Alimentação
 

Por Daniele Zebini


Os benefícios de um café da manhã equilibrado para as crianças são mais do que conhecidos e comprovados. Apesar de dividir o protagonismo das refeições com o almoço e o jantar, o desjejum ganha destaque na infância por uma série de razões: fornece cerca de 25% da recomendação diária de energia, está ligado à redução de doenças crônicas e pode, inclusive, afetar o desempenho escolar. “Pular o café da manhã leva, ainda, à dificuldade de estabelecer uma rotina, o que é fundamental para uma infância saudável”, explica o pediatra nutrólogo Leandro Izoton Lorencette, do Hospital Pequeno Príncipe (PR). “Há também a associação com o sobrepeso e a obesidade infantil. Isso porque, normalmente, quando não são realizadas as refeições da manhã, no almoço e no jantar a criança tende a ‘compensar’ com uma alimentação hipercalórica”, completa.

O café da manhã é uma refeição fundamental para as crianças — Foto: Getty Images
O café da manhã é uma refeição fundamental para as crianças — Foto: Getty Images

Só por isso já valeria a pena fazer um esforço – mesmo naquelas manhãs mais corridas – para garantir a primeira refeição do dia para os pequenos, certo? Mas tem mais! Uma pesquisa recente feita na Espanha mostrou que pular o café da manhã três vezes ao longo da semana pode afetar a saúde mental deles. Publicado no portal Frontiers in Nutrition, o estudo contou com a participação de pais de 3.772 crianças. Os pesquisadores reuniram informações sobre o humor, a autoestima e o nível de ansiedade dos participantes, assim como o que comiam e onde realizavam o desjejum. O resultado mostrou que aquelas que não faziam essa refeição tinham 3,29 vezes mais chances de desenvolver problemas comportamentais, como estresse, depressão e ansiedade em comparação com as que se alimentavam logo cedo.

Segundo a psicóloga Rita Calegari, de São Paulo, tomar o café da manhã em família é uma maneira de começar o dia de forma organizada, programar as atividades das crianças com elas, dialogar e acolher. “Se o pequeno vai ter uma prova, esse pode ser um momento para dizer: ‘eu vou preparar aqui um supermingau que vai deixar você concentrado para arrasar na avaliação’. Então, quando a gente fala de comida, não estamos falando apenas de alimentar o corpo do ponto de vista nutricional. Estamos alimentando a alma”, conclui.

Isso sem contar que começar o dia de estômago vazio – e, por consequência, sem energia – pode levar a uma queda de rendimento e atenção, especialmente nas primeiras horas dentro da sala de aula, antes do recreio. Uma pesquisa com 500 educadores realizada na Inglaterra chegou à conclusão de que 72% deles percebem uma diferença significativa entre os alunos que tomam café da manhã em comparação aos que não tomam. A an��lise foi encomendada pela Warburtons (empresa de panificação) em parceria com a ONG Magic Breakfast para destacar a importância do desjejum e fornecer mais de 1 milhão de refeições matinais para crianças que enfrentam insegurança alimentar no país.

De acordo com os educadores, alunos que pulam a primeira refeição do dia apresentam algumas características preocupantes, como desistir rapidamente das tarefas, mostrar sinais de cansaço e se distrair com facilidade. Da mesma forma, eles não são tão engajados e se mostram menos curiosos do que os que se alimentaram nesse período.

A tal da rotina

As crianças não devem pular o café da manhã — Foto: Getty Images
As crianças não devem pular o café da manhã — Foto: Getty Images

A gente sabe – e como – que as manhãs são corridas e, por conta dos horários apertados, nem sempre dá para comer com calma ao acordar. Mas, como reforçou o pediatra Lorencette no início da reportagem, não há melhor estímulo para estabelecer uma rotina saudável em casa. Por isso, vale a pena se organizar, na medida do possível, para colocar o hábito em prática. Toda mudança precisa de... mudança!

“O ideal é acordar as crianças mais cedo e, para tanto, os pais precisam acordar mais cedo ainda. Assim, todos podem dedicar pelo menos meia hora ao café da manhã”, aconselha Martha Amodio, nutricionista clínica e funcional de São Paulo. A pedagoga Lilian Barbosa Oshika, 45, mãe de Gabriel, 10, sabe bem disso. “Aqui o café da manhã é sagrado, Gabriel só tira o pijama depois de comer”, conta a mãe do menino, que estuda no período da tarde. “Nos três dias em que faz atividades esportivas, ele acorda mais cedo, para tomar o café ‘tranquilo’, como ele mesmo costuma falar, e só aí saímos de casa”, completa.

Mas e se a criança acorda sem fome, é preciso insistir no café? A resposta é não. Segundo a nutricionista, o momento da refeição tem de ser prazeroso. “Se a criança se recusa a comer logo cedo, os pais devem ficar atentos à qualidade da próxima refeição que ela vai fazer”, aconselha. Agora, se o pequeno vai para a escola no período vespertino, uma saída é adaptar a rotina de modo que a refeição seja postergada até o horário de a fome chegar. Desde que não fique muito perto da hora da próxima refeição, é claro, já que idealmente o intervalo entre elas deve ser de três horas.

É assim na casa da fisioterapeuta Danielle Tesser, 43. Ali ninguém acorda faminto, mas como seus filhos, Thales, 10, e Olívia, 8, estudam à tarde, ela deu um jeito. “Durante a semana, as crianças acordam por volta das 9h. Comem algo leve por volta das 10h, como um iogurte ou cereal com leite, já que precisam almoçar às 11h50 antes de ir à escola”, conta. Ano que vem, Thales vai mudar para o período da manhã, então Danielle já está se preparando para adaptar a rotina mais uma vez. “Tudo é hábito, e as crianças se acostumam muito mais rápido do que os adultos”, acredita. Enquanto esse momento não chega, a família aproveita os fins de semana para fazer o café da manhã mais tarde e com tranquilidade.

Agora, como falamos aqui na CRESCER de vida real, sabemos que há dias tumultuados. E está tudo bem. Nem sempre conseguimos montar uma mesa de café da manhã “de hotel”, com a família em volta da mesa. Só lembre-se que o mais importante é não pular essa refeição. Para essas ocasiões, a nutricionista Martha Amodio sugere uma receita de leite batido: bata o leite, que é fonte de proteína, com uma fibra (que pode ser farinha de banana verde, farinha da casca do maracujá ou psyllium, uma fibra solúvel), uma fruta, que é fonte de carboidrato, e uma gordura boa, como sementes e castanhas. “Essa mistura vira uma refeição completa, que vai permitir à criança chegar na escola com tudo o que ela precisa”, diz Martha.

O que não pode faltar

Rotina estabelecida, é hora de entender quais alimentos devem fazer parte desse ritual diurno, como já adiantou a nutricionista Martha. “A refeição precisa incluir fontes de carboidratos (pão, fruta, cereais, aveia) e uma fonte de proteína. Na realidade brasileira, leite e derivados acabam sendo a principal fonte proteica, mas é possível que proteínas vegetais (como bebidas à base de castanhas, tofu, chia etc.) também sejam utilizadas. Quanto mais natural for a alimentação, melhor para a criança”, afirma o pediatra Leandro Izoton Lorencette.

A aposentada Claudia Pampana, 50, não abre mão das frutas no café da manhã do filho Arthur, 4. “Ele acorda com fome, então, vario bastante o cardápio. Mas a fruta não pode faltar. Cada dia escolho uma diferente e ele adora”, diz.

Uma dúvida comum é se o café em si pode ser consumido pelas crianças. Não existe um consenso de caráter mundial que estabeleça os limites da ingestão de cafeína – presente não só no café, mas em bebidas energéticas, refrigerantes, chocolates e achocolatados, chá-mate ou chá-preto – por parte de crianças e adolescentes. No Brasil, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) não indica a ingestão de alimentos com cafeína nessas faixas etárias. Sendo assim, cada caso deve ser avaliado individualmente pelos profissionais de saúde que acompanham a criança.

Já para os bebês até os seis meses, o único alimento indicado é o leite materno, em livre demanda. “À medida que o bebê começa a introdução alimentar, as refeições vão progredindo conforme a aceitação dele. Então, já podem comer frutas, ovos ou outros alimentos presentes no café da manhã, mas ainda recebendo leite materno sempre que possível”, explica o pediatra Lorencette. De acordo com o especialista, o ideal é que essa transição ocorra até a criança completar 1 ano, quando a rotina alimentar deve acompanhar a da família.

Como você viu, sobram motivos para começar o dia com uma boa refeição em família. Seja acordando mais cedo, deixando a mesa semiposta na véspera ou preparando alguns itens com antecedência, os benefícios para a saúde física e mental do seu filho compensam os esforços. Servidos?

Mais do que o pão com manteiga

O café da manhã pode ser uma refeição completa e diferenciada. Não precisa ser sempre a mesma coisa, há muitas outras opções de alimentos saudáveis para variar o cardápio dos pequenos. Veja dicas para um café da manhã gostoso e nutritivo para crianças a partir de 2 anos:

  1. 1 pote de iogurte natural com fruta + pão integral com abacate (é só amassar com temperinhos naturais e passar no pão)
  2. 1 porção de fruta da época + 1 ovo mexido com ervas e/ou verduras, como tomatinho e orégano + 1 xícara de bebida vegetal (à base de coco ou castanhas) ou leite de vaca com cacau
  3. 1 porção de fruta da época + 1 pão integral com ricota temperada, creme de ricota ou queijo cottage temperado + 1 xícara de bebida vegetal ou leite de vaca com cacau
  4. 1 xícara de bebida vegetal ou leite de vaca com cacau + 1 pão integral com manteiga + 1 porção de fruta da época com psyllium (salpicar em cima da fruta)
  5. 1 porção de fruta da época + 1 ovo mexido com 1 colher (sopa) de aveia em flocos finos e temperos/verduras (cenoura ralada e salsinha/cebolinha) + 1 xícara de bebida vegetal com cacau

Fonte: Martha Amodio, nutricionista

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