês, nos tempos em que Chanel viveu um tórrido romance como duque de Westminster.

Gabrielle e Karl, dois detratores de qualquer impulso nostálgico, tinham pavor de que suas roupas fossem pensadas para museus, vistas como arte ou se desviassem de seu objetivo máximo, a rua. Mas todas essas exposições evidenciam que ambos atingiram a consagração máxima com que sonha qualquer estilista: atemporais, suas criações não pegaram uma ruga. Eternas muito além do que enquanto durassem.

Mais recente Próxima Polêmicas, as sapatilhas bailarinas são tendência novamente
Mais do Vogue

Influenciadora lembrou a data na web

Virginia Fonseca faz festa para celebrar 4 anos ao lado de Zé Felipe: "Minha alma gêmea"

Empresária completa 40 anos nesta quinta-feira (27.06)

Kim Kardashian se esforça para tirar foto "perfeita" de Khloe Kardashian em seu aniversário

Ator publicou vídeo praticando novas músicas em casa

Fiuk exibe habilidade ao tocar instrumento: "Montei a bateria depois de 10 anos"

Influenciadora está na fazenda de Bell e Pipo Marques

Mari Gonzalez curte passeio de caiaque em Cabaceiras do Paraguaçu

Influenciadora compartilhou o registro nas redes sociais

Aline Gotschalg exibe resultado de treino intenso

Cantora usou o look para um passeio de barco ao lado do marido, Jay-Z

Beyoncé combina lenço com bolsa em truque de styling sagaz

Atriz está passeando pelo parque aquático Universal's Volcano Bay, na Flórida

Deborah Secco elege micro biquíni para renovar bronzeado em parque aquático de Orlando

Influenciadora publicou novos cliques de passeio por Santa Margherita Ligure

Jéssica Beatriz, filha de Leonardo, aproveita viagem pela Itália com a mãe