• Texto Cíntia Bertolino | Fotos Elisa Correa | Realização Cláudia Pixu
Atualizado em
Beleza interior (Foto: Elisa Correa/Editora Globo)

Originário da Ásia, o inhame já era cultivado na Índia 5 mil anos antes de Cristo (Foto Elisa Correa / Editora Globo)

Ele não tem cores vibrantes ou formas esculturais. Não chama a atenção, como o vermelho vibrante dos tomates maduros, o amarelo-ouro do pimentão. Pode ser pequeno e parrudo, ou mais robusto, quase do tamanho de uma batata-doce. Sua pele marrom é coberta de fiapos, que lembram uma cabeleira rala e desgrenhada. Mas o que lhe falta em beleza sobra em versatilidade, sabor, textura e vitaminas.

Originário da Ásia, o inhame já era cultivado na Índia 5 mil anos antes de Cristo. De lá foi levado ao Egito, de onde viajou para a Grécia e a Roma antigas, até se espalhar pela Europa. Chegou ao Brasil com os portugueses, no início do século 16, que já o plantavam nas ilhas africanas de Cabo Verde e São Tomé. Por aqui, junto com o cultivo, começou também a confusão linguística: no Norte e Nordeste brasileiros, cará é conhecido como inhame. Até tentaram mudar seu nome para taro – denominação inglesa utilizada em várias partes do mundo –, mas a mudança não vingou.

Seguimos meio confusos, mas cará e inhame são vegetais bem diferentes. O inhame (Colocasia esculenta) pertence à família das aráceas; já o cará (Dioscorea alata) é da família das dioscoreáceas. Além disso, o inhame é um rizoma, um caule subterrâneo. Apesar da confusão de identidade, não é difícil distinguir no mercado uma coisa da outra: inhame tende a ser menor e tem casca mais peluda.

Quando fresco, o inhame possui uma seiva composta por oxalato de cálcio, que pode pinicar ou incomodar a pele ao ser descascado. Para evitar o desconforto, basta descascá-lo debaixo d’água. O cozimento a elimina.

Segundo Gil Felippe, autor de Gaia – O Lado Oculto das Plantas (Ed. Tapioca), o inhame é rico em vitaminas do complexo B e em cálcio, ferro e fósforo. Na cozinha é bastante versátil: pode ser cozido em água, no vapor, assado, ralado, frito, virar purê, bolinho e até doce. As folhas também podem ser cozidas ou refogadas. A chef Andréa Finocchiaro, do restaurante vegetariano Goshala, em São Paulo, usa o inhame em uma série de preparações. São famosos o curry do Cerrado, temperado com mais de 30 tipos de especiarias, e o gnocchi de inhame com cúrcuma (em torno de R$ 36). “Algumas pessoas se incomodam com a textura, mas também acontece de a pessoa comer, gostar e perguntar o que é”, conta. “O inhame, além de ser prático e versátil, é um alimento completo.”

Confira abaixo algumas receitas com o ingrediente:

1. Purê de inhame

Purê de inhame (Foto: Lufe Gomes/ Editora Globo)

Purê de inhame (Foto: Lufe Gomes / Editora Globo)

2. Moqueca de legumes à minha moda

Moqueca de legumes à minha moda (Foto: Casa e Comida)

Moqueca de legumes à minha moda (Foto: Casa e Comida)

3. Surubim ao creme de champanhe e caviar

Surubim ao creme de champanhe e caviar (Foto: Rogério Voltan/Editora Globo)

Surubim ao creme de champanhe e caviar (Foto: Rogério Voltan / Editora Globo)

4. Canapés de acarajé

Canapés de acarajé (Foto: Ricardo Corrêa/Editora Globo)

Canapés de acarajé (Foto: Ricardo Corrêa / Editora Globo)

5. Atum ao molho de dijon e wasabi

Atum ao molho de mostarda dijon e wasabi (Foto: Ricardo Corrêa / Editora Globo)

Atum ao molho de mostarda dijon e wasabi (Foto: Ricardo Corrêa / Editora Globo)

6. Bolinhos assados de lentilha com coco

Bolinhos assados de lentilha com coco, ervas e curry (Foto: Cacá Bratke/ Editora Globo)

Bolinhos assados de lentilha com coco, ervas e curry (Foto: Cacá Bratke / Editora Globo)