'Divertida Mente 2': elenco original fala sobre o que esperar do novo filme

Para saber mais sobre o filme, a CRESCER conversou com o elenco da animação original de 2015, que explicou o que o público pode esperar da nova produção e contou como foi voltar a interpretar as emoções de Riley quase 10 anos depois. Confira!

Com a introdução da Ansiedade, o longa traz uma importante discussão sobre saúde mental na adolescência. "Eu acho que a nossa sociedade não está muito preparada para falar sobre saúde mental e os pais cada vez tem menos tempo para ficar com os filhos. Então, eu acho que ter um filme como esse, que nomeia as emoções, ajuda muito. Eu acho que a geração que teve o 'Divertida Mente' como um filme fácil e acessível é uma geração que consegue nomear melhor os sentimentos", afirma a atriz Katiuscia Canoro, que dá voz à Tristeza.

O ator e cantor Leo Jaime, que dubla Raiva, concorda que a nova animação pode ajudar os jovens a identificarem as emoções mais complexas da adolescência. "O filme oferece ferramentas para a pessoa se reconhecer naquelas emoções e reconhecer o que ela está vivendo, o que ela está passando", diz. "Quando a pessoa entra na adolescência, as emoções vão ficando mais intensas e mais sofisticadas. Eu acho que o filme vai muito bem nesse sentido de explorar essa dificuldade, o roteiro trabalha em cima exatamente dessa complexidade. Eu acho que a obra ajuda muito as pessoas e entendo que, nesse momento da adolescência, a Ansiedade seja o personagem mais importante", acrescenta.

Com o crescimento de Riley, todas suas emoções também amadurecem e se tornam mais profundas. "Na adolescência, as emoções vão ficando mais sofisticadas e mais misturadas. O Tédio, por exemplo, tem um pouco de Nojinho, um pouco de Medo, um pouco de Raiva, um pouco de Tristeza... É uma misturinha. Todas têm um pouco de contaminação umas das outras por isso é mais difícil lidar com as emoções na adolescência, porque elas não são mais tão simples", destaca Leo Jaime.

Até as emoções da infância passam por transformações. "Na hora de interpretar o Raiva, eu percebi muitas nuances e mais camadas diferentes no personagem. Eu acho que ficou um pouco mais difícil de acertar, mas ainda bem que eu tinha o Rodrigo Andreatto [diretor de dublagem] lá para facilitar nossa vida", ressalta Leo.

Além disso, assim como no original, o novo filme segue mostrando a importância de aceitar todas as emoções, mesmo as que nem sempre são agradáveis, mas que nenhuma pode assumir o comando total da Central de Controle. "A tristeza nasce com todo mundo, a pessoa já nasce chorando. Agora, temos que olhar para a tristeza, acolhê-la e entender que ela existe, mas a gente não pode ficar alimentando e curtindo a dor, porque senão ela fica muito grande a ponto de te dominar e nenhuma emoção pode dominar a gente. Mas não dá para negar que está triste, tem que chorar e botar para fora", diz Katiuscia.

O primeiro filme foi lançado em 2015 e os atores precisaram reencontrar suas vozes depois de quase 10 anos. "A primeira coisa que eu pensei foi: 'Será que minha voz envelheceu?' Mas não, foi muito legal", diz a atriz Miá Mello, que dubla Alegria. "Eu acho que a Alegria é um encontro mesmo, eu não fiz uma voz, eu só fui 'eu'. Então, eu acho que essa volta foi muito especial, ela foi um exercício de estar presente, e eu acho que não tem coisa mais incrível do que isso. Foi um trabalho ainda mais lindo, de conseguir estar lá e vivenciar isso", acrescenta.

Katiuscia também ficou preocupada se iria conseguir trazer a voz de Tristeza de volta. "No teste, saiu naturalmente uma voz mais para baixo, mais na garganta, e eles gostaram. Eu fiquei com medo de não conseguir fazer a mesma voz, mas deu certo", afirma.

A dubladora Isabella Guarnieri, que interpreta Riley, ficou na dúvida se, hoje com 23 anos, conseguiria fazer a voz de uma menina de 13. "Eu comecei a gravar com 14 anos [em 2015] e aí eu fui amadurecendo e minha voz também mudou. Tanto que, no teste, a gente ficou meio receoso, porque, no filme, não se passaram tantos anos. Mas no fim, a gente conseguiu chegar num tom para ela", explica.

O apresentador, radialista e ator, Otaviano Costa, que faz o Medo, contou com a ajuda do diretor de dublagem para encontrar a voz do seu personagem. "Por mais que eu faça mil vozes, porque sempre trabalhei muito com vozes desde a época do rádio, lapidar isso era fundamental e o Rodrigo [Andreatto] ajudou muito a encontrar essa nota certa do medo, essa vozinha mais aqui em cima. Sem ele e o time da Disney, seria quase impossível encontrar o caminho certo", diz.

A humorista Dani Calabresa torcia para que tivesse uma sequência do filme e nunca deixou a voz da Nojinho ser esquecida. "Eu caprichei muito para conseguir chegar numa voz que ficasse com a essência da Nojinho que já estava pronta lá nos Estados Unidos. Ela é nojentinha, mas ela não é maldosa, ela é doce, tem animação, tem carinho e cuidado pela Riley. Isso me marcou tanto que a voz não saiu daqui. Eu sabia que ia ter o segundo e torcia para ela voltar na adolescência. A qualquer momento eu me pegava treinando e refazia a voz. Mas, óbvio, foi um desafio, porque a gente fica emocionado e a gente quer entregar o melhor. Eu espero que vocês gostem, foi feito com muito nojinho e muito amor", ressalta.

São tantas emoções que surgem com a adolescência que seria impossível incluir todas na animação. Mas, os dubladores gostariam de acrescentar algumas se pudessem. "Eu amo a Euforia, ela é meio meio maluca, ela é boa, mas é preocupante. Também gostaria de ver o Senso de Responsabilidade mais aflorado e falo isso inclusive pensando na minha filha de 15 anos", diz Miá Mello.

Para Katiuscia, Leo Jaime e Isabella Guarnieri, o Amor merece ganhar o próprio personagem. "Eu fico torcendo para ter o 'Divertida Mente 3' para quando entrar o Amor e a Paixão, aí vai virar uma confusão só", brinca Leo. Já para Dani Calabresa, a Preguiça seria uma boa adição. "Acho que é uma prima do Tédio", afirma.

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Sem dúvidas, a Central de Controle de cada um passa por muitas outras reformas desde a adolescência até a fase adulta. "Hoje, minhas emoções são ligadas às minhas filhas. Agora, eu fico muito mais sentindo Ansiedade sobre o futuro delas e o Otaviano com 13 anos tinha Ansiedade sobre o futuro de mim mesmo. Então, acho que a Ansiedade, em duas doses e olhares distintos, está presente", diz Otaviano Costa.

Já para Miá Mello, sua personagem reflete muito bem sua personalidade. "Eu amo a Alegria, realmente me identifico e me sinto honrada de fazer esse papel, porque eu acho que tenho mesmo essa alegria, óbvio que não todo dia, mas eu acho que eu consigo ter esse olhar das pequenas coisas incríveis e por isso que eu acho que consigo ser tão feliz", afirma. "Mas aos 13 anos, nada, esquece tudo isso, era nublado, bagunçado, uma loucura. Eu acho que é um momento em que você está se reorganizando e entendendo a importância de todas as emoções terem o seu momento e seu espaço. Até a própria Ansiedade pode ser um sentimento positivo, quando a gente anseia por algo que quer muito. O lance é equilibrar tudo", adiciona.

Dani Calabresa se identifica com a Vergonha. "Quando eu tinha 13 anos, a Vergonha estava com os dois cotovelos apertados no botão principal da mesa dominando. Eu não queria ver ninguém, eu não queria falar com as pessoas, tinha vergonha de entrar na aula, tinha vergonha de tudo. O teatro me salvou graças a Deus. Eu sou um pouco tímida, ou seja, a Vergonha perambula aqui, mas não domina", destaca. "Hoje, é um pouco de Ansiedade com Raiva com Preguiça com Nojinho e um pouco de Alegria às vezes. Acho que essa é a beleza do ser humano, a gente é uma combinação louca de sentimentos. Eu acho que tudo a gente tem que revezar quem vai apertar o botãozinho, mas somos um liquidificador louco de emoções", finaliza.