Para realizar sua tese de doutorado, um pesquisador da Universidade de Linköping, na Suécia, se debruçou sobre a capacidade de aprendizagem dos pacientes com demência. E os resultados obtidos, segundo ele, foram animadores.
Elias Ingebrand disponibilizou tablets para dez pacientes com a condição. Até então, nenhum deles havia manejado esse tipo de equipamento. Os pacientes foram acompanhados por parentes ou cuidadores durante o experimento, mas a única instrução dada a eles foi a de que poderiam usar o equipamento como desejassem.
Elias conta que o tablet rapidamente prendeu a atenção das pessoas analisadas. E mais: com o tempo, elas conseguiram executar tarefas, de acordo com áreas de interesse de cada um.
Segundo o portal Eurekalert, o pesquisador diz que um homem descrito como agitado e agressivo aprendeu a acessar o conteúdo de uma emissora de TV. A partir disso, ele passava longas horas calmo e focado nos vídeos. Segundo Elias, esse comportamento surpreendeu os profissionais da instituição em que vive o paciente.
Durante semanas de observação, Elias pode ver a evolução dos pacientes na aprendizagem envolvendo o tablet. Ele acredita que isso é possível porque o corpo memoriza os movimentos necessários, mesmo quando o grau de demência é tão severo a ponto de fazer com que o indivíduo não consiga mais falar. Mas, para isso, é importante aguçar o interesse do paciente em questão.
Esse não é o primeiro estudo a identificar que pessoas com demência são capazes de aprender novas coisas, mas Elias diz que, antes de sua pesquisa, ele nunca havia se deparado com evidências de que esses indivíduos podem colaborar entre si para a realização de novas tarefas. Tal comportamento foi observado no estudo dele.
“Eu quero levar meu estudo adiante e descobrir como podemos fazer com que o conhecimento das pessoas com demência seja utilizado em atividades significativas. Talvez alguém possa iniciar uma atividade e passar seu conhecimento adiante nas instituições que cuidam deles. Quem sabe em um pequeno seminário ou numa aula de tricô. O direito de aprendizado até o fim da vida devia incluir a todos e o mais importante é ter uma chance de aprender”, defende Elias.