• Por Diego Revollo
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Neste mês, o colunista e arquiteto Diego Revollo reúne 10 peças que são clássicos do design (Foto: Divulgação | Montagem: Casa e Jardim)

Neste mês, o colunista e arquiteto Diego Revollo reúne 10 peças que são clássicos do design (Foto: Divulgação | Montagem: Casa e Jardim)

No século passado, quase todos os arquitetos consagrados se aventuraram no desenho de mobiliário e criaram peças icônicas, que são comercializadas até hoje. Ainda que para alguns modelos a produção tenha sido retomada recentemente, é inegável a qualidade dessas peças, a ponto de tornarem-se clássicos adorados por profissionais e leigos no assunto.

Ciente de que cada vez mais rápido consumimos e descartamos modismos e tendências, apostar em clássicos para compor a sua casa pode ser uma garantia de dar vida longa à decoração. Para quem tem interesse em conhecer e saber mais, separei 10 cadeiras que, além de admiráveis, ainda possuem fôlego para decorações atuais:

1. Cadeira Era | Michael Thonet | 1859

Cadeira Era, de Michael Thonet (Foto: Divulgação)

Cadeira "Era", de Michael Thonet (Foto: Divulgação)

Conhecida de muitos, a cadeira Era foi criada em 1859 pelo marceneiro alemão Michael Thonet. Com a técnica de curvar a madeira aplicada em uma produção em série, é certamente uma das cadeiras mais vendidas da história. Definida por seu assento redondo e encosto em madeira curvada, ela é leve, elegante e durável, o que a torna um dos modelos mais escolhidos também para ambientes comerciais. Com fãs notáveis, como Le Corbusier e Pierre Auguste Renoir, é uma aposta certa para quem quer trazer aconhego com delicadeza em um projeto contemporâneo.

2. Cadeira LCW Eames | Charles e Ray Eames | 1946

Cadeira LCW Eames, de Charles e Ray Eames (Foto: Divulgação)

Cadeira "LCW Eames", de Charles e Ray Eames (Foto: Divulgação)

Depois de se formar na prestigiosa Cranbrook Academy em Michigan, o casal de designers Charles e Ray Eames mudou-se para Los Angeles, onde começou a fazer experiências com novos materiais e processos para a fabricação de móveis. Parte dessa experiência resultou na criação do mecanismo para prensar folhas de madeira fina e dobrá-las. A cadeira LCW é o resultado desse processo, com encosto e assento moldados e que se adaptam aos contornos do corpo. Comparada com as cadeiras anteriores, a própria estrutura reduz o impacto na coluna ao sentar-se. A qualidade do design e da produção com madeira compensada resultou em um produto atraente, confortável e com preço acessível, razão que a torna popular até os dias de hoje.

3. Cadeira Zanine I | Zanine Caldas | 1948

Cadeira Zanine, de Zanine Caldas (Foto: Divulgação)

Cadeira "Zanine", de Zanine Caldas (Foto: Divulgação)

O baiano José Zanine Caldas foi arquiteto e designer autodidata. Reconhecido internacionalmente, é considerado um mestre da madeira e uma referência no mobiliário moderno brasileiro. Original de 1948, a peça traz o traço característico de Zanine e as dimensões reduzidas características da época. Foi a cadeira de maior sucesso comercial da “Móveis Artísticos Z”, fundada nos anos 1960 e uma das responsáveis pela introdução do móvel moderno nas casas brasileiras. Ao longo do tempo, o tradicional compensado aparente da estrutura foi substituído pela madeira freijó, sendo reeditada em 2009. Atemporal, ainda consegue se inserir com bastante personalidade em projetos. É possível encontrar modelos originais em galerias e antiquários, e peças recém-produzidas em lojas da área.

4. Cadeira Wishbone | Hans Wegner | 1949

Cadeira Wishbone, de Hans Wegner (Foto: Divulgação)

Cadeira "Wishbone", de Hans Wegner (Foto: Divulgação)

Também conhecida como CH24 Chair ou Y Chair, é uma cadeira projetada para a fábrica Carl Hansen & Son. Sucesso comercial, a Wishbone é a cadeira mais vendida de Wegner e está em produção contínua desde seu lançamento original. A inspiração para o projeto veio do desejo de projetar uma versão das cadeiras de madeira da Dinastia Ming. Popular e incrivelmente atual, é produzida em paralelo por diversas fábricas no mundo e encontrada a preços bastante acessíveis. A Carl Hansen & Son, quem produz o modelo original, procura de tempos em tempos lançar edições limitadas da peça. Em 2018, lançaram uma versão em carvalho escurecido, em 2019, uma versão com assento de couro e, em 2020, a versão em azul marinho.

5. Cadeira Serie 7 | Arne Jacobsen | 1955

Cadeira Serie 7, de Arne Jacobsen (Foto: Divulgação)

Cadeira "Serie 7", de Arne Jacobsen (Foto: Divulgação)

Projetada por Arne Jacobsen para Fritz Hansen em 1955, a Serie 7, também chamada de Modelo 3107, foi uma revisão da popular cadeira Ant de Jacobsen. Com assento e encosto feitos de uma única peça de madeira compensada, Jacobsen usou uma nova técnica de madeira laminada e se inspirou no casal de designers Charles e Ray Eames.

Aqueles que não conhecem a cadeira pelo nome, certamente já a viram várias vezes. As cadeiras da Série 7 estão em quase todos os lugares. Não é à toa, já que mais de cinco milhões de cadeiras foram vendidas desde 1955. Parte deste sucesso deve-se às infinitas edições com cores e construções diferentes. Lendária, diferentes museus do mundo já expuseram a cadeira da Série 7 – muitos deles permanentemente, como o museu do design da Dinamarca em Copenhague e o Museu de Arte Moderna de Nova York.

6. Office Chair | Pierre Jeanneret | 1950

Office Chair, de Pierre Jeanneret (Foto: Divulgação)

"Office Chair", de Pierre Jeanneret (Foto: Divulgação)

Uma das cadeiras mais cultuadas atualmente, as originais chegam a atingir altas cifras em leilões. Diferente do cenário atual, a razão que motivou o arquiteto suíço Pierre Jeanneret a projetar uma cadeira de teca e cana na década de 1950 foi bastante simples: as pessoas precisavam de assentos. Este modelo foi apenas um dentre outros que seriam produzidos aos milhares para Chandigarh, na Índia, a cidade utópica criada por seu primo Le Corbusier. Projetadas inicialmente para um conjunto de prédios administrativos, hoje, essas cadeiras habitam salas como esculturas e são algumas das mais procuradas por colecionadores. Chamadas também de cadeiras Jeanneret, foram produzidas em massa na década de 1950 e no final do século 20, vendidas por quase nada na Índia.

7. Cadeira Bertoia | Harry Bertoia | 1952

Cadeira Bertoia, de Harry Bertoia (Foto: Pixabay / Creative Commons)

Cadeira "Bertoia", de Harry Bertoia (Foto: Divulgação)

Pode até ser que não a conheça pelo nome, mas basta dar uma circulada por grandes lojas de móveis para que você se depare com alguma. Harry, um italiano que já trabalhava com metais desenhando joias, quis experimentar o material no desenho de mobiliário ao ser convidado por Hans e Florence Knoll, fundadores da fábrica americana Knoll. A ideia da cadeira surgiu a partir de uma malha ou tela metálica e transformou-se em um ícone do design moderno de meados do século 20. A partir de um material industrial, Bertoria criou um design marcante e atemporal, que continua conferindo ares de modernidade aos espaços até hoje.

8. Cadeira Tulipa | Eero Saarinen | 1955/1956

Cadeira Tulipa, de Eero Saarinen (Foto: Divulgação)

Cadeira "Tulipa", de Eero Saarinen (Foto: Divulgação)

Criada com exclusividade para a fábrica americana Knoll, fundada pelos seus então amigos Florence e seu marido Hans Knoll, a cadeira Tulipa é ainda produzida pela mesma fábrica desde 1957. Com as linhas suaves do modernismo, a cadeira é quase que “espacial” devido às curvas e materiais futuristas. A princípio pensada para ser inteira de fibra de vidro, os protótipos eram frágeis e não suportavam a base. Sendo assim, a concha superior se manteve nesse material e a base foi feita de alumínio fundido com um acabamento similar dando um aspecto único a peça. Após ser usada na série científica Jornada nas Estrelas (1966-1969), tornou-se conhecida no mundo inteiro.

9. Cadeira Paulistano | Paulo Mendes da Rocha | 1957

Cadeira Paulistano, de Paulo Mendes da Rocha (Foto: Divulgação)

Cadeira "Paulistano", de Paulo Mendes da Rocha (Foto: Divulgação)

Projetada em 1957 pelo conceituado arquiteto Paulo Mendes da Rocha, a cadeira Paulistano foi inicialmente elaborada para fazer parte do mobiliário do Ginásio do Clube Atlético Paulistano, obra também assinada pelo arquiteto. Um marco na história do design contemporâneo brasileiro e premiada com o primeiro lugar na edição de estreia do Prêmio do Museu da Casa Brasileira, ela ainda impressiona pelo seu conceito e extremo conforto. Elegante, simples e leve, continua extremamente atual, o que a torna desejável não só aqui, mas também em outros países onde também é comercializada. Desde 2009, integra a coleção permanente de design do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque.

10. Cadeira Panton | Verner Panton | 1967

Cadeira Panton, de Verner Panton (Foto: Divulgação)

Cadeira "Panton", de Verner Panton (Foto: Divulgação)

Nos anos 6190, o designer Verner Panton começou seus experimentos com um material bastante inovador: o plástico. Motivado pela sua flexibilidade, o designer dinamarquês pensou em uma cadeira que fosse muito mais uma escultura que uma peça de mobiliário, ainda que ela fosse bastante confortável. A cadeira em balanço Panton, em forma de “S”, foi a primeira cadeira de plástico inteiramente moldada em uma única peça, lançada pela Vitra em 1967. Em cores marcantes, Verner Panton se tornou um expert em criar ao longo da vida peças alegres com cores vibrantes e formas originais.