• Por Diego Revollo
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Banheiro branco com decoração clean. Projeto Diego Revollo. (Foto: Divulgação)

Banheiro branco com decoração clean. Projeto do arquiteto Diego Revollo (Foto: Divulgação)

A valorização dos banheiros
A chegada da segunda onda da Covid-19 e as consequências que ela vem trazendo a todos, certamente está nos afetando bem mais do que no início da pandemia, um ano atrás. Se na primeira onda todos correram para adaptar suas casas para um período de maior permanência, transformando mesas de refeições em área de estudo e improvisando, cada um da sua maneira, seu novo lugar de trabalho, as áreas que, efetivamente, foram mais reformadas ou que mais suscitaram a vontade de mudança, correspondem à cozinha e ao banheiro.

A primeira foi amplamente discutida no ano passado, com a intensificação do seu uso por todos da família e pela revalorização do hábito de cozinhar, democraticamente acatado pela maior parte das pessoas. Enxergar prazer no preparo das refeições foi uma das melhores consequências e resposta às restrições impostas por todas as fases da pandemia.

No entanto, um ano depois e novamente atravessando o mesmo problema, muitos se veem, e com razão, esgotados; e agora estão tentando a todo custo manter os ânimos e o equilíbrio frente a tantas adaptações e ao ônus e consequências acumuladas. Nesse sentido, para muitos, o banheiro e todos os rituais que envolvem seu uso passou a ser quase que uma válvula de escape, ganhando importância e trazendo ares terapêuticos.

Detalhes do projeto do arquiteto Diego Revollo (Foto: Divulgação)

Detalhes do projeto do arquiteto Diego Revollo (Foto: Divulgação)

Com a sala assumindo novas funções e o aumento do convívio de todos em uma mesma casa, os banheiros certamente assumiram uma importância maior e se converteram definitivamente em lugares para descanso e relaxamento. Para muitos, o ambiente passou a ser o único lugar da casa onde permanecer sozinho virou sinônimo de reorganização mental ou mesmo de autocuidado, contribuindo para o restabelecimento do equilíbrio interno, tão necessário nestes tempos.

Ainda que, atualmente esgotados, não vejo como uma mudança passageira a importância que essas áreas assumiram recentemente, e entendo que, cada vez mais, os banheiros ou mesmo as salas de banho demandarão uma atenção maior em reformas e concepções de apartamentos e casas.

Dentro desse novo cenário, destaco quatro itens que, a meu ver, relacionam-se com a valorização dessas áreas:

1. Luz Natural
A ideia de um banheiro totalmente branco sempre fez parte das minhas sugestões para projetos nessa área. Não se trata de algo impositivo ou mesmo uma verdade absoluta, mas sempre vi com bons olhos a sensação de começar o dia em um espaço claro e preenchido por luz natural. Como arquiteto, sempre procuro me colocar, antes de tudo, na posição do usuário, e acredito que as sensações que um espaço pode nos passar todos os dias é inegavelmente o ponto mais importante. Nesse sentido, os banheiros com aberturas maiores, vasta incidência de luz natural e revestimentos claros, que amplificam o efeito da iluminação natural, serão indiscutivelmente mais agradáveis e alinhados com as sensações que nos fazem bem.

Banheiro SPA com detalhes minimalistas. Projeto do arquiteto Diego Revollo.  (Foto: Divulgação )

Banheiro SPA com detalhes minimalistas. Projeto do arquiteto Diego Revollo (Foto: Divulgação )


2. Minimalismo
Não acredite cegamente neste conceito como um estilo de vida, que deve ser adotado por todos. Ainda que as imagens de projetos minimalistas me agradem do ponto de vista estético, entendo que uma casa preenchida por objetos e extravagâncias, ainda que sem função, contribuem para "carimbar" o DNA de uma família, trazendo bem-estar. No entanto, na contramão do meu pensamento, para todas as áreas da casa, vejo cada vez mais os banheiros alinhados no sentido filosófico do “menos é mais”.

Banheiro que visa o bem-estar do morador. Projeto do arquiteto Diego Revollo.  (Foto: Divulgação )

Banheiro que visa o bem-estar do morador. Projeto do arquiteto Diego Revollo (Foto: Divulgação)




Meu principal ponto aqui é que banheiros que demandam menos manutenção, exalando organização ou mesmo coerência visual, tranquilizam-nos, reforçando as sensações que buscamos nesses espaços. Diferente de um lavabo, por exemplo, nos banheiros evito acentuar a dramaticidade ou mesmo o abuso de elementos visuais e decorativos. Quando projeto banheiros, foco na estrutura do espaço, na funcionalidade e na escolha dos revestimentos, sempre buscando reprimir excessos gratuitos.

Detalhes da área seca e molhada. Projeto do arquiteto Diego Revollo.  (Foto: Divulgação )

Detalhes da área seca e molhada. Projeto do arquiteto Diego Revollo (Foto: Divulgação)


3. Personalização 
Projetar um banheiro pode parecer simples, mas mesmo os menores espaços, que são os mais recorrentes, devem ser absolutamente funcionais e pensados com bastante atenção. Diferente de espaços públicos, quando pensamos em banheiros de residência, o uso pode ser bastante particular e esse é o primeiro ponto que não deve ser ignorado. Questionar não só as funções básicas e o dimensionamento de cada uma, como também a forma que usamos e até mesmo a nossa rotina. Vale aqui a sugestão de novos hábitos ou mesmo o abandono de ideias engessadas que estavam incorporadas na nossa rotina, em decorrência de espaços mal projetados e com grandes limitações. Com a infinidade de materiais disponíveis e marcas que nos apresentam novidades a cada ano, não existe razão para não personalizar ao máximo essas áreas. Partir de um bom layout e aos poucos, passar por todos os itens sem pressa e com atenção, permite escolhas alinhadas com nós mesmos, que carregamos no nosso dia a dia.

Banheiro com madeira e itens decorativos na cor branca. Projeto do arquiteto Diego Rovello (Foto: Divulgação )

Banheiro com madeira e itens decorativos na cor branca. Projeto do arquiteto Diego Rovello (Foto: Divulgação)


4. Relaxamento 
Optar por trazer um ar de SPA para os nossos banheiros é uma alternativa e um caminho sem volta, para todos que atingiram esse objetivo. Alinhado com a indústria de bens de consumo, o banheiro se tornou também o espaço para a realização de rituais de beleza e teve como consequência seu tempo de permanência dilatado. Espaços mais amplos tornaram-se sonho de consumo e uma área dedicada apenas à banheira ou mesmo uma bancada para maquiagem, tornaram-se pedidos recorrentes.

Novamente, o que buscamos agora são áreas de quase descompressão. Onde acalmar, desestressar e recarregar a bateria tornaram-se parte da nossa rotina. Como pequenos santuários, os banheiros funcionam, cada vez mais, como áreas de descanso e de relaxamento tão necessárias à manutenção do nosso equilíbrio e da saúde mental.

Ambiente com banheira e espaço relaxante. Projeto do arquiteto Diego Rovello  (Foto: Divulgação )

Ambiente com banheira e espaço relaxante. Projeto do arquiteto Diego Rovello (Foto: Divulgação )