Comportamento
 

Por Vanessa Lima


Para quem sempre sonhou em gerar um bebê, é difícil mensurar o tamanho da felicidade de ver o barrigão crescer e saber que, em cerca de 40 semanas, seu sonho estará materializado, bem ali, no quentinho do seu colo. Mas esse sentimento de pura alegria, às vezes, dura pouco. Mais rápido do que você imagina, ele se mistura a outras emoções, como apreensão e ansiedade. Será que vai dar tudo certo? Será que vou dar conta? Minha vida vai virar de ponta-cabeça? São alguns entre tantos questionamentos.

Mulher fazendo ultrassom no início da gravidez — Foto: Freepik
Mulher fazendo ultrassom no início da gravidez — Foto: Freepik

Isso sem falar nos sintomas físicos, que talvez você já estivesse experimentando antes mesmo de descobrir a gestação. Mamas doloridas, aquele sono incontrolável e o (nada agradável) enjoo. Tem, ainda, o fato de que muitas mulheres optam por guardar esse segredo só para si nessas primeiras semanas, o que não é uma tarefa simples. O motivo? O medo do aborto espontâneo, que é mais comum antes da 12ª semana. E com razão: 80% das perdas gestacionais acontecem durante o primeiro trimestre, e o risco diminui consideravelmente depois desse período, segundo dados do Colégio Americano de Obstetrícia e Ginecologia (ACOG).

Sim, o primeiro trimestre é marcado pela euforia e também por alguns perrengues. Por isso, reunimos aqui dez dicas de especialistas de diversas áreas, da obstetrícia à nutrição, para ajudar você a atravessar essa fase de um jeito mais leve e – por que não? – feliz.

1. Procure um obstetra já

Uma das primeiras preocupações que surgem com a confirmação da gravidez é encontrar um médico para confirmar o resultado e tirar aquele turbilhão de dúvidas que invadem a mente na mesma hora. Caso você ainda não tenha um obstetra de confiança, a hora é agora. Converse com amigas que já tiveram bebês para pedir recomendações, pesquise e marque consultas para encontrar um profissional que a deixe mais tranquila. Para não esquecer de nada, vale fazer uma lista de tópicos que são importantes, e não tenha vergonha de perguntar nada. Se não se sentir confortável e segura, mude. Aproveite que está no início e que ainda tem tempo. Mas atenção: mesmo que decida trocar de obstetra mais para a frente, faça todos os exames iniciais assim que possível, ok?

2. Cuide dos seios

Em muitos casos, antes do atraso menstrual, um sintoma começa a incomodar bastante: a dor e o aumento de volume nos seios. Além de ficar quente e sensível, eles ganham mais volume, principalmente na primeira gestação. Tudo isso porque ali está se formando a estrutura que produzirá o leite materno mais adiante: o número de ductos mamários e suas ramificações crescem, as células produtoras de leite começam a se desenvolver e o fluxo sanguíneo na região se intensifica – em alguns casos, as veias ficam até visíveis sob a pele. Hidrate bem a região (exceto as aréolas) e invista em sutiãs confortáveis e que ofereçam boa sustentação, para aliviar o incômodo. Se possível, escolha modelos que possam ser aproveitados alguns meses depois, na fase da amamentação.

3. Durma sempre que possível

Você costumava ser uma pessoa disposta e cheia de energia, fazia tudo e mais um pouco... De repente, os olhos passam a fechar sozinhos e sente uma necessidade inadiável de simplesmente se deitar – inclusive nos horários mais inconvenientes, como uma reunião de trabalho, por exemplo. Se você se identificou, já conheceu um dos sinais bem característicos do primeiro trimestre, causado pelos hormônios da gestação. Isso acontece por um bom motivo. O sono tem o papel de proteger o corpo da mulher, incitando-o a descansar, para que o organismo tenha energia e se adapte à gravidez.

Mas claro que a realidade do dia a dia não permite que você possa se jogar no sofá quando bem quiser. Então, busque o caminho do meio e, sempre que possível, tire um cochilo e vá para a cama mais cedo. Sabe aqueles 30 minutos gastos facilmente no celular, na cama? Eles poderiam ser melhor aproveitados dormindo. Aliás, deixe o aparelho longe conforme a hora do descanso se aproxima.

4. Fracione as refeições…

A mudança na relação com a comida é bem conhecida dos primeiros meses. É por ela, inclusive, que muitas mulheres desconfiam da gravidez. Assim como o sono, as náuseas são causadas pelas alterações hormonais da gestação e têm razão de ser, embora nem todas as gestantes sejam acometidas por elas. Um dos efeitos é proteger a futura mãe do consumo de alimentos que possam prejudicar o bebê ou mesmo comer em excesso.

Mas há estratégias que amenizam o incômodo. Fracione as refeições várias vezes ao dia, comendo em menor quantidade. Alimentos neutros em termos de sabor e aroma são mais tolerados nessa fase. Por isso, evite temperos fortes, muito óleo ou molhos em excesso. Comidas frescas e geladas caem melhor, assim como alimentos secos (caso de torradas, por exemplo).

Beber água gelada em pequenos goles ajuda no alívio do mal-estar. Mas atenção: se o enjoo for forte e frequente, a ponto de impossibilitar as atividades diárias ou causar perda de peso, converse com o seu médico.

5. … e coma com moderação

E por falar em alimentação, ainda que você faça parte do afortunado grupo de grávidas que não sofrem com os enjoos, não exagere. O mito de que é preciso comer por dois já está ultrapassado faz tempo. Isso não significa, porém, que é hora de fazer dietas restritivas – a não ser que haja uma recomendação médica para isso. A ideia é assegurar um consumo adequado de energia e nutrientes para a sua saúde e a do bebê.

Normalmente, esse é um momento em que as mulheres já têm uma preocupação natural com a alimentação. O que pode ser uma ótima oportunidade de rever os hábitos, não só por nove meses, mas para a vida. Vale lembrar que alguns itens devem ser eliminados completamente, como o álcool, ou reduzidos, como a cafeína, mas só por um período. Acredite: vai valer a pena! Que tal experimentar drinques sem álcool? Há receitas diferentes e, atualmente, elas são servidas, inclusive, em bares e restaurantes.

6. Mexa-se!

Quase metade das mulheres que praticam corrida interrompe a atividade ao descobrir a gravidez. Ao explicar os motivos, muitas delas citam ansiedade, nervoso ou medo de perder o bebê, segundo pesquisa realizada no Reino Unido e publicada em 2020 no periódico científico Journal of Women’s Health Physical Therapy. De acordo com os autores, isso acontece porque a maioria delas não recebe aconselhamento apropriado sobre atividades físicas na gestação. Atualmente, a recomendação é de que mulheres ativas antes de engravidar continuem na ativa, e as sedentárias sejam estimuladas a começar os exercícios nessa fase, que é um momento perfeito para adotar hábitos mais saudáveis – sempre com o aval do médico, claro. Evite apenas esportes de impacto ou modalidades que pressionem a barriga, como alguns tipos de exercícios abdominais que promovem flexão do tronco ou a prancha.

Aproveite os períodos em que você se sente melhor para se movimentar, respeitando o seu limite. Se não der para ir à academia, faça exercícios em casa, saia para caminhar ou alongue-se. Tudo é válido!

No primeiro trimestre, as mudanças no corpo ainda não são tão perceptíveis, mas o período é de preparação para as transformações que vão acontecer nas próximas semanas. O aumento da barriga, por exemplo, afasta os músculos do abdômen e gera uma sobrecarga nos músculos das costas. Por isso, é fundamental fortalecê-los o quanto antes. A fisioterapia pélvica também é uma ótima aliada, desde que liberada pelo obstetra. Inclua, ainda, os exercícios respiratórios, que, além de serem um grande antídoto contra a ansiedade, ativam músculos do abdômen e do assoalho pélvico, responsáveis pela sustentação de todos os órgãos da região, incluindo o útero.

7. Cheque a saúde mental

O medo e a ansiedade são recorrentes, sobretudo, no início da gravidez. Como, então, lidar com isso? A primeira dica é: viver esse sentimento. Embora seja incômodo, as emoções que conhecemos como “negativas” também são importantes e fazem parte da experiência.

Caso sinta que elas estão aumentando a ponto de atrapalhar as atividades do dia a dia, fique atenta! Problemas de saúde mental negligenciados podem levar a várias implicações, inclusive físicas, como um parto prematuro, por exemplo, segundo mostrou um estudo publicado em 2022 por pesquisadores da Universidade da Califórnia, Los Angeles (UCLA).

Nesse caso, busque ajuda profissional. Fazer o pré-natal psicológico, ou seja, ter o acompanhamento de um psicólogo, se possível especializado no período perinatal, fornece ferramentas para lidar melhor com a saúde emocional ao longo dos próximos meses, inclusive no pós-parto. Isso se torna ainda mais importante para quem tem histórico próprio ou familiar ligado a transtornos mentais ou vivenciou traumas anteriores, como perda gestacional. Busque atividades que ajudem a aliviar o estresse, como dança, meditação, yoga, passeios, uma viagem no fim de semana, livros… Faça o que estiver ao seu alcance para se sentir melhor.

8. Mude o foco dos pensamentos

Um dos maiores medos das grávidas, sobretudo nesse começo de jornada, é o de perder o bebê. O aborto espontâneo é, segundo a Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), a complicação mais frequente das gestações e a grande maioria ocorre justamente no primeiro trimestre. Durante a concepção, milhares de genes paternos precisam se combinar com os maternos e, ao longo desse processo, pode haver malformações, levando, como consequência, a perdas gestacionais. É raro que os abortos tenham origem infecciosa ou hormonal. Por isso, não é algo que você controle – e a preocupação excessiva com o assunto só gera mais estresse. Além de pensar positivo, o melhor a fazer por você e pelo seu bebê é: efetuar todas as consultas e exames do pré-natal, tirar suas dúvidas com o obstetra de confiança, praticar exercícios físicos, cultivar companhias agradáveis e cuidar da sua saúde mental.

9. Só conte se (e quando) quiser

Justamente pelo medo do aborto ou simplesmente por não querer receber palpites, há quem opte por anunciar a gestação só depois das 12 semanas. Isso não é regra e, sim, uma decisão dos pais. Manter segredo, então, preserva a privacidade da família e evita a dor de dar a notícia e depois ter de explicar qualquer intercorrência.

Por outro lado, pode ser um processo solitário, já que há menos chance de compartilhar alegrias, dúvidas, medo e pedir ajuda, quando necessário. Uma forma de obter apoio mesmo sem precisar dar a notícia para amigos e parentes é participar de grupos de gestantes, presenciais e na internet, onde você troca experiências com quem está passando ou já passou pelo mesmo momento.

10. Bônus: esqueça a perfeição

Quanto antes você abandonar essa ideia, melhor. É normal que, ao descobrir que tem um novo ser humano se formando dentro do seu corpo, venha aquele senso de responsabilidade e uma vontade de acertar sempre. Por isso, viemos do futuro para dar uma notícia importante: não, você não será uma mãe perfeita. Não por falta de habilidade, simplesmente porque isso não existe. Mas você certamente vai ser a melhor mãe que seu filho poderá ter – e isso é tudo o que ele precisa.

Relatos de mães na gravidez:

Eu tive um sono insuportável no começo das duas gestações, mas, na segunda, como já tinha o mais velho para cuidar, foi mais difícil. Tanto que, quando contei para o meu marido que estava grávida de novo, ele disse: ‘Eu já sabia. Você não para acordada’. E não tem dica que resolva a não ser: durma!
Gabriela D’Andrea, 37, fotógrafa, mãe de Vinícius, 8, e Nicolas, 4

Senti muitos enjoos no início, mas sabia que eles eram um sinal de que estava tudo correndo normalmente com a gravidez. Então, quando a náusea cessou, depois de 12 semanas, precisei arrumar um aparelho para ouvir o coração dos bebês em casa, e me certificar de que estava tudo bem.
Catarina Isabel, 34, grávida de Francisco e Alexandre, com nascimento previsto para outubro

Na minha primeira gestação, perdi o bebê. Na segunda, pelo trauma, a ansiedade era ainda maior. O que eu fiz foi tentar me informar ao máximo, me cuidar e contar com pessoas próximas. Evitei contar para todo mundo antes dos três meses para não precisar justificar caso perdesse de novo, porque esse processo é muito cansativo.
Fernanda Ghisloti, 38, mãe de Bianca, 9

Fontes: Andrea Carreiro, ginecologista e obstetra da Casa Moara (SP), Romulo Negrini, ginecologista e obstetra, coordenador médico de Obstetrícia e Medicina Fetal do Hospital Albert Einstein (SP), Karen Rocha de Pauw, ginecologista, obstetra e especialista em reprodução assistida (SP), Caroline dos Santos, nutricionista materno-infantil da Clínica Neném da Nutri (SP), Sueli Longo, nutricionista, presidente da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição (SBAN), Andreza Marinho, fisioterapeuta pélvica da clínica Theia (SP), Vanessa Rebouças, personal trainer especializada em gravidez e fundadora do Gestante Fit, Priscilla Montes, educadora parental, e Rafaela Schiavo, psicóloga e professora do Instituto Mater Online (SP).

Mais recente Próxima Gestante realiza ensaio fotográfico improvisado na maternidade horas antes de dar à luz
Mais de Crescer

A empresária e modelo é mãe de quatro filhos: North, 11, Saint, 8, Chicago, 6, e Psalm, 5, que ela divide com o ex-marido Kanye West

Kim Kardashian revela a única coisa que faria diferente como mãe

A sequência chega aos cinemas em 6 de setembro

'Os Fantasmas Ainda Se Divertem' ganha novos pôsteres; veja

A mulher, que mora com os três filhos, ficou chocada ao se deparar com a barraca montada no quintal

Mãe se surpreende com desconhecido acampando em seu jardim

A mãe Caitlin Fladager compartilhou como ela beija o marido na frente dos filhos para "ensiná-los como o amor deve ser

"Sou criticada por beijar o meu marido na frente dos nossos filhos"

Além do baixo salário, as responsabilidades incluíam transportar as crianças, preparar refeições e manter a limpeza da casa. A babá também deveria estar disponível de domingo à noite até quinta-feira à noite e possuir carteira de motorista válida, veículo confiável, verificação de antecedentes limpa e certificação em Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP) e primeiros socorros

Mãe é criticada por oferecer salário de 36 centavos por hora para babá nos EUA

Uma mulher criticou sua sogra por tentar ditar como sua filha será chamada. "Ela me manda de três a quatro mensagens por semana com sugestões de nomes", diz

"Minha sogra exige que eu dê o nome dela a minha filha"

A grávida teria se ofendido com a sua roupa

Mulher é expulsa do chá de bebê da melhor amiga e não entende o motivo

A pequena Maria Alice, de Curitiba (PR), viralizou nas redes sociais porque seus dentes nasceram "fora da ordem". Enquanto os dentinhos da frente são os primeiros para a maioria das crianças, no caso dela foram os superiores. "Começamos a chamá-la de vampirinha", brincou a mãe, em entrevista à CRESCER

"Bebê vampiro" faz sucesso nas redes sociais; veja fotos

Paige Hall, da Inglaterra, contou que tomava anticoncepcional, não teve crescimento da barriga e continuou tendo sangramentos regulares, por isso, nunca suspeitou da gestação. Saiba mais!

Adolescente descobre gravidez aos 9 meses e dá à luz no mesmo dia

O garotinho sonha me fazer um doutorado e se tornar professor. “Faça o que você faz porque gosta, por causa da paixão que sente ao descrever ou fazer”, disse. Conheça a história!

Menino prodígio de 12 anos se forma no Ensino Médio