12 coisas que você não imaginava sobre piolhos em crianças

Eles não saltam, não voam e vivem por volta de 30 dias, mas se reproduzem rápida e numerosamente. Entenda!

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Pediculus humanus capitis é o nome científico daquele bichinho que pode se tornar o pesadelo de pais e cuidadores de crianças em idade escolar, sobretudo no verão: o piolho. É daí que vem o termo pediculose, referente à infestação do parasita. Ao se instalar no couro cabeludo de uma pessoa, ele passa a se alimentar de seu sangue e a se reproduzir. Assim, se não houver uma intervenção o quanto antes, a situação fica cada vez pior.

Piolho (Foto: Getty Images) — Foto: Crescer

Para esclarecer as principais informações sobre o assunto e trazer algumas curiosidades a respeito desses desagradáveis insetos, conversamos com a dermatologista Viviane Scarpa (SP). Confira a seguir!

1. Não é sinal de má higiene

Por mais incômodo e aflitivo que seja, ter a cabeça infestada de piolhos não é sinal de que a higiene não está em dia, até porque eles não morrem com a lavagem feita com água e shampoo comum. Além disso, “os piolhos gostam de cabelos limpos”, conta Viviane. Portanto, ninguém está imune — nem os adultos.

2. Eles não saltam de uma pessoa para outra

Os piolhos não têm asas, nem a capacidade de pular. “Ao contrário do que muitos acreditam, eles passam de uma pessoa para outra por contato direto”, esclarece a dermatologista. Isso pode se dar ao encostar cabeças ou ao compartilhar objetos como escova de cabelo, boné, touca, entre outros — hábito comum entre crianças, motivo que torna a pediculose mais presente na infância.

3. Não se deve espremer piolhos e lêndeas

Embora aquela imagem dos polegares pressionados um contra o outro a fim de matar o piolho seja muito conhecida, a prática não é recomendada para não haver o risco de espalhar os ovos. “Eles devem ser totalmente removidos com pente fino e, esse pente, mergulhado em uma solução de vinagre e água”, orienta Viviane. As duas substâncias devem estar em quantidade igual.

4. O que causa a coceira são as picadas do piolho

Pensar nas patinhas caminhando pelo couro cabeludo é aflitivo, mas a causa da coceira que se sente não é essa. Segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), antes de sugar o sangue, o piolho libera uma substância anestésica no couro cabeludo e, em seguida, uma enzima para evitar que o sangue coagule em seu intestino — é a combinação delas que leva à incômoda sensação.

5. Existe medicação oral

Trata-se da ivermectina, usada no tratamento de diversas doenças causadas por vermes e parasitas, como lombriga, sarna e piolho. Porém, Viviane alerta que seu uso requer cuidado. “Ela deve ser prescrita por um médico, já que existe dose correta, possíveis efeitos colaterais e contraindicações”, reforça. Além disso, o medicamento não mata as lêndeas, que devem ser retiradas dos fios com pente fino. Outra possibilidade é o uso de algodão embebido em vinagre diluído em água (na mesma proporção) para puxar os ovinhos.

6. É possível pegar piolho encostando em tecidos

Os temidos bichinhos não sobrevivem muitas horas fora da cabeça de seu hospedeiro, ainda assim, não é impossível pegar piolho ao encostar em um assento de ônibus ou avião recém-usado por uma pessoa infestada. A dermatologista destaca que o mesmo vale para travesseiros e almofadas, o que reforça a necessidade de higienizar itens estofados ou com tecido como esses para evitar a contaminação em família.

7. Secador de cabelo e chapinha não resolvem o problema

Você já ouviu falar que a alta temperatura de aparelhos como secador de cabelo e chapinha acabam com a infestação de piolhos? A informação, na verdade, é falsa. A dermatologista explica que, embora o parasita adulto possa, de fato, morrer, sobretudo com o uso da chapinha, as lêndeas sobrevivem e vão eclodir em algum momento se não foram removidas.

8. Eles têm um tempo de vida curto, mas o ciclo de reprodução se repete

Os piolhos vivem, em média, 30 dias, mas isso não significa que a infestação termina sozinha. Assim que os ovos eclodem, nascem as chamadas ninfas, que passam por estágios de desenvolvimento durante mais ou menos 12 dias até se tornarem piolhos adultos. Pouco depois, eles já podem se reproduzir, dando origem a um novo ciclo e aumentando a infestação. Por isso, quanto antes for feita a intervenção, melhor.

9. Cada fêmea adulta pode colocar até 300 ovos

O piolho fêmea é, normalmente, bem maior que o macho, e chega a botar até 10 ovos diariamente, que eclodem de 8 a 10 dias depois. Como esses parasitas vivem, em média, 30 dias, são por volta de 300 ovinhos colocados ao longo de sua breve vida.

10. Não existe lêndea morta

Quando se encontra uma lêndea vazia, isso quer dizer apenas que a casca já foi aberta e que o piolho (ainda no estágio de ninfa) nasceu. Ou seja, sua presença não indica a inexistência de infestação, mas justamente o contrário: sinaliza que os parasitas estão presentes.

11. Criança com piolho não precisa faltar na escola

Como sabemos, o parasita não voa nem salta de uma pessoa para outra. Por isso, basta iniciar o tratamento e dar as orientações necessárias no colégio, para que não haja nenhum tipo de compartilhamento de objetos ou contato direto cabeça a cabeça (em brincadeiras, para tirar foto, entre outras situações). “É sempre importante avisar a escola para que todas as crianças sejam tratadas no mesmo dia. Assim, os piolhos são erradicados e não há risco de recontaminação”, salienta.

12. O tratamento usual é feito com permetrina

Para o Pediculus humanus capitis, que causa a pediculose, o tratamento tópico mais recomendado é o uso de shampoos ou loções de permetrina 1%. Viviane Scarpa detalha as orientações:

“Deve-se primeiro lavar os cabelos com o shampoo normal e não usar condicionador. Depois, aplicar o medicamento em todo o cabelo, não esquecendo da nuca e da parte atrás das orelhas. Deixar agir por 10 minutos e enxaguar. Depois do banho, colocar uma toalha nas costas da criança, dividir o cabelo em mechas e ir passando o pente fino desde a raíz. Os piolhos e lêndeas que saírem no pente devem ser colocados em uma solução de vinagre e água morna.”

A dermatologista acrescenta que o tratamento com o shampoo de permetrina deve ser repetido em 9 dias e aconselha uma medida extra. “Durante esse intervalo, aplicar nos cabelos uma mistura de vinagre e água morna (na mesma proporção), deixar agir por duas horas, lavar com o shampoo normal e passar o pente fino diariamente”, finaliza.

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