O poder do se abraçar e abraçar quem está perto

A resposta dela me levou para o meu puerpério. Eu tive o que apelidei de mini baby blues. A partir do terceiro dia depois que Aurora nasceu, eu chorava, sempre à noite, por cerca de 30 minutos, sem parar. Começava com uma enorme felicidade quando olhava para a minha filha e depois para o meu marido. Depois, vinha um medo absurdo de essa felicidade acabar. Eu sentia um desespero ao pensar que poderia perder os dois ou algo de ruim acontecer. E aí é que o choro não cessava. Isso durou uns 10 dias. Depois, do nada, parou. Brinco que foi um baby blues mini porque era muito leve e curtinho. Sei que há relatos muito fortes. E de casos de depressão pós-parto. Aliás, depressão era meu grande pavor, já que eu passei por uma depressão em 2018 e faço uso de medicação até hoje.

Eu quis trazer esse tema aqui porque acho que é algo que as pessoas têm receio de falar. E quanto mais a gente falar, mais vamos quebrar os tabus. Ainda temos mulheres envergonhadas pelos sentimentos tão estranhos depois do parto. Homens, familiares e amigos que não entendem o que é e até os que acham que é frescura.

Baby blues e depressão pós-parto não são bobagem e devem ser levados a sério. Aliás, o puerpério deve ser visto com muito amor e delicadeza. Ele não é só o período de quarentena da mulher depois de parir, em que ela não pode fazer sexo. Puerpério é mais do que isso. São muitos hormônios rodando no seu corpo, diminuindo e aumentando. Isso tudo mais a bomba emocional de ter um filho, de ver a vida e o corpo mudarem... Ah, meus caros, só quem passa sabe. Em alguns momentos, você não entende se ri ou se chora. Em outros, faz os dois alternadamente.

O baby blues aparece a partir do segundo ou terceiro dia depois do parto. Altera o humor, a mulher pode ficar triste, irritada, instável emocionalmente, chorando sem razão facilmente. Também pode se sentir ansiosa e muito sensível. Importante lembrar que ele passa, dura até umas 3 semanas.

A depressão pós-parto é mais forte. Todos esses sentimentos vêm como uma bomba e a mulher se isola, não quer ver ninguém, em alguns casos não quer ver nem o bebê. Pode também ter pensamentos assustadores, tem dificuldade de tomar decisões e até de cuidar dela e do bebê. A depressão pós-parto dura mais tempo e pode aparecer até um ano depois do nascimento. E é imprescindível que a mulher tenha acompanhamento médico e psicológico.

Por isso, se uma mãe, próxima a você, teve neném, por favor, pergunte se ela precisa de alguma coisa. Às vezes, ela só precisa desabafar. Não cobre, não minimize o sofrimento dela e nem compare com ninguém. Se você já passou por isso, conte o que fez que foi legal, ofereça ajuda e mostre soluções carinhosas e possíveis.

E se você está passando pelo puerpério, eu quero te dizer que ele é uma loucura mesmo. Mas não tenha medo! Com o tempo, deve melhorar. Mas, se não resolver, procure ajuda médica. Não hesite, por favor! Uma coisa que eu fazia e veio institivamente, sem eu planejar, era me enrolar na toalha ao sair do banho e me dar um abraço. Sei lá o que era, mas aquilo me confortava de algum jeito. Talvez, pensando aqui, era um gesto me mostrando que eu tinha paciência comigo mesma e que me acolhia enquanto aquela bomba hormonal e sentimental não passava. Você pode tentar também, quem sabe ajuda um pouquinho... E daqui de longe, sem saber quem é você que está lendo esta coluna, sinta meu abraço, com todo o carinho do mundo e um xêro bem apertado. Assim como eu fiz com a minha amiga, que agora há pouco escreveu assim: "Estou bem melhor. Hoje deixei a bebê com o pai e fui dar uma volta na rua pra colocar a cara no sol. Dez minutos e me senti tão bem. Foi ótimo!".