• Fernanda Montano
Atualizado em
Engatinhar é fundamental para o seu filho (Foto: ThinkStock)

Engatinhar é fundamental para o seu filho (Foto: ThinkStock)

Sabemos de cor o que é importante para um bom desenvolvimento da criança: ambiente acolhedor e estimulante, adultos cuidadores atenciosos, livre brincar, convivência com seus pares, contato com a natureza, alimentação equilibrada, sono restaurador. Se muitos desses aspectos foram tirados dos pequenos nesse período, é natural que se vejam resultados aquém do esperado. Ao mesmo tempo, a possibilidade de passar mais tempo com os pais em casa trouxe até alguns avanços.

Segundo o pediatra Daniel Becker, Rio de Janeiro (RJ), algumas crianças que estavam em casa em harmonia, com pais que conseguiram se organizar na quarentena para dedicar tempo a elas, mantendo a tranquilidade, o afeto e o convívio saudável entre o casal e os filhos, tiveram desenvolvimento espetacular. “Aquelas que não falavam, por exemplo, passaram a fazer isso. Mas a maioria, mesmo tendo conquistas, sofreu com sintomas psíquicos, alterações de comportamento, desde distúrbios de apetite, seletividade excessiva, recusa ou compulsão alimentar, agressividade, irritação, birras e ficaram grudadas nos pais”, afirma.

O especialista ainda alerta para casos de regressão de comportamento, como crianças que estavam já sem fralda e voltaram a usá-la, além de tiques, gagueira e dificuldades escolares. “São sintomas que vão se agravando ao caminharem para a introspecção excessiva, recusa de vivenciar as atividades em família, de sair, de participar da aula online, de ver os avós, de encontrar amigos... até chegar na depressão, que vimos um bocado também”, afirma.

Uma vez que seja observado um atraso (lembre-se: você não está sozinho nessa!), a criança deve ser estimulada. É importante ter um profissional acompanhando, ou seja, converse sempre sobre isso com o pediatra. Quanto aos estímulos, vão variar de acordo com a idade e a finalidade, mas englobam as vivências no dia a dia, o olho no olho, as brincadeiras ao ar livre e o contato com a natureza, tomando sempre cuidado com aglomerações (a pandemia segue seu curso ainda). Se sentir dificuldade, não hesite em procurar o apoio de profissionais especializados, como fonoaudiólogos, fisioterapeutas, psicólogos e terapeutas ocupacionais.

Pude acompanhar o desenvolvimento da minha filha de maneira que jamais seria possível. A primeira vez que pediu para ficar sem fralda, que fez xixi no banheiro... Na vida corrida de antes, eu não teria presenciado nada disso. Ela se desenvolveu muito na quarentena!”
Hellen Monteiro, 39 anos, reflexoterapeuta, mãe de Manuela, 3 anos