Saúde
 

Por Sabrina Ongaratto


Os quadrigêmeos da cantora baiana Lia Gondim (@lia_gondim), 41, de Salvador, ex-participante do The Voice Brasil, da Rede Globo, e do marido, o produtor de eventos Fernando Rosa, estão prestes a completar o primeiro ano de vida. Os bebês nasceram prematuros, com 33 semanas, e precisaram ficar na UTI. Mas esse não foi o único desafio. Agora, a família corre contra o tempo para dar início a um tratamento de correção de assimetria craniana.

Segundo Lia e Fernando, os quatro nasceram com a condição por conta do posicionamento dentro do útero [saiba mais no fim da entrevista]. As meninas — Ananda e Valentina — tiveram assimetria moderada. "No caso delas, apenas com o tratamento do osteopata e do fisioterapeuta, foi voltando ao normal. No entanto, os meninos tiveram assimetria severa. Peu [Pedro Hugo] tem plagiocefalia [quando há o achatamento de um dos lados da parte de trás da cabeça] e Rafa tem braquicefalia [em que o achatamento ocorre na parte posterior da cabeça]", explicou a mãe.

A família viajou nesta quarta-feira (8), para João Pessoa, na Paraíba, para dar início ao tratamento. E a pressa, segundo Lia, é porque quando as moleiras se fecham não é mais possível moldar o crânio do bebê. "Além da questão estética, há riscos de atraso no desenvolvimento. As moleiras podem fechar rapidamente ou demorar um pouco, não se sabe, pois cada organismo tem um tempo, então, vamos fazer o máximo que conseguirmos do tratamento", garantiu.

Irmãos estão na Paraíba fazendo a medição para confecção da órtese craniana — Foto: Reprodução/Instagram
Irmãos estão na Paraíba fazendo a medição para confecção da órtese craniana — Foto: Reprodução/Instagram

Em entrevista à CRESCER, ela falou sobre o tratamento e porque precisa de ajuda para sua realização. Confira!

CRESCER: Como está o desenvolvimento dos meninos?
Lia Gondim:
Graças ao acompanhamento de todos os profissionais que estão com a gente, o desenvolvimento dos quatro está muito bem, apesar de terem nascido prematuros. Quanto à isso, por enquanto, estamos tranquilos. A assimetria pode provocar diversas complicações, mas a gente tem conseguido minimizar isso. Mas o uso do capacete [ou órtese craniana, saiba mais no fim da entrevista] vem pra diminuir a probabilidade de enfrentar maiores dificuldades.

C: Você comentou que a assimetria tem ligação direta com o fato de os bebês terem língua presa [quando o frênulo lingual, estrutura abaixo da língua, é mais curto do que deveria e acaba atrapalhando o movimento da língua], é isso?
L.G.: Sim, e isso é algo que não fazíamos a menor ideia. A evolução acontece muito rapidamente. Os médicos explicaram que a língua presa cria tensões no corpo, que podem acarretar diversos problemas, como a assimetria craniana. Para se ter uma ideia, dois dias após fazer a frenectomia, um procedimento cirúrgico de pequeno porte para remoção do freio lingual, Rafa começou a rolar. Ele não rolava até então, estava com atraso no desenvolvimento. Deu para perceber nitidamente no corpo dele que tinha distensionado. Por falta de informação, acabamos buscando o tratamento tardiamente, infelizmente. Então, pretendo me aprofundar nesse assunto para alertar outras famílias.

Quadrigêmeos estão prestes a completar 1 ano — Foto: Reprodução Instagram
Quadrigêmeos estão prestes a completar 1 ano — Foto: Reprodução Instagram

C: Os dois tinham língua presa?
L.G.: Eu já sabia que Rafinha tinha a língua presa e até tomamos cuidado por conta da amamentação. Mas a primeira pediatra que o atendeu disse que isso só deveria ser corrigido entre o quarto e o sexto mês de vida. Então, esperamos esse tempo chegar. Só que quando finalmente procuramos tratamento, fomos informados que, se tivéssemos feito a correção assim que ele saiu da UTI, a assimetria craniana poderiam não ter evoluído tanto. Foi nessa época também que descobrimos que Peu também tinha. Então, levamos os dois para fazer a frenectomia. A partir daí, houve um grande processo de evolução, mas ainda será necessário fazer a correção da assimetria, e ela só pode ser feita enquanto as fontanelas, popularmente conhecidas como moleiras, estão abertas. Então, estamos lutando contra o tempo, pois precisamos fazer o tratamento antes de elas fecharem.

C: Como é feito o tratamento para correção da assimetria?
L.G.: Os meninos terão que usar uma órtese craniana, um capacete que custa R$ 15.600 cada. Temos planos de saúde, mas até onde sabemos, não cobre o tratamento. Podemos tentar na Justiça, mas os custos são grandes. Moramos em Salvador, na Bahia, e aqui ninguém faz a confecção dos capacetes. Por isso, teremos de viajar até João Pessoa, na Paraíba. Então, também teremos os gastos com passagens para fazer a medição, o molde e ajustes mensais, além das hospedagens. Então, fizemos uma estimativa e devemos gastar, em média, nesse primeiro momento, R$ 72 mil.

Lia é cantora e já participou do programa The Voice Brasil, na Rede Globo — Foto: Reprodução Instagram
Lia é cantora e já participou do programa The Voice Brasil, na Rede Globo — Foto: Reprodução Instagram

C: Vocês têm condições para arcar com essa despesa?
L.G.: Como são quatro bebês, desde a gestação, divulgamos nosso PIX [saiba como ajudar no perfil @nossosquadrigemeos]. Assim, amigos, familiares e seguidores tem nos ajudado com os custos de leite, fraldas... Eu sou cantora, meu marido é produtor de shows e viemos de uma pandemia, não tínhamos grandes reservas. Foi uma gravidez de risco e eu fiz o possível para não parar de trabalhar, pois seriam quatro filhos para sustentar. Então, estamos nessa luta. Toda ajuda é bem-vinda!

Lia e Fernando com seus quadrigêmeos após o parto, em fevereiro de 2022 (Foto: Reprodução/Instagram) — Foto: Crescer
Lia e Fernando com seus quadrigêmeos após o parto, em fevereiro de 2022 (Foto: Reprodução/Instagram) — Foto: Crescer

C: Como está o coração nesse momento?
L.G.: Eu brinco que, desde o dia em que descobri que seriam quadrigêmeos, recebi um 'empurrão' e estou catando ficha até hoje (risos). A gente gente recebe informações novas todos os dias. O primeiro ano de um bebê prematuro se investiga a criança, vira ela do avesso mesmo, leva-se a muitos especialistas... então a demanda é muito grande e com quatro bebês ainda mais! Os desafios são muitos. No puerpério, as meninas vieram para casa, os meninos ficaram na UTI. Eram dois cá e dois lá, amamentando quatro crianças, ordenhava em casa, no hospital... Foi tudo muito difícil, mas entregamos à Deus. Acreditamos que é uma missão que Ele nos confiou e não vai nos desamparar. Fico emocionada ao falar, pois é corrido, é puxado... mas sempre acreditei que vai dar certo. Quando um desanima, o outro sacode. Aqui, a gente vive assim, um dia de cada vez.

Assimetria craniana: saiba mais

O aspecto de “amassado” pode acontecer, principalmente, no parto vaginal, pois a cabeça é moldável ao canal de parto. Isso também pode ocorrer devido à posição do bebê no útero. Cerca de 12% das crianças nascem com algum tipo de assimetria na cabeça. Desse total, 3% merecem intervenção e o restante regride naturalmente. Entre gêmeos, o risco é maior: 54% dos recém-nascidos têm assimetrias. Mas também há as chamadas assimetrias cranianas posicionais, ou seja, causadas pelo excesso de apoio em determinada região da cabeça nos primeiros meses de vida.

“Essas assimetrias [posicionais] são muito frequentes hoje em dia, justamente porque os bebês passaram a ficar muito mais tempo com a região posterior da cabeça apoiada por dormirem de barriga para cima – o que, diga-se de passagem, é o recomendado. Esse apoio constante no mesmo lugar, em uma cabeça que está aumentando em ritmo muito elevado, acaba por impedir o crescimento nessa região”, explica o médico Gerd Schreen, fundador da clínica Heads, especializada em assimetrias cranianas posicionais e que tem unidades em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Brasília e João Pessoa.

Embora a estética não seja uma consequência desprezível, há outras questões funcionais envolvidas. Tudo que está ligado à estrutura óssea craniofacial sofre deformação junto com o crânio. A órbita ocular, a ATM (articulação têmpora-mandibular), o conduto auditivo e muitas outras estruturas são modificadas do ponto de vista anatômico, levando a consequências funcionais dos órgãos a elas relacionadas. As mais comuns são as disfunções de oclusão dentária, de mastigação, dor na ATM, redução do campo visual, otites de repetição, entre outras.

“Se não forem tratadas, as assimetrias podem levar a condições clínicas futuras que talvez nunca sejam correlacionadas, como dificuldade na aquisição da fala, pouca coordenação motora e problemas de concentração. Muito mais do que uma questão estética, as assimetrias cranianas são um mapa de que o tecido cerebral não cresceu e não está desempenhando a sua melhor função”, explica a fisioterapeuta Carolina Setti, de São Paulo (SP), criadora do Método Setti para tratamento de torcicolo congênito e assimetria craniana.

Antes de tudo, é importante ressaltar que, quanto mais cedo o tratamento começar, mais chances de obter bons resultados. Dito isso, normalmente é feita, em casa, uma primeira tentativa com o chamado reposicionamento, que consiste na modificação da posição de apoio da cabeça, priorizando o contato com a região que está proeminente e evitando-se o apoio na região que está achatada. Porém, após os 6 meses, essa prática se mostra ineficaz. Outra possibilidade é a fisioterapia, que pode ser recomendada nos casos de torcicolo congênito ou posicional, e necessidade de realinhamentos posturais, sempre com indicação do médico especialista, que avaliará o número de sessões que ele julga necessário de acordo com o caso.

No entanto, quando a fisioterapia e o reposicionamento se revelam insuficientes para corrigir a assimetria, é preciso lançar mão da órtese craniana, espécie de capacete feito sob medida para cada bebê que se opõe ao crescimento na região proeminente e garante espaço para crescimento na área achatada, mesmo que o bebê apoie a cabeça nessa região. A órtese também pode ser indicada como primeira opção quando a assimetria craniana for muito severa. É importante destacar que raramente se recorre à cirurgia para correção de assimetrias, porque o risco cirúrgico é grande. Por outro lado, procedimentos para correção de consequências de assimetrias, como desalinhamentos da mandíbula, podem ser necessários.

Durante a confecção do capacete, a cabeça do bebê passa por um escaneamento a laser que servirá de molde para a confecção da órtese sob medida. Cada bebê tem uma necessidade específica e um capacete nunca é igual ao outro. A precisão e capacidade de ajuste nessa órtese são essenciais para que se alcance o resultado desejado. Ela deve ser utilizada por 23 horas ao dia, sendo retirada apenas para o banho e a limpeza, durante o período máximo de uma hora. A duração do tratamento varia conforme a idade de início – quanto mais cedo começa, mais rápido é o tratamento – e grau de assimetria. Tipicamente, dura de três a quatro meses.

Assimetria craniana x língua presa: qual é a relação?

Segundo a cirurgiã dentista e odontopediatra Adriana Mazzoni, membro do Núcleo de Estudos de Saúde Oral da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), a língua começa sua formação no primeiro mês de vida intrauterina e é uma das responsáveis pela formação da região orofacial. "Trata-se de um órgão formado por vários músculos que devem se desenvolver e trabalhar em equilíbrio durante a formação antes e após o nascimento. E por esta região ser muito próxima à musculatura do pescoço, quando a movimentação da língua fica limitada, pode promover tensão cervical e vice-versa. Quando o pescoço apresenta desvio ou tensão, pode alterar a movimentação ou posicionamento lingual", explica.

Por isso, segundo a especialista, o atendimento multidisciplinar, quando profissionais de diferentes áreas fazem suas avaliações, a equipe consegue chegar na melhor opção para beneficiar os pequenos. "Quando tratamos bebês, o ideal é decidir sobre os diagnósticos e tratamentos em equipe, para sermos mais assertivos. Cada paciente tem um momento de diagnóstico e tratamento individual. O que reforça a necessidade do atendimento transdisciplinar", finalizou.

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