Luiza
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Por Luiza Brasil


“Militar muitas vezes é simplesmente manter a sanidade e o sorriso” — Foto: Glamour
“Militar muitas vezes é simplesmente manter a sanidade e o sorriso” — Foto: Glamour

Este ano já começou com altas emoções: mudança de governo, as famosas não negras e o blackfishing de verão (que nada mais é do que se apropriar da identidade afro), e a #JanuHairy (janeiro peludo), campanha digital que visa celebrar a ainda polêmica liberdade da mulher em ter pelos (já deveríamos ter virado essa página, não é mesmo?). E se eu te dissesse que, nesta coluna, não quero falar de absolutamente nenhum desses assuntos, mas sim de férias, diversão, carinho e amor? Estranho? Não para mim!

Diante de tempos tão difíceis, em que pautas sobre igualdade de gênero caminham praticamente ao lado da exaustão emocional e a solidão da mulher negra é uma realidade mais comum a cada degrau de nossa ascensão, tenho descoberto o valor das amenidades na minha vida. Ei, isso não é sobre ser fútil ou alienada, hein?! Mas sobre a importância do autocuidado, do acolhimento e da compaixão com nós mesmas. Entender que precisamos de saúde mental para continuarmos nossas jornadas e de muito afeto para seguirmos sendo as fortalezas que já somos.

Com o tempo, passei a valorizar a importância de tirar uns dias de folga e viajar com os amigos; da cerveja ou do drinque gelado sem pressa; daquela série boba da Netflix que só serve para dar risada; de se permitir fazer rituais de beleza sem nenhuma obrigação. Ter tempo para o que se gosta é fundamental e não deve ser instrumento de culpa.

Independentemente das bandeiras que escolhemos levantar, precisamos entender que nossa vida não precisa se resumir somente à militância. Militar muitas vezes é simplesmente manter a sanidade e o sorriso.

Nós, mulheres negras, por muitos anos encaramos como artigo de luxo fazer terapias, cuidar da espiritualidade e nos aventurarmos em práticas como pilates e yoga. Pois além do fato de sempre carregarmos nas costas a responsabilidade de levar o nosso mundo e o dos outros, existia uma barreira de adentrarmos nesses espaços que não era necessariamente financeira, mas sim social. Mas no momento em que Angela Davis diz “quando uma mulher negra se movimenta ela move todas as estruturas de uma sociedade”, olharmos para nós mesmas e praticarmos o autoamor é uma resposta. Estamos revendo nossos conceitos em torno da resiliência e do nosso bem-estar.

Os exemplos aí de cima ainda não te convenceram? É @ que você quer? Que tal acompanhar a brilhante Giovana Xavier (@pretadotora), que além de carregar importantes títulos acadêmicos não deixa de praticar seu surfe matinal no Arpoador? E a Nataly Nery (@natalynery), que no alto de seus vários milhares de seguidores, se permite dar uma pausa e escapa do universo on-line com bastante tranquilidade? E por último, mas não menos importante, a Kerolayne Kemblim (@dacordobarro), artista visual que tive o prazer de conhecer em Manaus e que faz da sua vida uma verdadeira expedição cruzando esse nosso Brasil?

Para finalizar, sigo firme e forte com o pensamento da escritora americana feminista Bell Hooks: “No momento em que escolhemos amar, começamos a nos mover em direção à liberdade, a agir de formas que libertam a nós e aos outros”. Com licença, vou ali me amar e já volto!

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