Tesouro Direto

Por Cris Almeida, Valor PRO — Rio


Os juros dos títulos públicos operam em leve queda nesta segunda-feira (24), dia em que o Banco Central divulgou mais um Boletim Focus, com projeções para Selic, inflação, dólar e PIB.

No relatório dessa semana, as projeções dos economistas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) neste ano continuam em alta (saiu de 3,96% para 3,98%). A previsão para a inflação em 2025 também subiu (de 3,80% para 3,85%).

Esse números podem acender um alerta no mercado, que tem se preocupado com a alta dos preços, mesmo com a mudança de rota do Banco Central ao optar por manter os juros mais altos.

Para a Selic deste ano, a mediana das expectativas ficou no mesmo patamar após subir na semana passada, em 10,50% no fim de 2024.

No Termômetro do Copom do Valor Investe, a maior parte dos negociantes acredita que a Selic será mantida em 10,50% na próxima reunião. Ou seja, se o BC mantiver esse comportamento até o final do ano, o fim do ciclo de cortes se encerraria no mesmo patamar projetado no Focus.

O papel atrelado à inflação com vencimento em 2029 encerrou o dia pagando 6,25% de retorno real, pouco abaixo dos 6,29% oferecidos na sessão anterior. Entre os prefixados, se destaca o título com vencimento em 2031, que pagou 12,08% ao ano no mesmo horário.

Vale lembrar que as taxas e preços dos títulos são inversamente proporcionais. O que significa dizer que, tanto nos papéis prefixados quanto naqueles indexados ao IPCA, quanto maior a taxa, menor o preço e vice e versa. Quando as taxas sobem, portanto, apesar de ser uma boa notícia para quem vai investir — já que assegura rentabilidade maior se mantiver a aplicação até o vencimento, o valor de mercado dos papéis diminui, o que implica em perda temporária para quem possui os títulos na carteira.

O que esperar nessa semana?

Nesta terça-feira (25), o mercado vai ter acesso à ata do Copom, que deve dar maiores sinais de como a autoridade monetária vê o horizonte para as próximas reuniões que decidem a trajetória da taxa básica de juros.

Prévia da inflação e dados do mercado de trabalho no Brasil e inflação dos Estados Unidos são alguns dos dados que também ficam no radar dos investidores.

Até aqui, os papéis seguem em patamares considerados atrativos para analistas de renda fixa. No caso dos atrelados à inflação, são recomendados para proteger a carteira do aumento de preços, além dos mais de 6% serem vistos como oportunidade pelos especialistas — para quem compra.

Os prefixados de curto prazo também são recomendados, com um pouco mais de cautela. Para quem já tem títulos públicos na carteira, antes mesmo das disparadas dos últimos dias, o melhor jeito de evitar perder dinheiro é manter o investimento até o vencimento.

Desempenho do Tesouro Direto nesta segunda (24)

Título Rentabilidade anual Investimento mínimo Preço Unitário Vencimento
TESOURO PREFIXADO 2027 11,52% R$ 30,40 R$ 760,09 01/01/2027
TESOURO PREFIXADO 2031 12,16% R$ 33,26 R$ 475,16 01/01/2031
TESOURO PREFIXADO com juros semestrais 2035 11,94% R$ 37,59 R$ 939,89 01/01/2035
TESOURO SELIC 2027 SELIC + 0,0861% R$ 149,62 R$ 14.962,59 01/03/2027
TESOURO SELIC 2029 SELIC + 0,1570% R$ 148,87 R$ 14.887,86 01/03/2029
TESOURO IPCA+ 2029 IPCA + 6,28% R$ 31,95 R$ 3.195,10 15/05/2029
TESOURO IPCA+ 2035 IPCA + 6,30% R$ 44,33 R$ 2.216,81 15/05/2035
TESOURO IPCA+ 2045 IPCA + 6,31% R$ 36,15 R$ 1.205,09 15/05/2045
TESOURO IPCA+ com juros semestrais 2035 IPCA + 6,30% R$ 42,36 R$ 4.236,11 15/05/2035
TESOURO IPCA+ com juros semestrais 2040 IPCA + 6,24% R$ 42,97 R$ 4.297,29 15/08/2040
TESOURO IPCA+ com juros semestrais 2055 IPCA + 6,29% R$ 41,76 R$ 4.176,98 15/05/2055
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