Parto
 

Por Vanessa Lima


VBAC. Se você está grávida ou planeja engravidar, esta é apenas uma das siglas que poderá passar a fazer parte do seu vocabulário ao longo das 40 semanas. As letras são a abreviação do termo em inglês “Vaginal Birth After Cesarean”, que significa “Parto Vaginal Após Cesárea”. Como o nome mesmo explica, ocorre quando a mulher tem um bebê por via vaginal depois de, em uma gestação anterior, a via de nascimento ter sido uma cesariana.

É possível ter um parto vaginal após a cesárea  — Foto: Getty Images
É possível ter um parto vaginal após a cesárea — Foto: Getty Images

Mas qual é o problema? Até pouco tempo atrás, era comum acreditar que, se uma mulher teve um bebê por cesárea uma vez, ela deveria ter cesáreas também em próximas gestações. O principal medo (conforme você vai ler com mais detalhes abaixo) é o de rotura uterina, ou seja, os médicos temiam a possibilidade de a cicatriz do útero se romper, durante o trabalho de parto.

Hoje, já se sabe que, com os cuidados certos, o VBAC é mais seguro e vantajoso para a mãe e para o bebê, do que fazer uma nova cesárea. Para ajudar você a entender melhor o assunto, com todos os riscos e benefícios envolvidos, conversamos com o ginecologista e obstetra Marcelo Nunes dos Santos, coordenador médico da maternidade São Luiz Star (SP).

1. Tem mais benefícios do que riscos

Ao contrário do que era comum acreditar há alguns anos, atualmente já se sabe que a tentativa de fazer um parto vaginal depois de uma cesárea supera o risco de partir para uma segunda cesárea direto. “É indicado tanto pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), quanto pelo Ministério da Saúde”, aponta Marcelo. “As vantagens são todas aquelas inerentes a um parto vaginal, ou seja: recuperação mais rápida, menor sangramento durante o parto, menor risco de lesão de órgãos, como bexiga e intestino”, ressalta o obstetra.

2. O risco principal é o de rotura uterina. Ainda assim, é bem pequeno

O principal problema que pode acontecer em um parto vaginal após a cesárea é a rotura uterina, ou seja, o rompimento da cicatriz deixada no útero pela cirurgia. “É uma emergência médica que pode colocar em risco de óbito tanto o bebê, como a mãe”, afirma o médico. No entanto, é algo muito raro de acontecer. As chances são mínimas, de 0,5% a 1%, segundo o especialista. E mesmo que aconteça, com os cuidados certos, o médico consegue agir para salvar o recém-nascido e a parturiente.

3. Rotura uterina pode dar sinais antes de acontecer

Mesmo com chances mínimas, é possível que a rotura uterina aconteça durante um VBAC. Por isso, de acordo com Marcelo, é importante que o parto aconteça com um médico de confiança, em um ambiente hospitalar, com recursos para intervir rapidamente em caso de necessidade. O obstetra explica que alguns sinais podem mostrar que a rotura pode acontecer — antes que ela, de fato, aconteça.

“Às vezes, a parte debaixo do útero, antes de haver o rompimento, se retrai e forma um sinal que lembra uma ampulheta, forma uma espécie de corcova. Além disso, é preciso ficar atento aos batimentos cardíacos do bebê. Se ficar muito acelerado ou muito baixo e não voltar ao normal, isso também pode ser um indicativo de possível rotura”, esclarece o obstetra. “É bem raro, mas é importante fazer um diagnóstico rápido para intervir a tempo. Assim, evitam-se sequelas tanto para a mãe, quanto para a criança”, salienta.

A rotura uterina pode causar descolamento de placenta, o que faz com que haja falta de oxigenação para o bebê. Os vasos do útero podem ser cortados e causar uma hemorragia. “É preciso correr para evitar que a mãe perca o útero e para conseguir tirar o bebê a tempo de ele ficar bem, não ter uma anoxia [privação de oxigênio] grave ou mesmo óbito”, diz Marcelo.

4. VBA1C, VBA2C, VBA3C…

Além da sigla simples, de VBAC, pode ser que você se depare com versões que incluem numerais, como VBA1C, VBA2C ou VBA3C. O número representa o número de cesáreas que a mulher já teve antes de tentar o parto normal. VBA1C seria parto vaginal após uma cesárea, VBA2C, depois de duas cesáreas e assim por diante. Mas será que continua seguro tentar fazer um parto vaginal, mesmo com duas ou mais cesáreas anteriores? “Segundo o Ministério da Saúde é possível, sim, tentar fazer um parto vaginal após duas cesáreas. No entanto, nas evidências científicas, até o momento, só se fala de parto vaginal apenas após uma cesárea”, explica o obstetra. No entanto, segundo Marcelo, é possível, sim, dependendo de cada caso e da saúde da gestante. “Isso deve ser bem conversado entre o obstetra e a paciente durante o pré-natal, para que sejam apresentados todos os riscos e benefícios”, reforça. “A partir de três cesáreas anteriores, Ministério da Saúde, Febrasgo e ACOG (Colégio Americano de Obstetrícia e Ginecologia) não recomendam a realização de um parto vaginal porque o risco é maior”, frisa.

5. Se necessária, a indução do parto requer cuidados

Aguardar que a gestante entre em trabalho de parto espontâneo até 40 ou 41 semanas, desde que esteja tudo bem com o bebê e com ela, também é um ponto importante para aumentar a taxa de sucesso de um VBAC. No entanto, mesmo que isso não aconteça, é possível usar algumas estratégias para ajudar a preparar o colo do útero, para estimular as contrações.

“Nesse caso, usamos balões ou sondas, que são colocados no colo, para promover a dilatação. É o que chamamos de preparo mecânico”, explica o médico. Com cuidado, em certos casos, também pode-se usar a ocitocina sintética, segundo o especialista. “A única coisa que não é indicada na indução desses partos é o comprimido de misoprostol, usado em casos de grávidas que não têm cesárea anterior. Isso aumenta mais de dez vezes o risco de ter uma rotura uterina e, portanto, não é recomendado”, diz Marcelo.

6. Intervalo entre um parto e outro é o mesmo recomendado para qualquer parto

Existe algum tempo recomendado para esperar entre uma cesárea e um parto vaginal? De acordo com o obstetra do São Luiz Star, embora a literatura médica não tenha um valor exato, estudos apontam que um período de 1 ano e 8 meses entre um parto e outro é seguro. Ou seja, é um intervalo bem semelhante ao que é recomendado entre dois partos normais, em qualquer gestação. “É o tempo normal de recuperação após o parto mesmo”, lembra o médico. Ainda assim, mesmo que o intervalo seja menor, não há uma contra-indicação formal. Nesse caso, pode ser possível, sim, ter um VBAC, desde que os detalhes sejam conversados com franqueza entre médico e gestante, no pré-natal.

7. O tipo de corte da cesárea anterior faz diferença

Em geral, o corte feito para realizar uma cesárea é na horizontal, embaixo do útero. No entanto, se, por algum motivo, a grávida tiver uma cicatriz longitudinal (ou seja, na vertical), o VBAC pode ser contra-indicado. “A cicatriz vertical pode ser resultado não só de uma cesárea anterior, mas de outras cirurgias, como a retirada de miomas grandes ou uma gravidez ectópica [que se desenvolve fora do útero]”, ressalta o especialista. Nesses casos, o risco de ruptura é maior.

8. Existem alguns casos em que o VBAC não é recomendado

Apesar de o risco ser pequeno na maioria dos casos, existem algumas contra-indicações para o VBAC. Segundo o médico, esse o parto vaginal não é recomendado quando a mulher tem mais de duas cesáreas anteriores ou se tiver uma cicatriz longitudinal no útero. Quando o bebê tem mais de 4,5 kg, por exemplo, também é necessário que o médico avalie se é a melhor opção ou não. Se a mãe tiver algum problema ou trauma na bacia que provoque estreitamento, o obstetra também deve avaliar antes de orientar a tentativa de um parto vaginal.

9. Não precisa de cuidados adicionais no pré-natal e no pós-parto

O pré-natal e os exames que devem ser realizados por uma mulher que busca o VBAC não são diferentes dos de qualquer gestante. “Não é preciso fazer nenhum exame adicional. É só ter uma conversa aberta e franca com o obstetra, para que ele exponha os riscos e benefícios e, durante o parto, deve haver o monitoramento habitual”, afirma Marcelo.

10. Relação de confiança entre a grávida e o médico é fundamental

O principal para ter um VBAC com sucesso é manter uma boa relação entre médico e paciente. “Sem dúvida, o primeiro e mais importante ponto é a paciente querer fazer isso, estar bem informada e estar em sintonia com o obstetra”, ressalta o especialista. “Feito de uma maneira segura, em um ambiente hospitalar, que tenha todos os recursos para o caso de haver algum problema, tem tudo para dar certo”, completa.

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