• Redação Galileu
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Joy Milne pode sentir o cheiro de Parkinson em pacientes  (Foto: Universidade de Manchester)

Joy Milne pode sentir o cheiro de Parkinson em pacientes (Foto: Universidade de Manchester)

Desde que seu marido morreu de Parkinson em 2015, Joy Milne trabalha com médicos e pesquisadores por ter a habilidade de sentir o cheiro da doença. A mulher tem hiperosmia hereditária, uma condição inusitada que torna seu olfato extremamente apurado.






A viúva contribuiu com um estudo publicado em 7 de setembro no periodico Journal of the American Chemical Society, que resultou em um novo método para detectar Parkinson. O novo diagnóstico, criado por especialistas da Universidade de Manchester, ocorre pela análise de sebo da parte superior das costas de pacientes.

sebo é uma secreção oleosa das glândulas sebáceas sob a pele que estão ligadas ao sistema endócrino. A produção alterada desse material é uma característica bem reconhecida do Parkinson. A técnica de amostragem conta com o uso de cotonetes, sendo simples e não invasiva.

O método envolve espectrometria de massa de ionização combinada com separação da mobilidade de íons. O procedimento, que dura menos de 3 minutos, foi realizado em 79 pessoas com Parkinson em comparação com um grupo controle com 71 indivíduos saudáveis.

Em nota técnica, o médico Depanjan Sarkar descreveu que o sebo é transferido do cotonete de amostragem para um papel de filtro. Depois, a amostra é cortada em um triângulo, é adicionada uma gota de solvente e aplicada uma voltagem, transferindo os compostos do sebo para o espectrômetro de massa.

“Quando fazemos isso, encontramos mais de 4 mil compostos únicos, dos quais 500 são diferentes entre pessoas com Parkinson em comparação com os participantes do controle”, relatou o especialista.

Milne, que é uma enfermeira da Escócia, descobriu que podia distinguir um odor distinto em quem tem Parkinson antes mesmo dos primeiros sintomas de qualquer pessoa. O cheiro é mais forte onde o sebo se acumula nas costas.

Quando seu marido era vivo, a mulher notou um odor similar a mofo, principalmente em torno dos membros e da nuca dele. "Eu ficava dizendo a ele: 'Você não está tomando banho direito'", relata à Sky News. "E ele ficou muito bravo com isso no começo."

Com o passar dos anos, o cheiro não desapareceu, e a mulher começou a notar que seu marido estava ficando mais mal-humorado. Ela o levou ao médico, e ele foi diagnosticado com Parkinson. Vários anos depois, o casal se juntou a um grupo de apoio. Quando eles entraram na sala, a senhora notou que os outros pacientes com a doença tinham o mesmo cheiro que seu marido.






Em um estudo preliminar, os pesquisadores pediram a Milne que cheirasse camisetas usadas por pessoas com e sem Parkinson. Segundo a agência britânica PA, a enfermeira identificou corretamente as roupas usadas por portadores da doença, mas também disse que uma pessoa do grupo sem Parkinson apresentava o cheiro característico. Oito meses depois, esse indivíduo foi diagnosticado com a condição.

Os médicos agora veem isso como um grande passo em direção a um método rápido para diagnóstico, dado que ainda não existe um teste para a enfermidade baseado em biomarcadores. "Este teste tem o potencial de melhorar massivamente o diagnóstico e o tratamento de pessoas com doença de Parkinson", declara Monty Silverdale, líder clínico do estudo, em comunicado.