Aditivos, conservantes, corantes e açúcar em excesso — presentes na maioria dos refrigerantes — não são nutricionalmente recomendados para ninguém. Entretanto, para as mulheres que estão amamentando, o consumo de refrigerantes é ainda mais nocivo, pois pode impactar tanto a saúde da mãe quanto do bebê. "Sabe-se que o refrigerante é uma bebida rica em cafeína, principalmente aqueles à base de cola. Dessa forma, o bebê pode sofrer com essa exposição a cafeína, levando a quadros de irritabilidade, agitação e dificuldade para dormir", explica a ginecologista e obstetra Priscila Frauches, da Clínica Mantelli (SP).
Além disso, reforça Priscila, para a saúde da própria mãe, "os refrigerantes são bebidas ricas em açúcares, adoçantes artificiais e sem valor nutricional, o que pode dificultar a perda de peso e uma piora da qualidade nutricional da dieta dessa mulher".
A seguir, veja outras respostas para as dúvidas sobre o consumo do refrigerante na gravidez:
O consumo de refrigerantes pode causar cólicas no bebê?
Sem dúvidas! A obstetra pontua que os bebês são sensíveis a cafeína, levando a quadros de irritabilidade e desconforto, ocasionado as cólicas. Além disso, o próprio gás do refrigerante pode induzir gases na mãe, o que leva a um desconforto gastrointestinal e, em alguns casos, isso acaba afetando o bebê, contribuindo para as cólicas.
"Quando pensamos na saúde do bebê de forma geral, não podemos esquecer do impacto metabólico que a exposição excessiva aos açúcares desde a primeira infância podem provocar, como a resistência à insulina e aumento do risco de diabetes e outras condições metabólicas", reforça Frauches.
Refrigerante zero é uma opção melhor para as lactantes?
Segundo a ginecologista, essa alternativa não é o suficiente para driblar os impactos negativos do refrigerante na amamentação. "O refrigerante zero apenas não tem os açúcares, no entanto, é rico em adoçantes sintéticos, que podem levar a disbiose [desequilíbrio da flora intestinal]. Ele mantém os mesmos níveis de cafeína, no caso daqueles à base de cola, e continuam sem valor nutricional adequado."
Durante o aleitamento, as alternativas mais saudáveis continuam sendo a água, água de coco, sucos de frutas sem açúcar e chás de erva (sem cafeína).
Uma dica para quem não "vive sem refrigerante" é se preparar antes de engravidar. É importante que a mãe já comece a mudar os hábitos antes da gestação, para que, quando chegue este momento, não seja tão difícil. É preciso repensar a rotina, passar a ler rótulos antes de consumir qualquer que seja a bebida e entender o que traz benefícios e o que é prejudicial à saúde da mãe e do bebê.
É fundamental entender a procedência e as composições de tudo o que é consumido. O refrigerante não contém nutrientes, além de apresentar compostos que podem fazer mal ao organismo. Que tal substituir por água com gás e limão?
Por que é importante a alimentação saudável na amamentação?
Uma alimentação saudável por parte da mãe é crucial durante a amamentação por várias razões que impactam tanto a saúde da mãe quanto a do bebê. "Uma dieta saudável acelera a recuperação pós-parto, seja parto normal ou cesárea, fornecendo os nutrientes necessários para a recuperação dos tecidos e a reposição de nutrientes perdidos durante o parto. Além disso, mantêm os níveis de energia e o bem-estar geral da mãe, que é essencial para lidar com as demandas físicas e emocionais nesse período do puerpério", explica a obstetra. Uma alimentação balanceada também ajuda a manter a saúde óssea da mãe, prevenindo a perda de densidade óssea que pode ocorrer devido à amamentação e auxilia a manter um peso saudável, prevenindo ganho ou perda excessiva de peso.
Para o bebê, os benefícios também são significativos, já que a dieta da mãe influencia na composição do leite materno. "Uma alimentação rica em nutrientes garante que o leite contenha os nutrientes necessários para o crescimento e desenvolvimento saudável do bebê, incluindo vitaminas, minerais, proteínas e ácidos graxos essenciais que vão agir no fortalecimento do sistema imunológico, no adequado desenvolvimento cerebral e cognitivo, além de prevenir deficiências nutricionais que poderiam afetar a saúde do bebê a longo prazo", conclui Priscila.
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Quais alimentos evitar durante a amamentação?
Como preconiza o Guia Alimentar para Menores de 2 anos, do Ministério da Saúde, a alimentação da mulher que amamenta deve dar preferência a alimentos in natura ou minimamente processados, com quantidades moderadas de sal e açúcar. Se o bebê começar a apresentar sintomas como diarreias frequentes, perda de peso ou sangue nas fezes vale investigar com o pediatra se existe alguma alergia alimentar e, aí sim, talvez restringir alguns alimentos da dieta da mãe.
De modo geral, até mesmo o consumo de álcool não é proibido na amamentação: de acordo com a pediatra Rossiclei de Souza Pinheiro, do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o consumo de bebidas alcoólicas é considerado compatível com a amamentação tanto pela Academia Americana de Pediatria quanto pela SBP. Mas não é recomendado. Isso significa que a mãe pode, sim, tomar um drinque eventualmente, desde que com alguns cuidados.
“O nível de álcool que chega até o leite está diretamente relacionado à quantidade ingerida”, alerta a pediatra. Ou seja, quanto menor o volume, menos tempo ele vai levar para ser metabolizado e eliminado pelo organismo.
De acordo com o pediatra Moises Chencinski, "segundo fontes que estudam e abordam a passagem de drogas e medicamentos através do leite materno, a recomendação ainda é evitar estimular o consumo de álcool durante esse período por conta dos riscos para a mãe e para o bebê".