• Fernanda Hegyi
Atualizado em
mãe; bebê; conversa (Foto: Thinkstock)

Não é fácil passar por algumas situações da vida. Tente se lembrar de quando perdeu alguém querido, quando seu cachorro morreu ou você sofreu algum tipo de violência, como um assalto. Mesmo nós, adultos, precisamos de apoio e tempo para superá-las. Com as crianças não e diferente. E elas necessitam ainda mais atenção, porque não têm maturidade para entender certas coisas. “Funciona como um trauma no corpo mesmo: quando se quebra um osso, ele precisa de tratamento adequado para se regenerar perfeitamente”, compara a psicóloga Claudia Sodré Vieira, vice-presidente do Instituto Karunã, de São Paulo (SP), especializado em assistências a desastres, situações de violência e acidentes.

Tratamento adequado, nesse caso, se resume basicamente a muito amor, acolhimento, escuta e conversa. Claro que tudo vai depender da personalidade, da idade da criança, da dinâmica da família e da situação pela qual estão passando. Mas ter o apoio necessário será determinante na maneira como isso vai impactá-la. Segundo pesquisa da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP), crianças e adolescentes que sofrem traumas, sejam físicos ou emocionais, têm mais chances de se tornarem adultos depressivos – é o que os especialistas chamam de estresse precoce.

Algo está errado...
Muitas vezes, ao passar por uma circunstância difícil, a criança não consegue nem assimilar o que está sentindo – muito menos expor suas emoções de maneira clara. Isso pode acontecer ao sofrer algum tipo de violência urbana, enfrentar a separação dos pais, passar por situações de bullying, vivenciar a morte dos avós ou de um animal de estimação, por exemplo. Em todos esses casos, seu filho não necessariamente vai demonstrar que está mal. Por isso, é importante ficar atento aos sinais.

Os bebês, por exemplo, podem apresentar problemas na alimentação e no sono ou ter crises de choro. Já os maiores às vezes têm dores de cabeça, de estômago, e alguns voltam a fazer xixi na cama. Conforme crescem, os sinais costumam ficar menos evidentes no corpo e mais no comportamento ou nas dificuldades escolares.

De acordo com a situação, seu filho também pode ter crises de ansiedade, começar a pensar que foi abandonado, ter medo de perder as pessoas que gosta, não confiar mais nos outros, tornar-se inseguro e desenvolver alguns medos, principalmente em situações de violência.

O que fazer
É muito importante transmitir segurança para a criança – portanto, se você também estiver abalado e não se sentir à vontade para a função, procure ajuda de algum adulto da família que possa fazer esse papel. Em casos de violência urbana, quando todos estão com medo, vale a pena cogitar a psicoterapia. Afinal, por mais que tenha boa vontade, se você também está assustado, como vai poder dar apoio ao seu filho?

Além disso, embora a situação seja complicada, mostre para ele que vai passar, não vai durar para sempre. Também é fundamental deixar que ele exponha o que está sentindo. Para isso, crie momentos de acolhimento, para ouvir, conversar e explicar. Crie oportunidades de relaxamento, como ouvir uma música tranquila na sua companhia. E, claro: deixe que seu filho seja criança! Brincar, ter amigos, fazer uma atividade física fazem parte do desenvolvimento saudável do corpo e da mente. Não é porque está passando por momentos difíceis que ele precisa ter o comportamento, e muito menos a maturidade, de um adulto.
Outra fonte: Marcia Bignotto, psicóloga infantil e professora no Instituto de Psicologia e Controle do Estresse, em Campinas (SP)

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