As guerras entre Israel e a Palestina, assim como a da Rússia e Ucrânia, invadiram a cobertura de todos os meios de comunicação. O espanto e a preocupação dos adultos também podem ser comunicados às crianças. Como podemos protegê-los das ansiedades ligadas a esta notícia? Para ajudar as crianças a abordar essas questões, pensei em nove ações psicológicas que você, como pai, mãe ou professor, pode abordar com os pequenos.
1. Tomar consciência do nosso papel como pais
A escola, a mídia e os amigos vão falar com os nossos filhos sobre esse conflito, é inevitável. Se puderem fornecer chaves para a compreensão, também poderão (especialmente os amigos e os meios de comunicação social) contribuir para alimentar o clima provocador de ansiedade. Portanto, não podem substituir o nosso papel de pais no apoio aos filhos. Cabe a nós atuar como interface entre as informações externas e nossa família e apoiar nossos filhos diante dessas informações e desses acontecimentos.
2. Proteja os pequenos
Não acreditemos que os nossos filhos do jardim de infância e da escola primária não ouvirão nada sobre este conflito, nem mesmo que, ainda mais novos, não sentirão a ansiedade do ambiente, as nossas preocupações. As crianças são esponjas emocionais e ouvem muito mais do que imaginamos. Porém, não possuem as chaves para decifrar nem a maturidade necessária para administrar as emoções que isso pode despertar nelas. Podemos começar perguntando-lhes o que ouviram sobre isso. Podemos explicar-lhes — se nos perguntarem — que os adultos estão fazendo tudo o que está ao seu alcance para restaurar a paz e que, entretanto, cuidaremos bem deles. Até os 3 ou 4 anos de idade, não há necessidade de mostrar imagens de guerra.
3. Abrace os medos
Estes receios são legítimos, especialmente quando os meios de comunicação só falam de guerra durante todo o dia, quando este conflito está perto de nós. Temos o direito de ter medo. Fiquemos atentos aos sinais de ansiedade em nossos filhos. Crianças pequenas ou grandes, é importante permitir o diálogo sobre este assunto. Não hesite em falar com um profissional se a sua ansiedade se tornar muito grave.
4. Fique calmo e acalme seus filhos: pratique a terapia de carinho
Diante dessa notícia dolorosa, aproveite para dar abraços e beijos, para trazer um pouco de leveza ao dia a dia e tranquilizar os pequenos. As crianças precisam que a vida continue “normalmente”. Este conflito não está no Brasil, está longe de casa.
5. Afaste-se das informações fornecidas
Meios de comunicação 24 horas por dia que reproduzem imagens em looping, notícias televisivas com flashes violentos, interrupções de programas durante a crise, redes sociais que fornecem análises mais ou menos informadas de todo o mundo... Pensemos em nos distanciar, desligar os meios de comunicação para nos darmos um tempo e não alimentarmos a fonte dos nossos medos.
6. Limite ao máximo a solidão da criança diante da tela e das informações que ela transmite
É possível mostrar imagens (selecionando a fonte) dependendo da idade (se possível não antes dos 10 anos). Mas a criança deve poder contar com a nossa proximidade para se tranquilizar e fazer perguntas, se necessário. Sem o acompanhamento de imagens e de uma conversa, a criança pode fazer filmes assustadores em sua cabeça e ficar literalmente traumatizada com o que viu. Isto é particularmente verdadeiro até a adolescência, onde a falta de capacidade de compreender o que está acontecendo abre a porta para os piores cenários na mente da criança.
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7. Responda às perguntas das crianças
Ao verbalizar as perguntas, as crianças podem afastar os medos. Vamos garantir que respondemos com palavras adaptadas aos seus questionamentos, dando-lhes as chaves de compreensão que lhes convêm. Não se trata de antecipar as dúvidas, de provocá-las, mas de responder de acordo com a sua idade, com a sua sensibilidade, às perguntas que se colocam. Responda com uma voz calma e tranquila, tendo em mente que o objetivo principal é tranquilizá-los, não transmitir-lhes todas as nossas preocupações adultas.
8. Exercite seu pensamento crítico
A partir do momento em que as crianças têm acesso aos meios de comunicação (seja através dos amigos, seja por meio da escola ou mesmo da televisão ligada), é importante ajudá-las a exercitar o pensamento crítico face à informação: propaganda, papel e poder dos meios de comunicação, fontes confiáveis ou não, qual pessoa faz sua análise, “de onde” ela está falando? (é um soldado, um jornalista – de que meio de comunicação –, um chefe de Estado, um especialista em conflitos armados, um político… etc?). Com os adolescentes, é importante reservar um tempo para conversar e discutir esse assunto. As informações dos conflitos pelo TikTok, Instagram ou qualquer outra rede muitas vezes carece de nuances e exige que forneçamos aos nossos filhos alguns pontos de referência.
9. Semeie a paz
Esta guerra está além de todos nós e temos pouco poder sobre os acontecimentos. Contudo, podemos convidar as crianças a ver como, ao seu nível, podem preservar a paz. Com o desejo de ajudar quem sofre, muitas iniciativas estão surgindo. Estes momentos preocupantes também suscitam belas explosões de generosidade!
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